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UE vê saída para impasse entre sites e jornais
Para responsável por política de mídia do bloco, acordo entre Microsoft e News Corp. prenuncia entendimento sobre conteúdo na internet
Empresa de Bill Gates se propôs a pagar para indexar o conteúdo produzido pelo conglomerado de mídia do empresário Rupert Murdoch
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A incipiente negociação da
Microsoft com a News Corp. é o
primeiro passo para acabar
com o dilema que opõe os jornais e outros produtores de
conteúdo noticioso aos sites de
busca e agregação de notícias
(leia-se Google News), afirma a
comissária da União Europeia
para Sociedade de Informação
e Mídia, Viviane Reding.
Para a responsável pela política de mídia do bloco, esta pode ser a resposta da pergunta
mágica: como remunerar publishers e jornais sem restringir o acesso ao noticiário.
"Uma das questões mais
complexas da sociedade da informação pelo mundo é como
garantir modelos de negócios
bem-sucedidos para a mídia em
uma época de mudanças tremendas na tecnologia e no
comportamento dos consumidores", declarou Reding em entrevista por e-mail à Folha.
Jornalista convertida em política, a luxemburguesa de 58
anos se debruçou sobre o tema
nos últimos cinco anos, desde
que assumiu a cadeira de mídia
do órgão executivo da UE.
Prestes a deixar o cargo no próximo mês, quando passará à
pasta da Justiça, ela coloca como desafio à frente fechar um
acordo sobre o que significa
"busca" e o que é "publicação".
São essas as palavras usadas
pelos lados envolvidos para definir os pequenos extratos de
texto que aparecem nos sites
agregadores.
Conforme a definição aplicada, pode-se argumentar que
existe ou não violação de direitos autorais.
"Os publishers merecem
uma fatia maior do processo,
na minha opinião, mas também precisam reconhecer que
o público acha que o serviço de
buscas é útil -é uma nova forma de agregação sob demanda", afirma.
"A melhor forma de avançar
é negociar e chegar a um acordo que enriqueça ambos os lados, ao mesmo tempo em que
se assegure que uma gama útil
de serviços esteja disponível ao
público", diz ela.
Indenização
Veio à tona, semana passada,
que a Microsoft de Bill Gates
propôs pagar para indexar o
conteúdo do conglomerado de
mídia da News Corp. de Rupert
Murdoch -"Wall Street Journal" e "The Times" inclusive-
em seus sites de busca e agregação, dando força a seu novo motor de busca, o Bing.
O modelo, cujas especificações ainda não ficaram claras,
seria uma forma de atender ao
que Reding e outros especialistas em direitos autorais veem
como as duas pernas sobre as
quais se erguerá a futura legislação digital: a remuneração
dos produtores de conteúdo
(que têm tido pouco ou nenhum lucro com a reprodução
contínua e não autorizada de
seu material) e o acesso.
"Isso marca uma nova fase
no desenvolvimento das estratégias dos publishers, além das
críticas aos mecanismos de
busca", afirmou. "Uma combinação exclusiva com um buscador, que envolva pagamento, é
algo que vale explorar."
Reding enumera uma série
de paradoxos criada pelo modelo atual, defasado e amparado em uma legislação de copyright que precede o avanço voraz da tecnologia nos últimos
anos. "É inegável que os mecanismos de busca, particularmente o Google News, trazem
tráfego à versão on-line dos jornais. Alguns evocam um volume em torno de 12% da audiência total vindo de mecanismos
de busca. Mas outros dados
mostram que 80% dos usuários
de internet estão satisfeitos
com o sumário de duas linhas
de cada notícia que aparece na
página do buscador."
Reproduções sem licença
Pesquisa lançada nesta semana nos EUA a pedido de um
grupo de 1.500 empresas jornalísticas (o Fair Syndication
Consortium, consórcio por
uma distribuição justa) mostra
que, em um mês, 112 mil cópias
exatas (e 163 mil parciais) de
textos de jornais foram reproduzidas sem licença na internet, uma média de 4,4 vezes para cada reportagem (que vai a
15 para grandes jornais).
"Por ora", diz Reding, "parece que empresas puramente
on-line, como os mecanismos
de busca, que usam conteúdo
produzido por jornais e protegido por direitos autorais, têm
colhido a maior parte das receitas de anúncios".
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