São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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Miolo compra Almadén da Pernod Ricard

Com aquisição, vinícola gaúcha se torna maior produtora de vinhos finos do Brasil, com cerca de 12 milhões de litros

Para analista, negócio segue tendência global de formação de grandes grupos e deve trazer mais investimentos à empresa


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A concentração de empresas chega com mais força ao mercado de vinhos brasileiros. A vinícola gaúcha Miolo anunciou ontem a compra da Almadén, pertencente ao gigante de bebidas francês Pernod Ricard.
Essa aquisição faz do grupo Miolo Wine Group o líder de mercado na produção nacional de vinhos finos, ao somar 12 milhões de litros e faturamento anual de R$ 100 milhões. Antes da aquisição, o grupo produzia cerca de 7,5 milhões de litros por ano.
Há dois anos, o mercado de vinhos nacionais já havia assistido à incorporação de outro projeto estrangeiro, o japonês Santa Colina, pela Cooperativa Vinícola Aliança, também gaúcha.
Novos negócios devem ocorrer na região com a fusão de várias cooperativas que estão em busca de redução de custos e ganho de musculatura.
José Fernando Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, afirma que a Miolo já vem há algum tempo se estruturando para crescer. Além do crescimento interno, a empresa já tem parcerias de produção na Argentina e no Chile, os dois grandes produtores sul-americanos.
"O mundo todo está partindo para a formação de grandes oligopólios", diz ele. Na avaliação de Protas, há uma clara bipolarização no mercado. Algumas empresas ganham corpo para serem competitivas, terem poder de compra de insumos e peso na hora de negociar. Outras buscam nichos específicos, procurando colocar um produto com maior valor agregado. "As que ficam no meio têm grandes chances de serem incorporadas porque não há mais espaços para amadorismo. A depuração vai continuar", afirma.

Investimentos
A compra da Miolo inclui a unidade fabril e os vinhedos, ambos localizados em Santana do Livramento (RS). A unidade fabril tem capacidade de armazenagem de 8 milhões de litros em tanques de inox e de 63 mil em barris de carvalho.
Descoberta há 30 anos pelos produtores de uva, a chamada Metade Sul, que compreende os municípios do sul do Estado, onde está a Almadén, deve receber um volume maior de investimentos.
Essa nova área se destaca pelo menor valor das terras e relevo plano, que permite a mecanização e a produção em escala com baixos custos. Solo profundo e bem drenado, além de elevadas temperaturas durante o dia, que vão a 32C, com recuo para 14C à noite, são outros pontos de atração.
A Miolo, que passa a ter 1.150 hectares de uva, quer dobrar a participação da Almadén no mercado em dez anos. A empresa não informou o valor da transação, mas promete investir R$ 12 milhões em vinhedos, mecanização e tecnologia. O grupo Miolo quer ainda desenvolver o enoturismo, a exemplo do que ocorre no Vale dos Vinhedos.
Com investimentos de R$ 120 milhões nos últimos dez anos, a Miolo tradicional da região de Bento Gonçalves já colocou os pés no Chile, na Argentina e no Nordeste brasileiro, se associando a vários grupos estrangeiros.
A Miolo desenvolve, também, um projeto conjunto com o empresário Raul Anselmo Randon, do setor de transportes, na região Campos de Cima da Serra, próximo a Vacaria. Ele também participará da aquisição da Almadén.
A Almadén foi vendida à Pernod Ricard em 2002. Com a Miolo, ela será administrada como uma empresa independente, seguindo as orientações do grupo.


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