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Aumenta consumo de produtos piratas
Pesquisa do Ibope em 3 capitais mostra que consumidor comprou mais tênis, roupas e brinquedos falsificados neste ano
Estimativa é a de que comércio ilegal nesses setores represente perda
de R$ 18,6 bi por ano em arrecadação de tributos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumo de roupas, calçados e brinquedos pirateados
aumentou 45% neste ano em
relação ao ano passado, segundo pesquisa do Ibope realizada
em três capitais: São Paulo, Rio
de Janeiro e Belo Horizonte.
Com o crescimento do comércio ilegal, o Brasil deixa de
arrecadar R$ 18,6 bilhões em
impostos por ano -valor suficiente para cobrir 45% do déficit da Previdência Social.
A conclusão faz parte de estudo encomendado ao instituto
de pesquisas pela Câmara de
Comércio dos Estados Unidos,
pelo Conselho Empresarial
Brasil-EUA e pela Angardi (Associação Nacional para Garantia dos Direitos Intelectuais),
entidade formada por um grupo de empresas para reprimir o
comércio irregular e combater
a concorrência desleal.
Neste ano, o comércio de
produtos falsificados movimentou R$ 46,4 bilhões nos setores de roupas, tênis e brinquedos ante R$ 32 bilhões comercializados no ano passado.
"O consumo aumenta porque há uma grande quantidade
produtos falsificados à disposição do consumidor e por causa
da variação de preços. O pirateado, na média, custa 50% do
preço do produto original",
afirma José Henrique Werner,
diretor da Angardi.
O desejo de consumir um
produto sem ter condições financeiras para adquiri-lo também motiva a compra de uma
mercadoria falsificada, segundo avalia Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção). "Só com ações
educativas, para desestimular
esse desejo de comprar um produto que não é original, e com
medidas repressivas se consegue reduzir a pirataria, que é
um fenômeno mundial."
A pesquisa revela que 12%
dos consumidores compraram
brinquedos pirateados nos últimos 12 meses, 23% compraram
roupas falsificadas e 12%, tênis.
Foram feitas 1.715 entrevistas.
Os números mostram ainda
que os preços dos produtos falsificados também aumentaram
em relação aos cobrados no ano
passado. O preço dos brinquedos pirateados aumentou, em
média, 55% em relação a 2005.
Os tênis falsificados, 25%.
"O aperto da fiscalização em
Foz do Iguaçu e as operações
repressivas da Receita Federal
e Polícia Federal tiveram impacto na logística de distribuição dos produtos pirateados e
contrabandeados", diz Werner.
O estudo mostra que o consumidor sabe e concorda que a
pirataria contribui para a sonegação, mas justifica a compra
desses produtos por causa dos
preços elevados das marcas famosas. Também dizem que o
comércio ilegal "cria" empregos nos "países pobres".
Na média das três capitais, 3
em cada 10 entrevistados declararam nunca ter comprado
produtos falsificados.
"Notamos que na faixa de 16
a 24 anos, uma das que mais
consomem esses produtos,
houve uma redução de consumo, o que é um importante sinal", diz Werner. Dos entrevistados nessa faixa, 7% compraram itens pirateados neste ano.
No ano passado, esse percentual foi de 17%.
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