São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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Aumento dos juros é inevitável, avalia equipe da Fazenda

Para ministério, elevação pode ocorrer só no final de 2010, mas BC sinaliza aumentar Selic antes

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das críticas indiretas ao Banco Central, a equipe do Ministério da Fazenda considera praticamente inevitável uma alta na taxa básica de juros da economia. A divergência está no tom do discurso do BC para justificar a medida e sobre quando ela ocorrerá.
Na avaliação de assessores do ministro Guido Mantega (Fazenda), os juros podem subir apenas no segundo semestre de 2010, mesma previsão do mercado. O Banco Central, porém, tem sinalizado que a alta na Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, pode ocorrer antes. Há quem aposte que ela ocorra no final deste ano.
Nos últimos dias, Fazenda e BC reviveram a velha disputa em torno da taxa de juros, depois que o banco divulgou que a política fiscal poderia levá-lo a apertar a política monetária -ou seja, subir os juros, hoje em 8,75% ao ano.
Depois do tiroteio, contudo, as duas equipes receberam orientação do presidente Lula para baixar o tom das críticas e trabalharem em conjunto para evitar tanto uma freada no crescimento da economia como a volta da inflação.
Na avaliação da equipe de Mantega, o BC não deveria ter dito que os juros podem subir por conta do aumento dos gastos públicos, dando força ao discurso dos que condenam a atual política fiscal.
O governo reconhece que a situação fiscal está mais difícil do que o previsto inicialmente e que ela vai demorar mais tempo para se recuperar. Não enxerga, contudo, razões para que ela coloque em risco a estabilidade econômica. Um assessor da Fazenda lembra ainda que foi essa política fiscal que contribuiu para o Brasil sair mais cedo da crise e foi adotada por orientação do presidente Lula.
O Ministério da Fazenda trabalha com um aumento da pressão pela alta dos juros nas próximas semanas, principalmente depois que for divulgada a taxa de crescimento do terceiro trimestre. A expectativa é que ela fique acima de 2% em relação ao período anterior, indicando um superaquecimento da economia.
Essa leitura, porém, pode ser precipitada, segundo assessores de Mantega. A avaliação é que o ritmo no terceiro trimestre acelerou por conta de antecipação na produção e nas vendas de automóveis e produtos da linha branca visando aproveitar os últimos meses de redução no IPI.
A equipe econômica espera uma acomodação no ritmo de crescimento no quarto trimestre de 2009 e no primeiro do próximo ano, o que não justificaria, por enquanto, uma alta nas taxas juros para inibir o consumo interno. Além disso, o real vai se manter valorizado, barateando ainda mais as importações e ajudando a evitar uma subida nos preços.
Ao longo de 2010, contudo, a equipe de Mantega avalia que o cenário pode realmente levar a uma alta dos juros no segundo semestre. A economia brasileira entrará definitivamente num ritmo mais forte por conta da recuperação da economia mundial, num momento em que os países desenvolvidos também devem começar a subir suas taxas de juros.


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