São Paulo, domingo, 07 de abril de 2002

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TRABALHO

Empresas são atraídas pela vantagem de contratar serviços por tempo determinado sem arcar com custos da CLT

Cooperativa tira espaço de terceirizada

Ormuzd Alves/Folha Imagem
Trabalhadores da Serco Cooperativa, em Jacareí, fundada em 95 por 20 ex-funcionários da Embraer


DA REPORTAGEM LOCAL

As cooperativas estão se tornando as grandes concorrentes das empresas que fazem serviço de terceirização -isto é, que prestam serviços a outras empresas. É que as cooperativas custam menos para quem contrata seus serviços, pois elas têm, por lei, tratamento diferenciado -ou benefícios fiscais- na comparação com uma empresa mercantil.
As cooperativas estão nos mais diversos ramos. A Serco Cooperativa de Serviços e Engenharia, por exemplo, fundada em 95 por 20 ex-funcionários da Embraer, reúne atualmente 920 cooperados, todos praticamente dedicados a serviços no setor aeronáutico. A Embraer e seus parceiros são os principais clientes.
Os 35 profissionais que estão prestando atualmente serviços à Embraer -nas áreas de engenharia, desenhos e projetos- recebem uma remuneração bruta mensal de cerca de R$ 1.500.
Mário Antônio da Silva Waltrick, diretor-presidente da Serco, diz que a própria Embraer procurou pelos serviços da cooperativa. "A empresa entende que essa é uma forma moderna de terceirização, já que a cooperativa não vende mão-de-obra, mas o serviço, a capacidade do profissional de trabalhar", afirma.
A vantagem para a empresa, diz, é que ela contrata um serviço pelo período que necessita e não precisa arcar, portanto, com os custos de uma contratação por meio da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
"O cooperado não tem a segurança de um trabalhador com carteira assinada, mas tem liberdade, pois é um autônomo. E, se negociar, pode tirar até 30 dias corridos de descanso, além de incluir as férias na remuneração."
Na área da saúde, a Coopserv, criada há seis anos por um grupo de profissionais sem trabalho, começou com cinco contratos e faturamento de R$ 200 mil por mês. Hoje, a cooperativa tem entre os seus 150 clientes o hospital Albert Einstein, conta com 3.700 cooperados e, por mês, fatura R$ 2 milhões. No ano passado, segundo Marcelo Cypriano, diretor-presidente da cooperativa, o faturamento foi de R$ 25 milhões.
"No Einstein, nossos cooperados substituem profissionais afastados do trabalho temporariamente, como no caso de licença-maternidade, por exemplo", afirma. A Coopserv mantém um escritório dentro do hospital, com uma cooperada.
"O cooperado não é nosso funcionário. Também não está subordinado ao hospital. Seu serviço é eventual", diz Mário Angelino Filho, diretor de recursos humanos do hospital.

Rendimentos maiores
No ramo de tecnologia, a CTI (Cooperativa de Trabalho em Tecnologia da Informação) cresceu de 200 cooperados em 98, quando foi criada, para 3.800 associados em 2002. "Os profissionais cooperados recebem entre 30% e 40% a mais do que o mercado paga. Um consultor de tecnologia cooperado recebe R$ 4.350, enquanto no mercado, pela CLT, receberia R$ 3.047", diz Marta Reis, presidente da cooperativa. (FF e CR)


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