São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Mantega e Serra acertam R$ 6,4 bi por Nossa Caixa

Compra da instituição pelo BB só depende de aval de Lula

Sergio Lima/Folha Imagem
José Serra chega a ministério para reunião com Mantega

DO COLUNISTA DA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem em Brasília, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fecharam o preço básico da venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil: cerca de R$ 6,4 bilhões, apurou a Folha. Esse valor ainda deverá sofrer um pequeno ajuste antes de a operação de venda -cujas negociações começaram em abril- ser concluída. Falta, agora, somente o aval do presidente Lula.
O preço de venda do banco paulista, que foi avaliado por seis consultorias independentes, foi o principal impasse nas negociações. Após a reunião, Serra afirmou que o valor da Nossa Caixa ainda não foi definido e que a fusão entre o Itaú e o Unibanco não deverá afetar o preço da instituição. "Não acredito numa interferência direta [da fusão] porque foram contratadas consultorias dos dois lados, e elas trabalharam."
Serra afirmou que a MP 443, editada pelo governo para permitir que bancos estatais comprem instituições financeiras, pode apressar a venda da Nossa Caixa. Segundo ele, a operação já poderia ser feita por meio de troca de ações, mas agora a venda direta é permitida.
Com os governos federal e estadual convergindo para um preço, as negociações avançaram bastante nas últimas semanas e é possível que o negócio seja concluído nos próximos dias.
Na avaliação do mercado, a Nossa Caixa ficou mais cara após a fusão entre Itaú e Unibanco. A expectativa é que a Nossa Caixa seja avaliada em cerca de duas vezes o valor de seu patrimônio líquido, que era de R$ 3,198 bilhões em junho, valor próximo do fechado ontem entre Serra e Mantega
No governo de São Paulo, uma avaliação abaixo desse múltiplo seria incompatível com os últimos negócios bancários realizados no país. Foi também esse o múltiplo pelo qual o Unibanco foi avaliado no processo de integração com o Itaú. Só perderia para o do Banco Real, vendido no ano passado por quase três vezes o seu valor patrimonial, mas o cenário ainda era de alta liquidez internacional.
Se o BB surgisse com uma oferta incompatível, poderia, em tese, despertar críticas de outros bancos, como o Bradesco, que teria voltado a pressionar o governo para a realização de um leilão de privatização. O Bradesco afirmou que não comenta rumores de mercado.
Ontem, antes do encontro com Serra, Guido Mantega teve uma reunião com o presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto.

Situação no ranking
Com a Nossa Caixa, o Banco do Brasil assumiria mais R$ 54 bilhões em ativos (dados de junho) e atingiria um porte de R$ 470 bilhões -ainda R$ 105 bilhões menor do que o novo banco formado por Itaú e Unibanco. Projeções indicam que a posição de ativos do BB e da Nossa Caixa chegaria, em setembro, a até R$ 500 bilhões.
Para recuperar a liderança, o Banco do Brasil precisaria somar um banco de pelo menos R$ 75 bilhões em ativos. Além da anunciada incorporação do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) e da compra da Nossa Caixa, o BB negocia ainda aquisição do BRB, instituição pública do Distrito Federal.
Ontem, dia em que a Bolsa de São Paulo desabou 6,13%, as ações do BB tiveram baixa de 3,08%, enquanto as da Nossa Caixa subiram 0,5%. Em sete dias, os papéis do banco paulista se valorizaram em 17,79%.
(GUILHERME BARROS, TONI SCIARRETTA e LEANDRA PERES)


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