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Mantega e Serra acertam R$ 6,4 bi por Nossa Caixa
Compra da instituição pelo BB só depende de aval de Lula
Sergio Lima/Folha Imagem
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José Serra chega a ministério para reunião com Mantega
DO COLUNISTA DA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem em Brasília, o governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), e o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
fecharam o preço básico da
venda da Nossa Caixa para o
Banco do Brasil: cerca de R$ 6,4
bilhões, apurou a Folha. Esse
valor ainda deverá sofrer um
pequeno ajuste antes de a operação de venda -cujas negociações começaram em abril- ser
concluída. Falta, agora, somente o aval do presidente Lula.
O preço de venda do banco
paulista, que foi avaliado por
seis consultorias independentes, foi o principal impasse nas
negociações. Após a reunião,
Serra afirmou que o valor da
Nossa Caixa ainda não foi definido e que a fusão entre o Itaú e
o Unibanco não deverá afetar o
preço da instituição. "Não acredito numa interferência direta
[da fusão] porque foram contratadas consultorias dos dois
lados, e elas trabalharam."
Serra afirmou que a MP 443,
editada pelo governo para permitir que bancos estatais comprem instituições financeiras,
pode apressar a venda da Nossa
Caixa. Segundo ele, a operação
já poderia ser feita por meio de
troca de ações, mas agora a
venda direta é permitida.
Com os governos federal e
estadual convergindo para um
preço, as negociações avançaram bastante nas últimas semanas e é possível que o negócio seja concluído nos próximos dias.
Na avaliação do mercado, a
Nossa Caixa ficou mais cara
após a fusão entre Itaú e Unibanco. A expectativa é que a
Nossa Caixa seja avaliada em
cerca de duas vezes o valor de
seu patrimônio líquido, que era
de R$ 3,198 bilhões em junho,
valor próximo do fechado ontem entre Serra e Mantega
No governo de São Paulo,
uma avaliação abaixo desse
múltiplo seria incompatível
com os últimos negócios bancários realizados no país. Foi
também esse o múltiplo pelo
qual o Unibanco foi avaliado no
processo de integração com o
Itaú. Só perderia para o do
Banco Real, vendido no ano
passado por quase três vezes o
seu valor patrimonial, mas o
cenário ainda era de alta liquidez internacional.
Se o BB surgisse com uma
oferta incompatível, poderia,
em tese, despertar críticas de
outros bancos, como o Bradesco, que teria voltado a pressionar o governo para a realização
de um leilão de privatização. O
Bradesco afirmou que não comenta rumores de mercado.
Ontem, antes do encontro
com Serra, Guido Mantega teve
uma reunião com o presidente
do Banco do Brasil, Antonio
Francisco de Lima Neto.
Situação no ranking
Com a Nossa Caixa, o Banco
do Brasil assumiria mais R$ 54
bilhões em ativos (dados de junho) e atingiria um porte de R$
470 bilhões -ainda R$ 105 bilhões menor do que o novo
banco formado por Itaú e Unibanco. Projeções indicam que a
posição de ativos do BB e da
Nossa Caixa chegaria, em setembro, a até R$ 500 bilhões.
Para recuperar a liderança, o
Banco do Brasil precisaria somar um banco de pelo menos
R$ 75 bilhões em ativos. Além
da anunciada incorporação do
Besc (Banco do Estado de Santa
Catarina) e da compra da Nossa
Caixa, o BB negocia ainda aquisição do BRB, instituição pública do Distrito Federal.
Ontem, dia em que a Bolsa de
São Paulo desabou 6,13%, as
ações do BB tiveram baixa de
3,08%, enquanto as da Nossa
Caixa subiram 0,5%. Em sete
dias, os papéis do banco paulista se valorizaram em 17,79%.
(GUILHERME BARROS, TONI SCIARRETTA e LEANDRA PERES)
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