São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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Setor de máquinas sustenta a recuperação da indústria

Produção recua 0,2% após dez meses de alta, mas bens de capital crescem 6,1%

Dados relativos a novembro mostram uma acomodação no ritmo de altas, mas não apontam fim da trajetória de crescimento, afirma IBGE

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de dez meses de alta, a indústria brasileira recuou 0,2% em novembro em relação a outubro. Porém, a produção de bens de capital, que inclui máquinas e equipamentos, registrou expansão de 6,1% no período, a oitava consecutiva. Para o IBGE, responsável pela pesquisa, é um sinal de que o processo de recuperação da indústria não foi interrompido.
"O resultado de novembro indica uma acomodação em razão das altas anteriores, mas não altera a trajetória de crescimento", diz o economista André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE. Segundo ele, o desempenho negativo no mês decorreu da queda na produção de bens de consumo duráveis, principalmente automóveis, cuja produção diminuiu 2,2% depois de crescer 107,6% entre janeiro e outubro.
Mesmo com a queda, porém, a produção da indústria foi maior do que a verificada no mesmo período do ano anterior, o que não acontecia havia 12 meses. A alta, de 5,1%, é resultado da recuperação gradual verificada ao longo do ano aliada a uma base de comparação bem mais baixa do que as anteriores -em novembro de 2008 o setor já sofrera uma drástica redução devido à crise.
Os efeitos da crise, no entanto, persistem. Segundo a economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg Consultores Associados, a produção atual está num patamar 5,9% abaixo do verificado em setembro de 2008, mês em que a indústria nacional atingiu seu recorde.
A maior defasagem hoje está na produção de bens de capital, com queda de 11,4% em relação ao pico. No auge da crise, a diferença chegou a 31,1%, menor apenas do que a verificada nos bens de consumo duráveis -o segmento, que inclui automóveis e eletrodomésticos, chegou a sofrer redução de 48% ante setembro, mas teve recuperação mais rápida e hoje amarga perdas de apenas 5,1% em relação ao período pré-crise.
Pesaram para isso a redução do IPI promovida pelo governo e a expansão do crédito.
"O setor de automóveis sofreu muito com o congelamento do crédito e o choque de confiança decorrentes da crise. Mas o governo atuou rápido e a retomada também foi rápida", diz o economista Daniel Moreira, da Mauá Sekular Investimentos. Segundo ele, a falta de estímulos fiscais para outros segmentos não impediu que eles também se recuperassem.
A retomada, no entanto, tem sido bastante calcada no mercado interno. Dos 27 segmentos industriais pesquisados, só seis operavam em patamar superior ao de setembro de 2008. Todos eram de produtos voltados para o consumo doméstico, como bebidas e alimentos.
Dos setores mais importantes, diz Moreira, o único que demorou mais a reagir foi o de máquinas e equipamentos. "A utilização da capacidade instalada estava muito baixa e não se vislumbrava uma recuperação que justificasse investimentos", explica Zara, da Rosenberg. "Agora, já começa a pesar um pouco mais o prognóstico positivo para 2010 e 2011."


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