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Trabalhadores ganham mais benefícios
Com a retomada econômica, sindicatos ampliam reivindicações e obtêm direitos como cesta básica e plano de saúde
Avanço ocorre sobretudo
nos setores mais dinâmicos,
como a construção civil, que
tem demanda aquecida e
escassez de profissionais
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
Passada a crise econômica, os
trabalhadores têm conseguido
ampliar os benefícios obtidos
nas negociações com os empregadores. Sindicatos que fizeram acordo coletivo no final do
ano passado ou no início deste
ano melhoraram itens como
auxílio-creche e vale-alimentação, reduziram a fatia descontada do salário para o vale-transporte e, em alguns casos,
pela primeira vez, asseguraram
cesta básica e plano de saúde.
O avanço ocorre principalmente nos segmentos da economia que estão mais dinâmicos, como a construção civil,
impulsionada pelas obras de
infraestrutura, pela recuperação do crédito e pelo programa
habitacional do governo.
Em algumas cidades, com a
demanda por pedreiros, carpinteiros e ferreiros em alta e a
escassez de profissionais para
preencher as vagas disponíveis,
os sindicalistas afirmam que ficou bem mais fácil negociar.
"Com a chegada das grandes
construtoras para as obras das
hidrelétricas do rio Madeira,
conseguimos aumentar os benefícios. E, depois disso, mesmo as empresas da cidade que
não fazem parte da obra tiveram que conceder benefícios
para não perder os trabalhadores", afirma Clébio Roberto Lobato, assessor-executivo do
sindicato dos trabalhadores da
construção civil de Porto Velho, em Rondônia.
No ano passado, pela primeira vez, o sindicato garantiu cesta básica e plano de saúde para
os trabalhadores da construção
pesada. O sindicato também
melhorou as condições do plano de saúde oferecido aos trabalhadores da construção leve.
Em Salvador e na Bahia, os
trabalhadores da construção
pesada conseguiram a inclusão
do plano de saúde em acordo
coletivo.
José Silvestre de Oliveira,
coordenador de relações sindicais do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos),
afirma que a pauta de reivindicações dos sindicatos se diversificou nos anos 2000, incluindo de distribuição de protetor
solar para trabalhadores que
atuam em ambientes externos
a políticas específicas para mulheres e negros. Silvestre destaca que os trabalhadores ganharam poder de barganha com o
crescimento econômico do
país, a partir de 2004.
Durante a crise, porém, a discussão dessas chamadas cláusulas sociais se estagnou. "Em
2009, negociamos no auge da
crise e não conseguimos nada
de cláusula social", diz Romildo
Miranda, do sindicato dos comerciários de Fortaleza.
A retomada da economia ajudou as negociações dos empregados da indústria de calçados.
Paulo Ribeiro, do sindicato de
Franca (SP), fechou no mês
passado acordo com pequenas
empresas para reduzir o tempo
do contrato de experiência.
Organização sindical
O número e a diversidade de
benefícios nas convenções coletivas estão relacionados a
quão antigo e forte é o sindicato
da categoria. Os que representam os metalúrgicos, por exemplo, incluem cláusulas sociais
na negociação pelo menos desde os anos 60. Miguel Torres,
do Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo, lembra que em
1961 os metalúrgicos paulistas
fizeram greve pelo então abono
de Natal, que depois foi estendido a todos no país na forma
de 13º salário.
Desde o fim do ano passado,
mesmo metalúrgicos que já
têm diversos benefícios garantidos em convenção coletiva
conseguiram melhorar algumas cláusulas. Entretanto, em
algumas regiões ainda há categorias com dificuldades de negociar tanto a melhora dos benefícios sociais quanto reajustes salariais. Em Ipatinga (MG),
o sindicato que representa os
metalúrgicos da Usiminas tenta acordo desde novembro.
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