São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CENÁRIO
Pesquisa da Anefac com 346 companhias indica queda de R$ 4,57 bilhões em 98 para R$ 3,52 bilhões em 99
Empresas devem investir 23% menos em 99

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Grande parte das empresas está reduzindo seu programa de investimentos para 99 em relação ao que foi investido neste ano.
Uma pesquisa realizada após a divulgação do programa de ajuste fiscal pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade) com 346 empresas indica que os investimentos previstos em seus orçamentos são 23% menores do que em 98.
As companhias pesquisadas pretendem investir R$ 3,52 bilhões em 99. A programação de investimentos para 98 era de R$ 4,57 bilhões.
O universo pesquisado inclui empresas de todos os portes, inclusive grandes corporações, como Mutibrás, Globo, Pirelli, Carrefour, NEC, Camargo Corrêa, Marcopolo, Gradiente e Votorantim.
A redução dos investimentos, segundo a Anefac, deve-se às incertezas externas e a uma demanda menor nos mercados interno e externo. Mas o fator limitante principal seria a dificuldade de financiamento dos projetos por causa da restrição do crédito e da queda dos lucros em 98 (menor capacidade de reinvestimento dos lucros).
"Ainda assim, pode-se dizer que as empresas estão programando investimentos maciços. A cifra é grande", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Para ele, a manutenção de uma boa fatia de investimentos indica que as empresas estão olhando "mais à frente".
"A maior parte dos recursos irá para melhoria de processos, com corte de custos e ampliação da qualidade dos produtos. Isso indica que, apesar da previsão de vendas fracas no primeiro semestre por conta do ajuste, as empresas querem garantir sua participação no mercado em um prazo mais longo", diz Oliveira.
De acordo com ele, desde 91, após a recessão provocada pelo Plano Collor, as programações de investimentos têm sido cumpridas pelas empresas da pesquisa.
Embora atinja a maior parte das empresas pesquisadas, a redução de investimentos não é generalizada. Quatro dos 14 setores da amostra estão aumentando investimentos.
O setor de telecomunicações terá o maior crescimento, 111%. Sairá de R$ 185 milhões para R$ 391 milhões. O segundo maior crescimento está na construção civil, que aplicará R$ 390 milhões, com aumento de 86%.
"Esses dois setores estão ligados a privatizações recentes, que demandam investimentos em modernização. O primeiro está ligado à própria telefonia e o segundo, às rodovias", diz Oliveira.
Também terão expansão de investimentos os setores químico e petroquímico, 57%, e farmacêutico, 18%.
As maiores quedas entre os outros dez segmentos ficarão por conta de informática, 66%, comércio, 60% e autopeças, 54%.
²
Financiamento Apontada como a principal causa da redução dos investimentos, o financiamento deverá mudar de perfil em 99, segundo a pesquisa.
Por causa da prevista redução de lucros em 98, os investimentos com recursos próprios -caixa ou reinvestimento de lucros- devem cair mais de 40%, de R$ 2,4 bilhões para R$ 1,4 bilhão.
O maior crescimento deverá se dar no aporte de capital de acionistas internos. Ou seja, os sócios deverão injetar dinheiro nas empresas "para evitar o financiamento bancário", segundo Oliveira. O crescimento dessa modalidade deverá ser de 557%, para R$ 598 milhões.
O aporte de recursos de acionistas estrangeiros, no entanto, está previsto para cair 55%, para R$ 387 milhões.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.