São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Desvantagem da mulher cresce com escolarização

Quanto maior a escolarização, maior a distância para renda masculina, diz estudo

Diferença chega a 37% entre as profissionais com especialização ou pós-graduação, diz Ibmec; em 1995, era de até 47%


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A diferença salarial entre homens e mulheres é maior entre os profissionais mais qualificados, com maior escolaridade e na região Sul do país.
Estudo do Ibmec São Paulo a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) mostra que as mulheres com especialização ou pós-graduação recebem 37% a menos do que homens que desempenham a mesma função e têm a mesma escolaridade. Na faixa de mulheres mais qualificadas entre 41 e 50 anos, a diferença foi ainda maior: 39,22%.
Enquanto os homens ganharam, em média, R$ 2.911,01 por mês, as mulheres receberam R$ 1.831,25. Os dados são de abrangência nacional, referem-se a 2004 e consideram trabalhadores com jornada de trabalho entre 40 e 44 horas. Em 1995, essa diferença salarial chegou a 47%.
"É positivo o fato de a diferença ter diminuído, mas ainda está longe de refletir igualdade no mercado de trabalho. Além da discriminação, o que pode explicar a diferença salarial é a questão da experiência, porque a mulher entrou mais tardiamente no mercado", diz Regina Madalozzo, professora de economia do Ibmec São Paulo.
Ela cita ainda que a mulher tem mais dificuldade para acompanhar a evolução salarial do homem. "A mulher tem uma trajetória intermitente no mercado de trabalho, ao se ausentar, por exemplo, em períodos como licença-maternidade."
O estudo mostra ainda que a diferença na remuneração entre homens e mulheres menos qualificados -que desempenham funções na agricultura ou no setor de serviços - é menor. Entre trabalhadores e trabalhadoras de baixa escolaridade (com um a quatro anos de estudo), a diferença no salário era de 25,11% em 1995 e caiu para 12,40% em 2004 -o percentual é menor do que a média dos empregados e empregadas que estavam no mercado de trabalho naquele ano (16,37%).
O problema é maior entre mulheres e homens brancos do que em relação aos trabalhadores negros. A diferença nos rendimentos foi, respectivamente, de 22,94% e 1,93% em 2004. "Nesse caso, a discriminação da cor se sobrepõe à do sexo", afirma a pesquisadora.
A disparidade salarial se concentra, segundo o estudo, nas regiões Sul e Sudeste do país. A maior diferença foi encontrada no Paraná -enquanto a mulher, em média, recebeu R$ 709,81 mensais, o homem ganhou R$ 990,01.

Grande São Paulo
Já estudo da Fundação Seade na região metropolitana de São Paulo mostra outra desvantagem da mulher no mercado de trabalho. A taxa de desemprego feminina diminuiu de 2005 para 2006, mas em percentual inferior à queda registrada pelos homens. Enquanto a taxa de desemprego caiu 5,6% entre as mulheres, entre os homens a queda foi de 6,9%. A diferença entre as taxas feminina e masculina é a maior desde 2001.
As mulheres representavam 54% do total de desempregados na região metropolitana há dois anos. Em 2006, esse percentual atingiu 54,9% -o maior desde que Seade e Dieese iniciaram a pesquisa sobre emprego e desemprego.
O rendimento anual médio das mulheres ocupadas foi de R$ 869 no ano passado. O dos homens, R$ 1.291.
A menor diferença foi encontrada no setor de serviços -a remuneração das mulheres correspondia a 94,2% da dos homens. A maior desigualdade foi verificada no segmento industrial: as mulheres receberam o equivalente a 68,5% do rendimento masculino.


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