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Interessados no trem-bala querem garantias
Governo estuda bancar custos ambientais extras e compensar prejuízo se a demanda for menor que a prevista pelas empresas
Obra, prevista para 2016, pode atrair de 5 a 6 grupos, nacionais e estrangeiros; japoneses, coreanos, italianos e alemães mostram interesse
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os investidores privados interessados em construir e operar o trem-bala que deve ligar o
Rio de Janeiro a São Paulo
pressionam o governo por mais
garantias para tocar o projeto.
Interessado em viabilizar a
obra, o governo deverá ceder,
segundo a Folha apurou. Inicialmente previsto para a Copa
de 2014, a conclusão do empreendimento ficará para a
Olimpíada de 2016.
Para garantir que as empresas privadas embarquem no
projeto, de R$ 35 bilhões, o governo deverá fazer as seguintes
concessões:
1) Risco ambiental: o governo fica responsável pela licença
prévia, fará o acompanhamento do processo de obtenção da
licença e irá bancar os custos
ambientais que excederem o
que estiver lançado no projeto;
2) Risco de demanda: deverá
ser criada uma banda de flutuação da demanda. Se houver menos passageiros do que o previsto, o governo banca a diferença até um limite. Se houver
mais, o governo se apropria do
ganho, até um limite.
Além disso, os empresários
querem mais tempo para apresentar proposta (180 dias após
a publicação do edital, em vez
dos 60 dias de praxe), sob a justificativa de que precisam mitigar riscos geológicos. Governo
quer colocar edital em consulta
pública ainda em dezembro.
Em relação a essa demanda,
o governo ainda não deu sinal
verde. A princípio, a avaliação é
que seis meses é tempo demais.
O governo estaria disposto a
conceder, no máximo, 120 dias.
O normal, para obras de grande
porte, varia de 60 a 90 dias.
As empreiteiras nacionais
conseguiram também que o governo deixasse de exigir no edital que os proponentes já tivessem experiência na construção
de trens de alta velocidade. A
alegação era que, com a exigência, só grandes grupos internacionais poderiam se habilitar.
As empresas também negociaram com o governo que
eventuais atrasos de responsabilidade do Estado serão compensados no tempo de concessão. Ou seja, o prazo que as empresas terão para explorar o
serviço será esticado na mesma
medida dos atrasos ocorridos
por culpa do governo.
Regras
As regras do leilão ainda não
estão definidas. Por enquanto,
a tendência do governo é declarar vencedor a empresa ou consórcio que onerar menos o Estado. Ou seja, quem pedir menos financiamento público.
De acordo com o planejamento, o governo financiaria
até 70% do projeto, por meio do
BNDES. Além disso, criaria
uma estatal ("enxuta", segundo
os técnicos envolvidos) que
participaria da SPE (Sociedade
de Propósito Específico) vencedora da disputa.
A empresa não teria sede em
Brasília (um dos locais em estudo é São José dos Campos, em
São Paulo) e teria como função
principal comandar o processo
de transferência de tecnologia.
Ou seja, absorver os conhecimentos em engenharia para
construção de trens de alta velocidade para aplicar em eventuais outros projetos no país.
O governo avalia que a licitação poderá atrair de cinco a seis
grupos, entre empreiteiras nacionais e grupos estrangeiros
(japoneses, coreanos, alemães
e italianos têm interesse).
Detalhes
O governo estuda construir
um trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo desde 1981.
Na sua versão mais atual (disponível em www.tavbrasil.gov.br), a viagem entre as duas
capitais está estimada em
1h33min, com o trem atingindo
velocidade máxima de 350
km/h. A passagem ponto a ponto custaria R$ 200 (horário de
pico) ou R$ 150 (fora do pico).
Segundo estudos, a demanda
para o trem-bala, em 2024, seria de 10,2 milhões de passageiros por ano.
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