|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria pisa no freio e reduz produção
Para IBGE, paralisações de refinarias ajudaram na queda de 0,3% em janeiro, mas tendência de avanço "moderado" continua
Setor foi mais dinâmico em janeiro deste ano do que em 2006; dado positivo foi
o crescimento de 1,7% na produção de bens de capital
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de três meses consecutivos de crescimento, a indústria pisou no freio e a produção caiu 0,3% em janeiro na
comparação (livre de efeitos sazonais) com dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística). Em
dezembro, a expansão da indústria havia sido de 0,3%.
Para Sílvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, o resultado reflete uma "acomodação" e não interrompe a trajetória "de suave crescimento da
indústria" (0,2%) na média dos
últimos três meses até janeiro.
Sales diz que o desempenho
do setor foi afetado em janeiro
por paradas técnicas em refinarias, que provocaram retração
de 4,7% no refino de petróleo.
Não fosse esse efeito, diz, a taxa
ficaria próxima da estabilidade.
O dado positivo, por sua vez,
foi o forte crescimento (1,7%)
na produção de bens de capital
(máquinas e equipamentos).
"A tendência de crescimento
morno da indústria continua. O
quadro é o mesmo. O resultado
de janeiro foi fortemente influenciado por um fator pontual [paralisações nas refinarias]", disse Sales.
Avanço sobre 2006
Se em relação a dezembro a
indústria tropeçou, o setor se
mostrou, porém, mais dinâmico do que em janeiro de 2006. A
produção cresceu 4,7% ante o
mesmo mês do ano passado.
Em janeiro, a indústria mostrou ritmo mais acelerado de
produção do que no último trimestre de 2006 (3,2%) e em todo o ano passado (2,8%).
Segundo Sales, esse dado revela a mesma tendência de aceleração da economia já apontada pelo PIB no último trimestre de 2006. É que a série com
ajuste sofre mais influências e
seu padrão é não sustentar
mais do que três meses seguidos de expansão.
No quarto trimestre, o PIB
cresceu 3,8%, mais do que os
3,2% do terceiro. Fechou 2006
com expansão de 2,9%.
Já a queda na comparação
com dezembro ficou próxima
ao piso das projeções de mercado (menos 0,8%), embora não
tenha surpreendido muito os
analistas. Solange Sour, economista-chefe da Mellon Investment, disse que é "natural uma
acomodação" após três meses
de crescimento ininterrupto.
Para Edgard Pereira, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), "há um pedaço da
indústria que se recupera",
constituído por bens duráveis
(alta de 2,1% ante dezembro) e
bens de capital.
Já as quedas dos semi e dos
não-duráveis (0,9%) e intermediários (0,3%), diz, sofreram influência das paralisações nas
refinarias, que reduziram a
produção de combustíveis destinados tanto para o consumidor final (gasolina) como para
empresas (diesel).
No caso dos semiduráveis
(calçados e vestuário), porém, a
queda de 2,8% ante dezembro
foi provocada por um fator já
conhecido: o câmbio, que reduz
exportações e amplia a concorrência com os importados.
Os dados do IBGE sinalizam
que o comércio de eletrodomésticos e veículos vendeu
bem no final de 2006, não acumulou estoques e renovou no
começo deste ano as encomendas às indústrias.
Texto Anterior: Copom deve reduzir Selic para 12,75% Próximo Texto: Máquinas e equipamentos avançam 18% Índice
|