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Crise reduz inflação em novembro, diz IBGE
IPCA recua para 0,36%, sob efeito da queda do consumo e do preço das commodities, e deve fechar ano dentro do teto da meta de 6,5%
Em outubro, índice
havia subido 0,45%; para
instituto, queda no preço de matérias-primas compensa impacto da alta do dólar
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Graças à crise, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor)
de novembro se desacelerou
para 0,36%, resultado que evita
o estouro do teto da meta de inflação do governo para 2008
-6,5%. Em outubro, o índice
havia sido de 0,45%, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Sob efeito da redução do consumo e da queda do preço das
commodities em decorrência
da turbulência externa, o IPCA
de novembro surpreendeu as
estimativas de alta na casa dos
0,50% e recolocou as previsões
abaixo do teto da meta. Em 12
meses, o índice ficou em 6,39%.
No ano, a variação soma 5,61%,
de acordo com o IBGE.
Esses dois impactos da crise
anularam, pelo menos em novembro, a pressão do câmbio
sobre os preços, especialmente
de alimentos e bens duráveis.
Em novembro, o grupo alimentação subiu 0,61%, abaixo do
0,69% de outubro. O item que
mais contribuiu para conter a
taxa foi refeição fora de casa
-alta de 0,21%. Nos duráveis,
os veículos usados cederam
2,61% com a menor demanda e
o crédito escasso.
"Não dá para dizer que a
pressão do dólar sobre os preços foi evidenciada. Ao mesmo
tempo em que o dólar aumenta,
as commodities caem. Isso tem
efeito no mercado interno",
afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices
de Preços do IBGE.
Para o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ, "a
crise salvou o teto da meta de
inflação", que deve fechar próxima a 6%, com a taxa deste
mês ficando no mesmo nível da
de novembro. "Mas isso não é
uma boa notícia, pois mostra a
desaceleração da economia."
Mas o esfriamento da economia, diz Cunha, não assegura
que o Banco Central reduza os
juros. É que, segundo ele, o
câmbio gera uma instabilidade
muito grande e seu repasse para os preços é postergado, especialmente em momentos de demanda enfraquecida. "Nesse
cenário de incerteza, que deve
durar muito tempo, o BC vai
optar pela cautela."
Na visão de Marcela Prada,
da Tendências, o resultado de
novembro afasta a possibilidade de alta dos juros, mas não garante a redução na reunião da
próxima semana. "O BC deve
optar pela cautela e espera para
ver o impacto da depreciação
cambial e de como se comportará a demanda."
Para ela, a crise favorecerá a
inflação de 2009 também, que
deve ficar em 4,8%. Isso porque
as commodities se manterão
em baixa e o consumo permanecerá desaquecido.
O economista Carlos Thadeu
de Freitas Filho, da SLW, avalia, por sua vez, que o cenário de
inflação não é tão positivo, já
que o câmbio "sempre tem um
impacto muito forte sobre os
índices de preço". Já em novembro, alguns poucos itens
sentiram a pressão do dólar: o
microcomputador passou de
queda de 1,92% em outubro para alta de 1,78%.
"O dólar subiu muito, e não
será desta vez que não haverá
repasses, mesmo com a economia desaquecida. O cenário para a inflação não é otimista."
Ele não espera redução tão
breve na taxa de juros -mantida em 13,75% ao ano no final de
outubro. E estima um IPCA de
5,8% para 2008, justamente
por causa da pressão cambial.
"O Banco Central não vai se
acomodar. Poderá vir com um
tom menos duro, mas a redução da taxa vai depender de indicadores futuros. Nada está
muito claro ainda", afirma o
economista-chefe da corretora
Concórdia, Elson Teles.
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