São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Lobão diz que quer Eletrobrás poderosa

No dia em que confirmou nomes do PMDB no comando da estatal, ministro diz que a quer tão forte quanto a Petrobras

Lobão fala em construir hidrelétricas em países vizinhos; empresas privadas temem movimento de reestatização do setor

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mesmo dia em que confirmou PMDB no comando da Eletrobrás, com José Antônio Muniz Lopes, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), disse que quer a estatal mais forte, tão poderosa quanto a Petrobras.
Lobão apóia emenda proposta pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em uma medida provisória que trata de créditos a Estados. Cunha incluiu um "contrabando" (emenda sob tema totalmente diferente do que trata a MP) que permite que a Eletrobrás possa ser majoritária em consórcios que disputam a construção de usinas de geração de energia e linhas de transmissão e que possa atuar no exterior.
Hoje, a Eletrobrás participa de licitações, por meio de suas subsidiárias (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul), mas é sempre minoritária em consórcio com empresas privadas.
"O que se está fazendo é, de fato, fortalecer a Eletrobrás. A intenção é tornar a Eletrobrás uma holding poderosa, a exemplo do que é a Petrobras", disse o ministro. "É bom que a Eletrobrás possa disputar espaços no exterior. Nós pretendemos construir hidrelétricas com países vizinhos", disse.
O Brasil negocia com a Argentina a construção de um complexo hidrelétrico em Garabi, com até três usinas no rio Uruguai. Também há negociações com a Bolívia, para a construção de uma usina no rio Beni, em território boliviano.
O ministro afirmou que, apesar de o texto da medida provisória prever a possibilidade de a Eletrobrás vir a ser majoritária, essa não é a intenção do governo. "Ela não tem a pretensão de ser majoritária. Ela poderá ser majoritária, nos momentos em que isso for necessário."
Para Lobão, isso pode ocorrer quando o setor privado não conseguir formar consórcios para disputar as usinas ou linhas de transmissão. "Eles poderão recorrer ao sistema estatizado para que contribua na formação desse consórcio."
A possibilidade de a Eletrobrás voltar a comprar empresas estatais, como a Cesp, não é bem-vista pelo setor privado, que vê um passo para a reestatização do setor. Em entrevista à Folha publicada na segunda, o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Salles, que representa os principais investidores privados no setor, afirmou que a medida era descabida. Para o instituto, os agentes privados não vêem como a Eletrobrás possa arcar com investimentos de R$ 20 bilhões por ano no sistema. Na avaliação do setor privado, seria melhor que o governo tentasse melhorar o desempenho da Eletrobrás.

Cargos
Além de Lopez, ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), Lobão confirmou ainda na Eletrobrás: Astrogildo Quental, na diretoria financeira; Miguel Colassuono, na administrativa; Valter Cardeal (ligado à ministra Dilma Rousseff), na de engenharia; e Ubirajara Rocha Meira, na de projetos especiais. Na presidência da Eletronorte, foi confirmado o nome de Lívio Rodrigues de Assis.


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