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CENÁRIO
Pesquisa da Anefac com 346 companhias indica queda de R$ 4,57 bilhões em 98 para R$ 3,52 bilhões em 99
Empresas devem investir 23% menos em 99
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
Grande parte das empresas está
reduzindo seu programa de investimentos para 99 em relação ao
que foi investido neste ano.
Uma pesquisa realizada após a
divulgação do programa de ajuste
fiscal pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade) com 346 empresas indica que
os investimentos previstos em seus
orçamentos são 23% menores do
que em 98.
As companhias pesquisadas pretendem investir R$ 3,52 bilhões em
99. A programação de investimentos para 98 era de R$ 4,57 bilhões.
O universo pesquisado inclui
empresas de todos os portes, inclusive grandes corporações, como
Mutibrás, Globo, Pirelli, Carrefour, NEC, Camargo Corrêa, Marcopolo, Gradiente e Votorantim.
A redução dos investimentos, segundo a Anefac, deve-se às incertezas externas e a uma demanda
menor nos mercados interno e externo. Mas o fator limitante principal seria a dificuldade de financiamento dos projetos por causa da
restrição do crédito e da queda dos
lucros em 98 (menor capacidade
de reinvestimento dos lucros).
"Ainda assim, pode-se dizer que
as empresas estão programando
investimentos maciços. A cifra é
grande", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac.
Para ele, a manutenção de uma
boa fatia de investimentos indica
que as empresas estão olhando
"mais à frente".
"A maior parte dos recursos irá
para melhoria de processos, com
corte de custos e ampliação da
qualidade dos produtos. Isso indica que, apesar da previsão de vendas fracas no primeiro semestre
por conta do ajuste, as empresas
querem garantir sua participação
no mercado em um prazo mais
longo", diz Oliveira.
De acordo com ele, desde 91,
após a recessão provocada pelo
Plano Collor, as programações de
investimentos têm sido cumpridas pelas empresas da pesquisa.
Embora atinja a maior parte das
empresas pesquisadas, a redução
de investimentos não é generalizada. Quatro dos 14 setores da
amostra estão aumentando investimentos.
O setor de telecomunicações terá o maior crescimento, 111%. Sairá de R$ 185 milhões para R$ 391
milhões. O segundo maior crescimento está na construção civil,
que aplicará R$ 390 milhões, com
aumento de 86%.
"Esses dois setores estão ligados
a privatizações recentes, que demandam investimentos em modernização. O primeiro está ligado à própria telefonia e o segundo, às rodovias", diz Oliveira.
Também terão expansão de investimentos os setores químico e
petroquímico, 57%, e farmacêutico, 18%.
As maiores quedas entre os outros dez segmentos ficarão por
conta de informática, 66%, comércio, 60% e autopeças, 54%.
²
Financiamento
Apontada como a principal causa da redução dos investimentos,
o financiamento deverá mudar de
perfil em 99, segundo a pesquisa.
Por causa da prevista redução
de lucros em 98, os investimentos
com recursos próprios -caixa ou
reinvestimento de lucros- devem cair mais de 40%, de R$ 2,4
bilhões para R$ 1,4 bilhão.
O maior crescimento deverá se
dar no aporte de capital de acionistas internos. Ou seja, os sócios
deverão injetar dinheiro nas empresas "para evitar o financiamento bancário", segundo Oliveira. O crescimento dessa modalidade deverá ser de 557%, para R$
598 milhões.
O aporte de recursos de acionistas estrangeiros, no entanto, está
previsto para cair 55%, para R$
387 milhões.
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