São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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País tem o maior corte de vagas desde 1974

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A economia dos EUA perdeu mais 598 mil empregos em janeiro (maior corte de vagas mensal desde dezembro de 1974), elevando o desemprego para 7,6%, o maior em 16 anos.
Uma revisão nos números de 2008 pelo Departamento do Comércio também acrescentou mais 400 mil demitidos às contas iniciais. Com isso, 2008 terminou como o pior ano da história para o mercado de trabalho nos Estados Unidos: 2,974 milhões de pessoas foram mandadas embora.
O aumento do desemprego em janeiro elevou o total de pessoas sem trabalho nos EUA para 11,6 milhões, ante 4,1 milhões há pouco mais de um ano.
O resultado do mês passado fez com que o total de demissões no país atingisse 3,6 milhões desde dezembro de 2007, quando os EUA entraram em recessão. Metade desses cortes ocorreu somente nos últimos três meses, o que mostra uma aceleração dos efeitos da crise e a sua provável continuidade durante um longo período.
Diante dos números, o presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou como "indispensável" a aprovação pelo Congresso do pacote quase trilionário de estímulo. Diante da expectativa de aprovação, as Bolsas reagiram positivamente, e o índice Dow Jones subiu 2,70%.
A taxa de desemprego nos EUA não crescia tão rápido em um período de três meses consecutivos desde o início da recessão dos anos 1980. E em apenas dois períodos a partir de 1948 (ambos na recessão dos anos 1980), o número total de desempregados no país ultrapassou os 11,6 milhões atuais.
O resultado de janeiro foi, individualmente, o pior deste atual período recessivo e veio bem acima do que os mais pessimistas previam. Com exceção dos setores de saúde e educação, praticamente todos os outros cortaram vagas abruptamente, revelando um desaquecimento espalhado e profundo.
O setor industrial foi o mais afetado e eliminou 207 mil postos de trabalho. Foi o maior corte desde 1982, quando os Estados Unidos também estavam em recessão. A área de construção civil veio em seguida: perdeu 111 mil vagas.
No comércio, que acaba de passar pelo pior período de vendas de Natal em vários anos, foram demitidas mais de 45 mil pessoas.
No setor financeiro, a sangria foi menor em janeiro, com corte de 42 mil pessoas. Mas a área, onde são pagos alguns dos maiores salários, já perdeu 388 mil empregos a partir de 2007.

Homens e mulheres
Com a indústria e a construção concentrando o grosso dos cortes nos últimos meses, cerca de 80% dos demitidos mais recentemente são homens, segundo estudo da ONG Center for American Progress.
Embora a força de trabalho nos EUA seja praticamente dividida meio a meio entre o sexo masculino (50,9%) e feminino (49,1%), as mulheres tendem a atuar em áreas menos sensíveis em tempos de crise, como educação e saúde. São setores que contam também com expressivos repasses de verbas estatais.
Na contramão das demais áreas, educação e saúde acrescentaram 54 mil novos empregos em janeiro.
Os resultados oficiais também não deram nenhuma indicação de que uma recuperação no mercado de trabalho possa estar a caminho. Um dos indicativos é que as empresas especializadas em fornecer trabalhadores temporários (geralmente a quem ainda tem dúvidas entre contratar ou não) cortaram a oferta de vagas em 76,4 mil no mês passado.
Os desempregados têm encontrado dificuldades cada vez maiores para voltar ao mercado. Na média, eles têm procurado empregos por mais de dez semanas, quando encontram ou desistem. Quase um em cada quatro desempregados está sem trabalho há mais de seis meses.


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