DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo português Sonae, por meio do Sonaecom, braço do setor de telecomunicações da empresa, fez ontem uma oferta pública para a aquisição da Portugal Telecom, o maior grupo privado português, de maneira que ela se torne dona de 50,01% do capital social da telefônica. A oferta pode não se transformar em negócio: a empresa colocou o plano na mesa, e cabe aos acionistas da PT avaliar o caso. O governo português mantém uma "golden share" de 500 ações, que lhe dá poderes especiais na empresa.
Os brasileiros conhecem o Sonae porque a empresa, com atuação em vários ramos, tinha lojas de supermercados no país (marca BIG), vendidas no ano passado ao Wal-Mart e ao Carrefour. A empresa ainda tem negócios na área imobiliária e de turismo no Brasil.
Já a Portugal Telecom tem negócios na área de comunicação e telefonia no Brasil. O grupo controla a operadora de celulares Vivo e detém uma posição minoritária no UOL, controlado pela Folhapar, que publica a Folha.
Um analista que não quis se identificar disse à agência Reuters que, se conseguir o controle da PT, o Sonae deve vender alguns ativos, especialmente a brasileira Vivo. Segundo esse analista, um dos alvos principais da Sonae é a PT Multimedia, a empresa de internet e televisão a cabo do grupo.
Na tarde de hoje deve ocorrer uma entrevista coletiva em Lisboa, onde a Sonae deve anunciar os detalhes da oferta. A empresa ofereceu 9,50 por cada ação e mais 5.000 por cada título na mão de investidores e que pode ser convertido em ação futuramente -a chamado obrigação convertível.
O banco que está fazendo a intermediação do negócio é o Santander de Negócios de Portugal.
O valor ofertado representa valorização de 16,1% em relação à atual cotação das ações da PT, que terminaram o dia cotadas a 8,18 euros. Ontem, houve queda de 0,24% no papel em relação ao valor cotado no dia anterior (sexta-feira). Os papéis da Sonae SGPS fecharam em queda ontem, cotados em 1,18, enquanto os títulos da Sonaecom mantiveram cotação estável na Bolsa de Lisboa.
O Sonae só aceita fazer o negócio caso se torne o controlador da PT (grupo que lucra ao ano mais de R$ 1,8 bilhão) -salienta a empresa em seu comunicado oficial ao mercado. O anúncio do interesse já foi reportado para a Comissão Nacional de Valores Imobiliários (CMVM) daquele país.


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