São Paulo, domingo, 7 de fevereiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SONHO POSSÍVEL
Desvalorização ajuda a comprar carreta
Brasileiro planeja adiantar a volta

de Tóquio

A carreta de R$ 60 mil que o ex-caminhoneiro Gilberto Falconi, 37 anos, queria comprar no Paraná ficou mais barata. "Isto é, ficou com o mesmo preço, mas ficou mais barata para mim."
Casado com uma descendente de japoneses, ele trabalha há dois anos na Showa, a segunda maior indústria de autopeças do Japão, juntamente com outros 400 brasileiros que exercem jornadas de até 14 horas por dia.
Desde agosto, a poupança de Falconi guardada no banco dobrou. Seu salário de 350 mil ienes, que valia R$ 2,9 mil, passou a valer R$ 5,7 mil.
Ele antecipou de julho para agora a compra da carreta, o objetivo que o fez vir ao Japão.
Falconi se beneficia ao mesmo tempo da queda do dólar em relação ao iene japonês e da desvalorização da moeda brasileira em relação à norte-americana.

Folha- Como as desvalorizações do dólar e do real mudaram sua vida?
Gilberto Falconi -
Em primeiro lugar, fiquei feliz. Rodando de felicidade. Depois, decidi comprar agora a carreta lá no Paraná. Antes que o dono decida aumentar o preço.
Folha- Você entende por que seu salário ficou maior?
Falconi -
Olha, entender mesmo não entendo. Mas acompanho. É uma complicação. A gente quer que o dólar seja fraco, mas ao mesmo tempo seja forte.
Folha- Explique isso direito...
Falconi -
Ele tem de ser fraco com relação ao iene e forte com relação ao real. É uma loucura, mas é assim que eu ganho dinheiro. Meu salário em ienes tem que ganhar do dólar. O dólar tem que ganhar do real.
Folha- Você volta quando para o Brasil?
Falconi -
Eu iria ficar o ano todo, mas acho que agora volto antes. Volto em junho ou julho. Não dá para desperdiçar essa sorte.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.