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Desvalorização ajuda na compra de imóvel
de Tóquio
Embora beneficiados pela queda
do real, Sulei e Fabi, um casal há
quatro anos no Japão, dizem ficar
assustados quando comparam o
poder do trabalho com a força da
desvalorização de moedas.
Eles enfrentaram um ritmo de 13
horas de jornada por dia numa indústria de alimentos na região de
Saitama, pouco lazer e saudades
do Brasil para acumular dinheiro
para comprar um imóvel em São
Paulo.
Tinham planejado voltar ao Brasil em fevereiro, mas com menos
do que imaginavam inicialmentepoder acumular. Com a queda do
real, o dinheiro que juntaram quase dobrou.
"Agora acho que vai dar para
comprar o apartamento que queríamos", disse Sulei, 26 anos, ex-supervisor de vendas da Brahma.
Na sexta-feira, eles estavam em
uma agência do Banco do Brasil
em Tóquio para fazer a última remessa para o Brasil.
Folha - Como vocês se sentem sabendo que o dinheiro que acumularam vale muito mais agora do
que antes?
Sulei - É bom, mas é estranho. Eu
não considero um aumento de salário. É simplesmente uma coisa
que acontece sobre a qual não temos nenhuma influência.
Fabi - É. Passamos quatro anos
aqui sem nenhum aumento. Não
existe aumento de salário no Japão. Então, de repente, o dinheiro
passa a valer mais.
Folha - Por que vocês acham que
as moedas ganham ou perdem valor de uma hora para outra?
Sulei - Por causa dos grandes investidores. Eles é que compram e
vendem as moedas, mexendo no
valor.
Fabi - Acho que é a globalização.
O trabalho tinha mais importância
antigamente.
Folha - Quanto vocês ganhavam
aqui?
Sulei - Eu conseguia no máximo
350 mil ienes por mês (em agosto
passado, esse valor equivalia a R$
2,9 mil. Agora, vale cerca de R$ 5,7
mil).
Fabi - Como mulher, eu tirava no
máximo 270 mil (R$ 2,2 mil em
agosto do ano passado. Corresponde a cerca de R$ 4,4 mil agora).
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