São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Pesquisa mostra misto de otimismo e cautela para 2008

A piora do cenário internacional com a ameaça de recessão nos Estados Unidos neste início de ano faz o empresário brasileiro se tornar mais cauteloso com relação às perspectivas para a economia em 2008.
Ao mesmo tempo que o empresário brasileiro se mostra bastante confiante no que diz respeito ao seu próprio negócio, ele está bastante cético com relação aos indicadores macroeconômicos do país. O aumento da inflação é a principal preocupação do empresariado.
Essa aparente contradição entre a micro e a macroeconomia ficou bastante clara na Pesquisa Serasa de Perspectiva Empresarial que levantou dados como previsões para o primeiro trimestre e para o primeiro semestre deste ano. A pesquisa foi feita com 1.007 empresas no período de 7 a 14 de janeiro deste ano.
No âmbito da microeconomia, 72% dos empresários entrevistados esperam crescimento do faturamento no primeiro semestre deste ano.
No ano passado, o otimismo foi menor: 64% esperavam aumento das vendas; e, em 2006, 55% apostavam na alta do faturamento.
Para o primeiro trimestre deste ano, 61% dos empresários acreditam em aumento do faturamento. No ano passado, 53% acreditavam no aumento das vendas nos primeiros três meses. Já em 2006, 47% apostavam na alta do faturamento.
Os empresários também estão otimistas com relação às perspectivas de lucro. Pela pesquisa, 47% acreditam em elevação dos lucros no primeiro trimestre, o maior índice desde que a pesquisa começou a ser elaborada, em 2006. O mesmo resultado favorável se aplica às intenções de investimento dos empresários.
Já em relação às questões macroeconômicas, a pesquisa mostra o empresário mais pessimista, reflexo da ameaça do fantasma da recessão. Os entrevistados temem o aumento da inflação, do desemprego e da inadimplência.
Segundo a pesquisa, 63% dos empresários esperam aumento da inflação para o primeiro trimestre deste ano, e 60% para o primeiro semestre. Pela primeira vez, desde que a pesquisa começou a ser feita, a barreira de 50% dos que acreditam na alta da inflação foi rompida. Nos dois anos anteriores, a maior aposta era de queda ou estabilidade da inflação.
Já em relação à taxa básica de juros da economia (Selic), a pesquisa mostra aumento dos empresários que acreditam na possibilidade de estabilidade ou aumento da taxa. Nos dois anos anteriores, em 2006 e 2007, a maior parcela do empresariado apostava na queda do juro.
"A pesquisa mostra que os empresários estão confiantes no desempenho do mercado interno, mas com o pé atrás com o que pode acontecer na macroeconomia", diz Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.

MAQUETE

O arquiteto Leonardo Junqueira, especializado em projetos residenciais de luxo em São Paulo, percebeu uma inversão na demanda de projetos para casas de lazer nos últimos anos em seu escritório. Há quatro anos, o número de projetos para segunda residência na praia e no campo era equilibrado. "Hoje estou com 70% dos projetos concentrados no interior", afirma Junqueira. A explicação, segundo o arquiteto, está no trânsito e na saturação do litoral. "Os terrenos que restam no litoral ou não são favoráveis, ou estão muito caros." Atualmente, Junqueira trabalha em projetos em condomínios como Quinta da Baroneza, Terras de São José e Fazenda da Grama.

Análise

PIB mundial cresce 3,8%, diz consultor

Com o comportamento mais negativo da economia americana, a consultoria Tendências reviu a sua estimativa de crescimento para a economia mundial de 4,5% para um intervalo de 3,5% a 3,8% neste ano. A projeção é menor do que os 4,1% previstos pelo FMI para 2008.
De acordo com a Tendências, a desaceleração da economia americana pode afetar o restante do mundo pelos canais do comércio e financeiro.
Mesmo assim, a consultoria afirma que a contaminação da crise americana não deve ser tão expressiva quanto em momentos passados. Em primeiro lugar, a participação dos Estados Unidos no comércio mundial tem diminuído ao longo dos anos. Depois, o bloco dos países emergentes se encontra hoje menos vulnerável ao desempenho dos países centrais.
A China também deve crescer neste ano 8%, o que mantém o país como um importante impulsionador do crescimento global.

NO SHOPPING
A multinacional israelense Gazit-Globe começou 2008 investindo em novos mercados. No Brasil, o primeiro negócio da companhia foi a compra de um shopping na zona sul de São Paulo, o Morumbi Town Center, pelo qual a Gazit pagou R$ 55 milhões. A consultoria Cushman & Wakefield realizou a operação.

RECORDE
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anuncia hoje os números do desempenho do banco em 2007. O BNDES liberou no ano passado R$ 64,9 bilhões, 24% a mais do que os R$ 52,3 bilhões de desembolsos do ano passado. A previsão para este ano é que as liberações atinjam um total de R$ 80 bilhões. O BNDES é o segundo maior banco de desenvolvimento do mundo. Só perde para o banco de desenvolvimento europeu. O total de financiamentos do BNDES corresponde aos orçamentos do Banco Mundial e do BID multiplicados por dois. Coutinho vai dizer também que o ritmo das liberações continua forte no início deste ano.

MOCHILA
A STB (Student Travel Bureau), operadora especializada em turismo cultural para jovens, embarcou mais de 40 mil passageiros em 2007, alta de 30% ante 2006.

DE VIDRO
A Santa Marina, divisão da francesa Saint-Gobain, participa, pelo décimo ano consecutivo, da Feira Ambiente, em Frankfurt, Alemanha, que acontece de 8 a 12 de fevereiro. A Santa Marina exporta para países, como Espanha, Inglaterra e Croácia.

SOFTWARE
Em 2007 a receita da área de software da IBM chegou a US$ 20 bilhões. A empresa espera que a venda de softwares represente 50% do seu lucro total até 2010.

ESPELHO
Nos últimos quatro anos, o Instituto Avon investiu R$ 10,5 milhões em projetos contra o câncer.

SEM FIO

A Vex, especializada em instalação de redes sem fio com tecnologia Wi-Fi, quer fechar 2008 com mais de 5.000 pontos de acesso em atividade no mundo - a empresa tem hoje cerca de 3.600 "hotspots" e atua em países como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Portugal e Espanha. Segundo Roberto Ugolini Neto, presidente da Vex, a idéia é, neste ano, cobrir toda a América do Sul, além de chegar à França, ao Reino Unido e à Itália.

Próximo Texto: Estrangeiro tira R$ 4,7 bi da Bolsa de SP em janeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.