São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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Previdência recua e adia leilão da folha de aposentados

Objetivo era cobrar das instituições financeiras pelos 27 milhões de benefícios concedidos até 2009

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois da ameaça dos bancos de suspender o pagamento das aposentadorias, pensões e auxílios, o governo recuou e decidiu prorrogar para o final deste ano a decisão de cobrar das instituições financeiras pela folha de pagamento do estoque de benefícios do INSS até 2009. A folha das aposentadorias concedidas a partir deste mês já foi leiloada no ano passado.
"Estamos mudando o relacionamento com a rede bancária. Não é fácil. Precisamos ter cautela", justificou o ministro da Previdência, José Pimentel. Segundo ele, o governo não desistiu da ideia de passar a cobrar dos bancos. "Estamos criando um grupo de trabalho para precificar o estoque."
Em jogo estão 27 milhões de pessoas que atualmente recebem seus benefícios por meio de 17 bancos e um gasto anual que, em 2007, era de cerca de R$ 265 milhões para os cofres públicos. Até aquele ano, os bancos recebiam do governo para fazer os pagamentos em nome do INSS.
De lá para cá, esse custo foi suspenso e o governo passou a negociar a venda da folha de pagamento. No início do mês passado, o governo chegou a propor aos bancos usar como referência na venda da folha o valor médio pago pelos bancos no leilão dos novos benefícios.
A reação dos bancos foi imediata. As instituições financeiras ameaçaram suspender a prestação dos serviços.
O governo não quis correr esse risco e, no final de 2009, decidiu que a definição ficará para 31 de dezembro. Ou seja, a decisão foi empurrada para o sucessor do presidente Lula. Temia-se, no governo, o desgaste num ano de eleição, caso houvesse um apagão nas aposentadorias.
"Por isso, não leiloamos o estoque", reconheceu o presidente do INSS, Valdir Moisés Simão. De acordo com ele, é preciso uma avaliação melhor desses benefícios antes de definir um valor.
Mas o governo não saiu totalmente no prejuízo. Ao sinalizar com a cobrança, o governo conseguiu barganhar a prestação de outros serviços. Os bancos terão até 180 dias para fornecer extratos mensais para os aposentados e também se encarregarão de enviar comprovantes anuais de rendimento.


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