ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A LINHARES (ES)

A Petrobras quis rever os investimentos em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em razão da incerteza do cenário econômico causada pela crise, afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que interveio na decisão -pedindo o fim do "chororô"- para manter a construção de novas unidades a fim de aquecer a economia.
Na inauguração da fase 2 da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares (no Espírito Santo), Lula afirmou que a intenção de representantes da empresa que o procuraram era estender o prazo de gasto de US$ 112 bilhões até 2010 "para 2015, 2017".
"Um belo dia, a gente sabia que a Petrobras, por cuidado, estava pensando em não fazer todo o investimento que estava previsto na obra do PAC. Aquele negócio: "Nós vamos gastar US$ 112 bilhões até 2010. É muito apertado, vamos deixar um pouquinho para 2015, para 2017". Nós chamamos os companheiros e falamos: "Olha, não tem chororô, meu filho. Não vai deixar nada para 2017, 2015. Nós vamos gastar cada centavo que a gente puder gastar'", disse Lula, na presença do presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, e de diretores.
A estatal prevê investimento de R$ 62 bilhões neste ano. Para 2010, a estimativa é investir mais US$ 35 bilhões.
Lula afirmou que a Petrobras deveria manter o investimento para aquecer a economia, e não ficar "de braços cruzados chorando a crise econômica". "Porque nessa crise a gente vai gastar, diferentemente de outras crises, em que era preciso economizar", completou.
Em discurso para funcionários da Petrobras e de subsidiárias, o presidente citou as novas descobertas de gás e petróleo e o aquecimento da economia como justificativa para os gastos em pesquisa e prospecção -segundo ele, o valor subiu de R$ 500 milhões para R$ 2,5 bilhões em quatro anos.
"Muita gente acha que é apenas sorte [encontrar reservas de gás e petróleo]. Se dependesse de sorte, o Corinthians era campeão todo ano, e não está sendo campeão todo ano. Aliás, faz tempo que não é campeão. [...] É por isso que estamos encontrando mais. Porque não estamos de braços cruzados chorando a crise", afirmou.

Extração em Tupi
Lula anunciou que a extração do primeiro barril de petróleo da camada pré-sal do campo de Tupi será em 1º de maio, Dia do Trabalho. O anúncio foi cercado de piadas pelo presidente.
"Eu queria até beber, o José Sergio [Gabrielli] não deixou. Acho que o rim tem um problema de infiltração que pode fazer gasolina. Tinha um negócio lá em que eu não podia colocar a mão. Depois disseram que eu posso. Agora, José Sergio, eu vou te dar um banho lá em Tupi. Não sei se vai poder."
"Vamos tirar os primeiros barris de petróleo a 6.000 metros de profundidade. Não é pouca coisa. Eu já falei outras vezes que o [diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme] Estrella tem que tomar cuidado, colocar um negócio lá para filtrar, porque mais um pouquinho a gente traz japonês junto, de tão fundo que é. Dá uma olhada: a Terra é redonda, estamos cavando lá no meio da bicha, daqui a pouco vamos trazer pescoço de japonês ou chinês. Mas a sonda sabe separar o joio do trigo e vai trazer só óleo de que nós precisamos", disse o presidente.


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