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Aumento dos juros
é inevitável, avalia equipe da Fazenda
Para ministério, elevação pode ocorrer só no final de 2010, mas BC sinaliza aumentar Selic antes
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das críticas indiretas
ao Banco Central, a equipe do
Ministério da Fazenda considera praticamente inevitável
uma alta na taxa básica de juros
da economia. A divergência está no tom do discurso do BC para justificar a medida e sobre
quando ela ocorrerá.
Na avaliação de assessores do
ministro Guido Mantega (Fazenda), os juros podem subir
apenas no segundo semestre de
2010, mesma previsão do mercado. O Banco Central, porém,
tem sinalizado que a alta na Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, pode ocorrer
antes. Há quem aposte que ela
ocorra no final deste ano.
Nos últimos dias, Fazenda e
BC reviveram a velha disputa
em torno da taxa de juros, depois que o banco divulgou que a
política fiscal poderia levá-lo a
apertar a política monetária
-ou seja, subir os juros, hoje
em 8,75% ao ano.
Depois do tiroteio, contudo,
as duas equipes receberam
orientação do presidente Lula
para baixar o tom das críticas e
trabalharem em conjunto para
evitar tanto uma freada no
crescimento da economia como a volta da inflação.
Na avaliação da equipe de
Mantega, o BC não deveria ter
dito que os juros podem subir
por conta do aumento dos gastos públicos, dando força ao
discurso dos que condenam a
atual política fiscal.
O governo reconhece que a
situação fiscal está mais difícil
do que o previsto inicialmente
e que ela vai demorar mais tempo para se recuperar. Não enxerga, contudo, razões para que
ela coloque em risco a estabilidade econômica. Um assessor
da Fazenda lembra ainda que
foi essa política fiscal que contribuiu para o Brasil sair mais
cedo da crise e foi adotada por
orientação do presidente Lula.
O Ministério da Fazenda trabalha com um aumento da
pressão pela alta dos juros nas
próximas semanas, principalmente depois que for divulgada
a taxa de crescimento do terceiro trimestre. A expectativa é
que ela fique acima de 2% em
relação ao período anterior, indicando um superaquecimento
da economia.
Essa leitura, porém, pode ser
precipitada, segundo assessores de Mantega. A avaliação é
que o ritmo no terceiro trimestre acelerou por conta de antecipação na produção e nas vendas de automóveis e produtos
da linha branca visando aproveitar os últimos meses de redução no IPI.
A equipe econômica espera
uma acomodação no ritmo de
crescimento no quarto trimestre de 2009 e no primeiro do
próximo ano, o que não justificaria, por enquanto, uma alta
nas taxas juros para inibir o
consumo interno. Além disso, o
real vai se manter valorizado,
barateando ainda mais as importações e ajudando a evitar
uma subida nos preços.
Ao longo de 2010, contudo, a
equipe de Mantega avalia que o
cenário pode realmente levar a
uma alta dos juros no segundo
semestre. A economia brasileira entrará definitivamente
num ritmo mais forte por conta
da recuperação da economia
mundial, num momento em
que os países desenvolvidos
também devem começar a subir suas taxas de juros.
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