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SONHO POSSÍVEL
Desvalorização ajuda a comprar carreta
Brasileiro planeja adiantar a volta
de Tóquio
A carreta de R$ 60 mil que o
ex-caminhoneiro Gilberto Falconi, 37 anos, queria comprar
no Paraná ficou mais barata.
"Isto é, ficou com o mesmo
preço, mas ficou mais barata
para mim."
Casado com uma descendente de japoneses, ele trabalha há
dois anos na Showa, a segunda
maior indústria de autopeças
do Japão, juntamente com outros 400 brasileiros que exercem jornadas de até 14 horas
por dia.
Desde agosto, a poupança de
Falconi guardada no banco dobrou. Seu salário de 350 mil ienes, que valia R$ 2,9 mil, passou a valer R$ 5,7 mil.
Ele antecipou de julho para
agora a compra da carreta, o
objetivo que o fez vir ao Japão.
Falconi se beneficia ao mesmo tempo da queda do dólar
em relação ao iene japonês e da
desvalorização da moeda brasileira em relação à norte-americana.
Folha- Como as desvalorizações do dólar e do real mudaram sua vida?
Gilberto Falconi - Em primeiro lugar, fiquei feliz. Rodando
de felicidade. Depois, decidi
comprar agora a carreta lá no
Paraná. Antes que o dono decida aumentar o preço.
Folha- Você entende por que
seu salário ficou maior?
Falconi - Olha, entender mesmo não entendo. Mas acompanho. É uma complicação. A
gente quer que o dólar seja fraco, mas ao mesmo tempo seja
forte.
Folha- Explique isso direito...
Falconi - Ele tem de ser fraco
com relação ao iene e forte com
relação ao real. É uma loucura,
mas é assim que eu ganho dinheiro. Meu salário em ienes
tem que ganhar do dólar. O dólar tem que ganhar do real.
Folha- Você volta quando para o Brasil?
Falconi - Eu iria ficar o ano todo, mas acho que agora volto
antes. Volto em junho ou julho.
Não dá para desperdiçar essa
sorte.
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