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Lula tenta novo acordo para aposentados
Governo deve reapresentar proposta que dá reajuste acima da inflação, mas menor do que previsto em projeto no Congresso
Segundo auxiliar de Lula, ideal seria não votar nunca o projeto, mas apoio do PSDB à proposta de Paulo Paim (PT-RS) assusta governo
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De volta de Londres, o presidente Lula reúne hoje sua equipe para buscar um acordo sobre o reajuste das aposentadorias acima do salário mínimo.
Ele deseja ressuscitar a ideia de
dar aumento real a esses benefícios de metade da variação do
PIB (Produto Interno Bruto)
de dois anos antes.
Segundo a Folha apurou, Lula quer condicionar essa negociação, porém, à aprovação de
todas as centrais sindicais e entidades ligadas aos aposentados. O acordo anterior não
prosperou porque nem todas
as centrais aceitaram a proposta elaborada pelo governo.
Segundo um auxiliar de Lula,
o "ideal seria não votar nunca"
o projeto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). O
presidente, contudo, deseja
tentar um acordo com os aposentados para evitar desgaste
político na véspera da eleição
presidencial.
Caso isso não seja possível, a
decisão do governo será mesmo trabalhar para impedir a
votação do projeto em tramitação na Câmara, que concede às
aposentadorias acima do mínimo o mesmo reajuste do piso
salarial da Previdência.
O pior cenário, na avaliação
governista, é que as pressões
dos aposentados levem a Câmara a aprovar o projeto sem
alterações. Nesse caso, Lula irá
vetá-lo por conta do seu impacto negativo nas contas públicas. Pelos cálculos do governo,
ele representaria um gasto extra aos cofres públicos em 2010
acima de R$ 6 bilhões.
Anteontem, o presidente da
Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), chegou a colocar o
projeto na pauta de votação.
Acabou retirando depois de
uma operação comandada pelos líderes governistas.
Temer decidiu votar o projeto depois de pressão dos aposentados, que ameaçavam
acampar nos salões da Câmara.
Há três meses, eles já haviam
feito o mesmo. Recuaram depois de ouvir a promessa do governo de que seria fechado
acordo com todas as centrais.
Antes de incluir o projeto na
pauta de votação desta semana,
o presidente da Câmara avisou
o governo de sua decisão diante
do fracasso em estabelecer um
acordo com os aposentados.
6% em 2010
Em agosto, o governo havia
feito a proposta de dar às aposentadorias acima do mínimo
um reajuste próximo de 6% em
2010 -2,55% referentes à metade da variação do PIB de dois
anos antes mais a inflação. Isso
levaria a aumento de despesas
da Previdência de cerca de R$ 3
bilhões.
A regra é similar à já aplicada
ao salário mínimo. A diferença
é que, no caso do piso salarial, a
variação do PIB de dois anos
antes é aplicada integralmente.
Ou seja, além da inflação, o salário mínimo, inclusive o pago
pela Previdência, tem aumento
de 100% do PIB.
O acerto feito anteriormente
havia obtido o apoio da CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical, mas
não foi aceito pela Nova Central Sindical, pela CTB (Central
de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e pela Cobap
(Confederação Brasileira de
Aposentados e Pensionistas).
O governo contava com o
apoio do PSDB para barrar o
projeto elaborado pelo petista
Paulo Paim, já aprovado no Senado. Os tucanos chegaram a
dizer que ficariam do lado do
governo, mas depois recuaram
e ameaçaram votar, juntamente com os democratas, a favor
da proposta.
Na avaliação de auxiliares do
presidente, sem um acordo
com os aposentados, até os deputados da base aliada votarão
a favor do projeto diante do receio do prejuízo eleitoral.
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