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Vírus do Marketing
Empresas mais valorizadas da web hoje, como Facebook, Twitter e Google, crescem e se multiplicam como vírus espalhados pelos próprios usuários
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do conceito da cauda
longa, de Chris Anderson, que
em 2004 disse que para lucrar
na internet é preciso vender
pequenos volumes para um
grande número de clientes, hoje as empresas que mais atraem
investidores incorporam outro
princípio: o da viralidade.
Facebook, Twitter, Google,
MySpace, eBay, PayPal são todas companhias virais que
cresceram muito rapidamente
graças ao "mouse a mouse",
versão on-line do boca a boca.
Todas oferecem aos usuários
algum tipo de serviço de que
eles gostam tanto que o divulgam entre os amigos -de graça.
Não é preciso investir em força
de vendas, marketing, nada disso. "Se tivesse 3 milhões, e não
300 milhões de usuários, o Facebook não valeria US$ 6,5 bilhões", afirma o jornalista americano Adam Penenberg, autor
de "Loop Viral: do Facebook ao
Twitter, Como Crescem os Negócios Mais Bacanas da Internet" (Hyperion, EUA).
Segundo Penenberg, ao incorporar o poder de propagação da internet ao próprio negócio -afinal, qual o sentido de
ter um perfil no Facebook ou
no Twitter se você não atrai
amigos ou seguidores?- essas
empresas garantem um crescimento exponencial. "O "loop viral" é talvez o mais significativo
acelerador de um negócio no
Vale do Silício desde a invenção
das ferramentas de busca."
Muitas dessas companhias
são vendidas antes mesmo de
começar a dar retorno financeiro. Caso do YouTube, comprado pelo Google por US$ 1,65
bilhão. Ou do Skype, que custou
US$ 2,6 bilhões ao eBay.
A grande questão hoje é como transformar audiência em
receita. Nos EUA, banners publicitários não colam mais. Lá,
só 1% dos internautas clicam
nos banners, número que cai
para 0,2% em redes sociais.
Há dois anos, o Facebook
achou que estava revolucionando a publicidade com uma
ferramenta que atualizava perfis automaticamente na medida em que a pessoa interagia
com sites de parceiros. Foi processado por invasão de privacidade. "Há muita gente pesquisando formas de veicular publicidade em redes sociais", diz
Penenberg. "Há muito dinheiro
em jogo."
Mesmo sem gerar tanta receita para os donos das redes
sociais, as marcas do mundo
real já as invadiram. Seja inventando aplicativos ou criando
perfis falsos, as empresas monitoram as redes sociais 24 horas por dia. "Se você quer falar
com um jovem de 12 a 18 anos,
não tem como não estar presente nas redes sociais", diz
Fernando Taralli, presidente
da Energy, agência digital da
Young & Rubicam.
Enquanto a maioria dos
usuários "trabalha" de graça
passando adiante o vídeo de
uma campanha divertida ou
um aplicativo patrocinado, alguns até ganham com isso.
Quanto mais ativo o usuário
-condição que pode ser medida pelo número de amigos ou
seguidores-, mais ele se torna
atraente para as empresas.
Esses usuários ativos, na
maioria blogueiros, têm o poder de disseminar qualquer
coisa em tempo recorde. Para
isso, alguns ganham em receita
publicitária. Outros recebem
pequenos mimos. "Não há nada
de errado nisso. O blogueiro
precisa ser remunerado. Mas
isso tem de ficar claro no post."
Nos EUA, perfil falso e falta
de transparência entre empresas e blogueiros dá cadeia.
"Aqui no Brasil não há lei sobre
isso, mas na agência seguimos a
lei americana", diz Taralli.
E nem sempre a investida dá
certo. "Dependendo do blogueiro, se ele sentir que está
sendo comprado para falar bem
de alguma coisa que não gosta,
ele vai e fala mal", diz o presidente da agência digital Repense, Otávio Dias.
Em março, Marcelo Tas provocou polêmica ao firmar um
contrato com a Telefônica no
qual ele tinha o compromisso
de postar no Twitter 20 vezes
por mês uma referência ao novo serviço de banda ultra larga
da operadora.
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