São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

"Carreira no país é tão difícil como no Oriente Médio"

Filipe Redondo/Folha Imagem
Angela Martins, presidente no Brasil do banco árabe ABC


Mulher e católica, Angela Martins comanda o banco ABC (Arab Bank Corporation) no Brasil e fala de igual para igual com os xeques do petróleo. O banco dá suporte ao comércio com o Oriente Médio e às ambições no Brasil de investidores como os fundos soberanos de Abu Dhabi e Kuait, seus acionistas. Também atende a "elite" das empresas de médio para grande portes com a sofisticação que os demais bancos dispensam para Vale e Petrobras.
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, Angela Martins afirma que a dificuldade para a mulher fazer carreira no Brasil é tão grande como nos países do Oriente Médio.
"No Brasil, não é fácil chegar a uma posição de destaque. Presidentes de bancos são poucas -tem mais a Thérèse Rabieh, do WestLB, e a Deborah Vieitas, da Caixa Geral de Depósitos. Tem muita mulher no jurídico e em recursos humanos, mas nas áreas de negócio é minoria. Nos países árabes, encontro mais ou menos o mesmo número de mulheres. Isso é uma coisa que desmistifiquei."
Para a executiva, os desafios e as dificuldades que as mulheres enfrentam são os mesmos: conciliar carreira, família e disputar espaço com homens também preparados e talentosos.
"Algumas mulheres têm muita dificuldade em conciliar família e trabalho. Quando você está naquele momento em que deseja ganhar terreno, precisa ter uma dedicação total. Não é fácil quando você tem filhos pequenos. E os homens que estão crescendo também querem os melhores lugares. E eles estão com a cabeça lá e inteiros nisso. Foi mais difícil chegar a diretora internacional do que depois ganhar destaque na área de operações estruturadas e virar presidente", disse.
Para a executiva, a chave para derrubar resistências e abrir portas é conhecer e respeitar as diferenças. "Para ir à Arábia Saudita preciso usar véu; não tem problema. Os muçulmanos para orar têm de estar puros. Se tocar em uma mulher, têm de se lavar. Eu nem estendo a mão para não causar constrangimento. O viajante é que tem de se adaptar, não o país."

CLUBE DO LUXO

De reserva em badalado restaurante a festa em navio. É o que oferece a Quintessentially, empresa especializada em serviço de "concierge" de luxo, que se diz apta a satisfazer todo delírio de consumo. A companhia foi criada há dez anos na Inglaterra e um dos sócios-fundadores é Ben Elliot, parente de Camilla Parker, mulher do príncipe Charles. Presente em mais de 50 países, a Quintessentially inaugurou o primeiro escritório no Brasil, em São Paulo. Para fazer parte desse clube, é preciso desembolsar por ano de 1.500 libras (R$ 4.000) a 45 mil libras (R$ 122 mil), dependendo do plano. O presidente da empresa no Brasil, Luiz Hoinkis, conta que entre os pedidos inusitados que recebeu está o de quatro amigos que vieram de Nova York ao Rio para comemorar o aniversário de 40 anos de um deles. Às 20h30, o associado pediu a Hoinkis uma festa exótica ainda naquela noite. "Quatro horas depois, estavam 120 pessoas no navio alugado do Eike Batista, com comida e bebida", lembra ele.

O QUE ESTOU LENDO

SAGA
Guido Mantega, da Fazenda acaba de reler "Lincoln", de Gore Vidal, "saga do presidente, seu gabinete, as vaidades, as disputas".

RETORNO
"Robert Skydelsky ("The Return of the Master" -"O Retorno do Mestre') permite constatar que Keynes é válido para estudar a atual crise. O livro mostra que ela foi gerada por ideias da escola neoclássica, que pregou a desregulamentação e o império do livre mercado", diz o ministro Mantega.

BANQUEIROS
""Lords of Finance", ("Lordes das Finanças -"Os Banqueiros que Quebraram o Mundo'), de Liaquat Ahamed, faz paralelos com a situação de hoje, ao relatar o colapso da economia nos anos 20, por meio do retrato de quatro banqueiros e suas ações combinadas com os bancos centrais de seus países."

MALFEITO
"Margaret Macmillan relata a negociação que líderes do Reino Unido, da França e dos EUA fizeram em Paris, em 1919, e que desembocaram no Tratado de Versailles. Mostra as dificuldades de celebrar a paz depois de um conflito mundial e as consequências de um tratado mal costurado. Alguns analistas dizem que a Segunda Grande Guerra resultou desse acordo malfeito."


com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e TONI SCIARRETTA


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