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País tem o maior corte de vagas desde 1974
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A economia dos EUA perdeu
mais 598 mil empregos em janeiro (maior corte de vagas
mensal desde dezembro de
1974), elevando o desemprego
para 7,6%, o maior em 16 anos.
Uma revisão nos números de
2008 pelo Departamento do
Comércio também acrescentou mais 400 mil demitidos às
contas iniciais. Com isso, 2008
terminou como o pior ano da
história para o mercado de trabalho nos Estados Unidos:
2,974 milhões de pessoas foram mandadas embora.
O aumento do desemprego
em janeiro elevou o total de
pessoas sem trabalho nos EUA
para 11,6 milhões, ante 4,1 milhões há pouco mais de um ano.
O resultado do mês passado
fez com que o total de demissões no país atingisse 3,6 milhões desde dezembro de 2007,
quando os EUA entraram em
recessão. Metade desses cortes
ocorreu somente nos últimos
três meses, o que mostra uma
aceleração dos efeitos da crise e
a sua provável continuidade
durante um longo período.
Diante dos números, o presidente dos EUA, Barack Obama,
qualificou como "indispensável" a aprovação pelo Congresso do pacote quase trilionário
de estímulo. Diante da expectativa de aprovação, as Bolsas
reagiram positivamente, e o índice Dow Jones subiu 2,70%.
A taxa de desemprego nos
EUA não crescia tão rápido em
um período de três meses consecutivos desde o início da recessão dos anos 1980. E em
apenas dois períodos a partir de
1948 (ambos na recessão dos
anos 1980), o número total de
desempregados no país ultrapassou os 11,6 milhões atuais.
O resultado de janeiro foi, individualmente, o pior deste
atual período recessivo e veio
bem acima do que os mais pessimistas previam. Com exceção
dos setores de saúde e educação, praticamente todos os outros cortaram vagas abruptamente, revelando um desaquecimento espalhado e profundo.
O setor industrial foi o mais
afetado e eliminou 207 mil postos de trabalho. Foi o maior
corte desde 1982, quando os
Estados Unidos também estavam em recessão. A área de
construção civil veio em seguida: perdeu 111 mil vagas.
No comércio, que acaba de
passar pelo pior período de
vendas de Natal em vários anos,
foram demitidas mais de 45 mil
pessoas.
No setor financeiro, a sangria
foi menor em janeiro, com corte de 42 mil pessoas. Mas a
área, onde são pagos alguns dos
maiores salários, já perdeu 388
mil empregos a partir de 2007.
Homens e mulheres
Com a indústria e a construção concentrando o grosso dos
cortes nos últimos meses, cerca
de 80% dos demitidos mais recentemente são homens, segundo estudo da ONG Center
for American Progress.
Embora a força de trabalho
nos EUA seja praticamente dividida meio a meio entre o sexo
masculino (50,9%) e feminino
(49,1%), as mulheres tendem a
atuar em áreas menos sensíveis
em tempos de crise, como educação e saúde. São setores que
contam também com expressivos repasses de verbas estatais.
Na contramão das demais
áreas, educação e saúde acrescentaram 54 mil novos empregos em janeiro.
Os resultados oficiais também não deram nenhuma indicação de que uma recuperação
no mercado de trabalho possa
estar a caminho. Um dos indicativos é que as empresas especializadas em fornecer trabalhadores temporários (geralmente a quem ainda tem dúvidas entre contratar ou não)
cortaram a oferta de vagas em
76,4 mil no mês passado.
Os desempregados têm encontrado dificuldades cada vez
maiores para voltar ao mercado. Na média, eles têm procurado empregos por mais de dez
semanas, quando encontram
ou desistem. Quase um em cada quatro desempregados está
sem trabalho há mais de seis
meses.
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