São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-funcionários da Telecom Italia são presos por caso BrT

Eles são suspeitos de envolvimento em espionagem

DA REDAÇÃO

Três ex-funcionários da Telecom Italia foram presos ontem em Milão, resultado de investigação sobre suposta rede de espionagem eletrônica e escutas ilegais que teria sido usada para investigar dirigentes da Brasil Telecom (BrT), segundo o juiz Giuseppe Gennari.
Entre os detidos está Angelo Iannone, ex-chefe de segurança da operadora italiana na América Latina. Iannone teria ordenado a espionagem de banqueiros, jornalistas, funcionários públicos e concorrentes da Telecom Italia no Brasil, segundo disse à Folha, no final de 2006, o ex-detetive Mario Bernardini, ex-colaborador da Telecom Italia e uma das principais testemunhas do caso
Ainda segundo Bernardini, Iannone comandou uma rede de pagamentos a consultores que repassariam esse dinheiro a políticos e policiais brasileiros. Iannone nega as acusações.
Além de Iannone, foram presos ontem o técnico em informática Alfredo Melloni e Roberto Rangoni Preatoni, filho do empresário Ernesto Preatoni. Os três são acusados de vários delitos, como associação para o crime, violação de sistemas de informática e interceptação ilegal de dados. Segundo os investigadores, eles espionaram dirigentes da Brasil Telecom, entre 2003 e 2005, durante a disputa entre acionistas pelo controle da empresa.
De acordo com procuradores italianos, eles espionaram a ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cico e outros dirigentes da companhia. Ainda segundo eles, também foram investigados membros da empresa de gerenciamento de riscos Kroll, do escritório de advocacia Giorgianni, que cuidava dos interesses da Brasil Telecom, e jornalistas italianos.
A investigação seria uma resposta à rede de espionagem que a Kroll montou, a pedido da Brasil Telecom -então comandada pelo banqueiro Daniel Dantas-, para monitorar petistas que viriam a ocupar cargos no governo Lula, como revelou a Folha em 2004.
Em meados de 2004, Iannone veio ao Brasil entregar à Polícia Federal um CD com investigações sobre a Telecom Italia feitas pela Kroll a mando de Cico, então presidente da BrT.
O controle da BrT era dividido entre fundos de pensão (maiores investidores nacionais), Citigroup (banco americano), Opportunity (de Dantas) e a própria Telecom Italia. Os quatro sócios lutavam, desde 2001, pelo direito de administrar a Brasil Telecom. A empresa italiana vendeu em julho aos fundos de pensão suas ações na BrT por US$ 515 milhões. O negócio ainda precisa ser aprovado pela Anatel.


Com agências internacionais LEIA MAIS B10


Texto Anterior: "Acusação será desmontada", diz advogado
Próximo Texto: Telefonia: Vivo sai do prejuízo e lucra R$ 197 mi no 3º trimestre
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.