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Setor de máquinas sustenta a recuperação da indústria
Produção recua 0,2% após dez meses de alta, mas bens de capital crescem 6,1%
Dados relativos a novembro mostram uma acomodação no ritmo de altas, mas não apontam fim da trajetória de crescimento, afirma IBGE
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de dez meses de alta,
a indústria brasileira recuou
0,2% em novembro em relação
a outubro. Porém, a produção
de bens de capital, que inclui
máquinas e equipamentos, registrou expansão de 6,1% no
período, a oitava consecutiva.
Para o IBGE, responsável pela
pesquisa, é um sinal de que o
processo de recuperação da indústria não foi interrompido.
"O resultado de novembro
indica uma acomodação em razão das altas anteriores, mas
não altera a trajetória de crescimento", diz o economista André Macedo, da coordenação de
indústria do IBGE. Segundo
ele, o desempenho negativo no
mês decorreu da queda na produção de bens de consumo duráveis, principalmente automóveis, cuja produção diminuiu 2,2% depois de crescer
107,6% entre janeiro e outubro.
Mesmo com a queda, porém,
a produção da indústria foi
maior do que a verificada no
mesmo período do ano anterior, o que não acontecia havia
12 meses. A alta, de 5,1%, é resultado da recuperação gradual
verificada ao longo do ano aliada a uma base de comparação
bem mais baixa do que as anteriores -em novembro de 2008
o setor já sofrera uma drástica
redução devido à crise.
Os efeitos da crise, no entanto, persistem. Segundo a economista Thaís Marzola Zara,
da Rosenberg Consultores Associados, a produção atual está
num patamar 5,9% abaixo do
verificado em setembro de
2008, mês em que a indústria
nacional atingiu seu recorde.
A maior defasagem hoje está
na produção de bens de capital,
com queda de 11,4% em relação
ao pico. No auge da crise, a diferença chegou a 31,1%, menor
apenas do que a verificada nos
bens de consumo duráveis -o
segmento, que inclui automóveis e eletrodomésticos, chegou a sofrer redução de 48% ante setembro, mas teve recuperação mais rápida e hoje amarga perdas de apenas 5,1% em
relação ao período pré-crise.
Pesaram para isso a redução
do IPI promovida pelo governo
e a expansão do crédito.
"O setor de automóveis sofreu muito com o congelamento do crédito e o choque de confiança decorrentes da crise.
Mas o governo atuou rápido e a
retomada também foi rápida",
diz o economista Daniel Moreira, da Mauá Sekular Investimentos. Segundo ele, a falta de
estímulos fiscais para outros
segmentos não impediu que
eles também se recuperassem.
A retomada, no entanto, tem
sido bastante calcada no mercado interno. Dos 27 segmentos industriais pesquisados, só
seis operavam em patamar superior ao de setembro de 2008.
Todos eram de produtos voltados para o consumo doméstico,
como bebidas e alimentos.
Dos setores mais importantes, diz Moreira, o único que
demorou mais a reagir foi o de
máquinas e equipamentos. "A
utilização da capacidade instalada estava muito baixa e não se
vislumbrava uma recuperação
que justificasse investimentos", explica Zara, da Rosenberg. "Agora, já começa a pesar
um pouco mais o prognóstico
positivo para 2010 e 2011."
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