São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Dólar recua pelo 4º dia seguido e fecha a R$ 2,18

Moeda tem menor cotação desde novembro e acumula queda de 14% desde o pico da crise

Segundo analistas, pânico com a crise mundial dá sinais de enfraquecimento, e estrangeiros voltam a buscar aplicações no país

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Na sua quarta queda consecutiva, o dólar comercial recuou 3,24% ontem, para R$ 2,18, patamar do início de novembro. Desde o pico da atual crise -R$ 2,536, atingido em 4 de dezembro-, a moeda americana acumula desvalorização de 14%.
"Nos últimos dias, houve uma certa acomodação do humor dos mercados, indicando que talvez o movimento que levou as cotações para cima de R$ 2,40 tenha sido exagerado, se analisarmos os fundamentos da nossa economia", diz Silvio Campos Neto, economista-chefe do banco Schahin.
A alta de 31,3% do dólar ante o real em 2008 foi motivada principalmente pela debandada dos grandes investidores internacionais do país, os quais levaram os seus recursos para cobrir as perdas sofridas em outras partes do mundo.
Segundo analistas, o desespero está passando e, assim, os estrangeiros voltam a procurar boas opções de aplicação.
Na Bovespa, a caça a papéis cujos preços se mostram atraentes depois das recentes baixas já está clara. A elevação do dólar torna essas ações ainda mais baratas. "O mercado de renda variável antecipa os acontecimentos", responde Campos Neto à pergunta de como podem os investidores tornar a adquirir ações se a perspectiva para este ano é de significativa retração global e menor atividade interna. "Caiu quando vislumbrou a crise e começa a subir ao avistar o seu fim."
A melhora no cenário está levando também a uma diminuição das apostas na elevação do dólar, feitas por meio da compra de contratos de câmbio no mercado futuro. De acordo com a projeção de especialistas, as posições diminuíram em até US$ 1,5 bilhão desde sexta-feira e devem continuar caindo. Atualmente, encontram-se em cerca de US$ 12 bilhões.

Novas previsões
Isso não significa, para analistas, que a moeda americana voltará aos níveis do ano passado, quando, em agosto, chegou a bater em R$ 1,559. "Achamos que a divisa tentará encontrar um equilíbrio perto dos R$ 2,20", afirma Campos Neto. Os operadores estimam que a oscilação ficará entre R$ 2,10 e R$ 2,30 pelas próximas semanas. Tal valor desconta o fator pânico, mas considera a retração mundial e a queda nos preços e nos volumes das commodities agrícolas e metálicas vendidas pelo Brasil, o que resultará em uma entrada de dinheiro inferior à que se via até o primeiro semestre do ano passado.
Apesar do relativo otimismo observado nas primeiras sessões, ainda é precipitado dizer que as turbulências acabaram. As questões sobre o tamanho e a duração da desaceleração mundial permanecem.
A recomendação para quem pensa em viajar para o exterior é comprar moeda aos poucos, de maneira a evitar absorver totalmente os momentos de alta mais pronunciada.


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