São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Indústria pisa no freio e reduz produção

Para IBGE, paralisações de refinarias ajudaram na queda de 0,3% em janeiro, mas tendência de avanço "moderado" continua

Setor foi mais dinâmico em janeiro deste ano do que em 2006; dado positivo foi o crescimento de 1,7% na produção de bens de capital


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de três meses consecutivos de crescimento, a indústria pisou no freio e a produção caiu 0,3% em janeiro na comparação (livre de efeitos sazonais) com dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em dezembro, a expansão da indústria havia sido de 0,3%.
Para Sílvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, o resultado reflete uma "acomodação" e não interrompe a trajetória "de suave crescimento da indústria" (0,2%) na média dos últimos três meses até janeiro.
Sales diz que o desempenho do setor foi afetado em janeiro por paradas técnicas em refinarias, que provocaram retração de 4,7% no refino de petróleo. Não fosse esse efeito, diz, a taxa ficaria próxima da estabilidade.
O dado positivo, por sua vez, foi o forte crescimento (1,7%) na produção de bens de capital (máquinas e equipamentos).
"A tendência de crescimento morno da indústria continua. O quadro é o mesmo. O resultado de janeiro foi fortemente influenciado por um fator pontual [paralisações nas refinarias]", disse Sales.

Avanço sobre 2006
Se em relação a dezembro a indústria tropeçou, o setor se mostrou, porém, mais dinâmico do que em janeiro de 2006. A produção cresceu 4,7% ante o mesmo mês do ano passado.
Em janeiro, a indústria mostrou ritmo mais acelerado de produção do que no último trimestre de 2006 (3,2%) e em todo o ano passado (2,8%).
Segundo Sales, esse dado revela a mesma tendência de aceleração da economia já apontada pelo PIB no último trimestre de 2006. É que a série com ajuste sofre mais influências e seu padrão é não sustentar mais do que três meses seguidos de expansão.
No quarto trimestre, o PIB cresceu 3,8%, mais do que os 3,2% do terceiro. Fechou 2006 com expansão de 2,9%.
Já a queda na comparação com dezembro ficou próxima ao piso das projeções de mercado (menos 0,8%), embora não tenha surpreendido muito os analistas. Solange Sour, economista-chefe da Mellon Investment, disse que é "natural uma acomodação" após três meses de crescimento ininterrupto.
Para Edgard Pereira, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), "há um pedaço da indústria que se recupera", constituído por bens duráveis (alta de 2,1% ante dezembro) e bens de capital.
Já as quedas dos semi e dos não-duráveis (0,9%) e intermediários (0,3%), diz, sofreram influência das paralisações nas refinarias, que reduziram a produção de combustíveis destinados tanto para o consumidor final (gasolina) como para empresas (diesel).
No caso dos semiduráveis (calçados e vestuário), porém, a queda de 2,8% ante dezembro foi provocada por um fator já conhecido: o câmbio, que reduz exportações e amplia a concorrência com os importados.
Os dados do IBGE sinalizam que o comércio de eletrodomésticos e veículos vendeu bem no final de 2006, não acumulou estoques e renovou no começo deste ano as encomendas às indústrias.


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