São Paulo, domingo, 7 de fevereiro de 1999

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Desvalorização ajuda na compra de imóvel

de Tóquio

Embora beneficiados pela queda do real, Sulei e Fabi, um casal há quatro anos no Japão, dizem ficar assustados quando comparam o poder do trabalho com a força da desvalorização de moedas.
Eles enfrentaram um ritmo de 13 horas de jornada por dia numa indústria de alimentos na região de Saitama, pouco lazer e saudades do Brasil para acumular dinheiro para comprar um imóvel em São Paulo.
Tinham planejado voltar ao Brasil em fevereiro, mas com menos do que imaginavam inicialmentepoder acumular. Com a queda do real, o dinheiro que juntaram quase dobrou.
"Agora acho que vai dar para comprar o apartamento que queríamos", disse Sulei, 26 anos, ex-supervisor de vendas da Brahma. Na sexta-feira, eles estavam em uma agência do Banco do Brasil em Tóquio para fazer a última remessa para o Brasil.

Folha - Como vocês se sentem sabendo que o dinheiro que acumularam vale muito mais agora do que antes?
Sulei -
É bom, mas é estranho. Eu não considero um aumento de salário. É simplesmente uma coisa que acontece sobre a qual não temos nenhuma influência.
Fabi - É. Passamos quatro anos aqui sem nenhum aumento. Não existe aumento de salário no Japão. Então, de repente, o dinheiro passa a valer mais.
Folha - Por que vocês acham que as moedas ganham ou perdem valor de uma hora para outra?
Sulei -
Por causa dos grandes investidores. Eles é que compram e vendem as moedas, mexendo no valor.
Fabi - Acho que é a globalização. O trabalho tinha mais importância antigamente.
Folha - Quanto vocês ganhavam aqui?
Sulei -
Eu conseguia no máximo 350 mil ienes por mês (em agosto passado, esse valor equivalia a R$ 2,9 mil. Agora, vale cerca de R$ 5,7 mil).
Fabi - Como mulher, eu tirava no máximo 270 mil (R$ 2,2 mil em agosto do ano passado. Corresponde a cerca de R$ 4,4 mil agora).



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