São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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Estrangeiro coloca R$ 4 bi na Bolsa de SP em setembro

Volume é o 2º maior em 16 meses; Dólar cai para R$ 1,76

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O capital externo continua em forte ritmo em direção ao mercado doméstico. Em setembro, R$ 4,04 bilhões líquidos desembarcaram na Bovespa. Foi o segundo melhor desempenho nesse quesito nos últimos 16 meses.
Ontem a Bovespa terminou as operações com ganhos de 1,96%. Segundo operadores do mercado, a presença de estrangeiros no pregão foi novamente relevante. O dólar, por sua vez, encerrou vendido a R$ 1,761, após recuar 0,96%.
Como a demanda por dólares é baixa neste momento, a contínua entrada de capital externo no mercado tem empurrado a cotação para níveis cada vez menores. O valor da moeda de ontem é o menor em 12 meses.
Para a Bolsa de Valores, o interesse dos investidores estrangeiros por ações brasileiras é fundamental porque eles representam a maior categoria do mercado -respondem por 35% do total de operações feitas na Bovespa em 2009.
O índice Ibovespa (formado pelas 63 ações mais negociadas) atingiu ontem os 62.369 pontos, seu mais elevado patamar desde julho de 2008. No ano, o Ibovespa acumula apreciação de 66,1%. Para o estrangeiro, o ganho na Bolsa é ainda mais expressivo. Isso porque, além da alta das ações, há o impacto cambial. Em dólares, a valorização do Ibovespa em 2009 supera os 115%.
"Esse movimento de vinda de capital externo para o mercado local ainda vai seguir por um bom tempo. Não podemos esquecer que os reflexos positivos da conquista do "investment grade" foram abafados pela crise internacional, havendo ainda bastante espaço para repercussão", diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos. "A percepção de que a economia brasileira está se recuperando mais rapidamente que as outras também favorece o interesse pelos ativos do país."
O que o mercado brasileiro tem vivido neste momento é uma reversão do que ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando a crise atingiu seu ápice e fez o capital externo debandar. Em 2008, o saldo das operações feitas por estrangeiros na Bolsa ficou negativo em R$ 24,6 bilhões -ou seja, mais venderam que compraram ações nesse montante.
Neste ano, o balanço dos negócios externos na Bovespa está positivo em R$ 18 bilhões -cifra nunca antes registrada.
A operação gigante de oferta de ações do banco Santander -que pode movimentar mais de R$ 15 bilhões e ter uma adesão elevada de estrangeiros- promete fortalecer a entrada de dólares na Bolsa. Além dessa, há outras ofertas menores de ações, como as da Rossi Residencial e da PDG Realty, que também devem merecer atenção do investidor externo.
A escolha, na sexta, do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016 reforçou o otimismo com a economia do país.
No pregão de ontem, ações de alguns setores que, em tese, tendem a se beneficiar mais com a realização do evento voltaram a se destacar. Os papéis PN da Gerdau, importante fornecedora de aço para o setor de construção civil, terminaram o dia com alta de 3,93%. Apenas nos últimos dois pregões, o papel saltou 7,31%.
No topo do Ibovespa ontem, ficaram papéis do setor de varejo. A ação ON da B2W teve ganhos de 7,31%; Lojas Renner PN subiu 6,67%; e Lojas Americanas PN teve alta de 4,24%.
A apresentação de dados econômicos nos EUA também ajudou o mercado. O índice Dow Jones, um dos principais de Wall Street, terminou com valorização de 1,18%. A Bolsa de Londres subiu 0,71%.


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