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Abusos devem ser combatidos, afirma Palocci
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse à Folha que as
operações que favorecem o crescimento artificial de preços serão
combatidas. Palocci foi questionado, na sexta-feira, a respeito do
movimento de remarcação de
preços por parte de indústrias de
setores concentrados.
"Os preços são livres no Brasil,
mas abusos não serão permitidos.
Existem órgãos destinados a realizar o controle econômico nos ministérios da Fazenda e da Justiça
que têm todo o prestígio para fazer o que tem que ser feito quando
há abuso em relação a esse assunto", afirmou o ministro.
No país, há concentração em setores como limpeza (com poucas
companhias de grande porte representadas por Unilever, Reckitt
Benckiser, entre outras), chocolates (Nestlé e Kraft-Lacta são líderes), cervejas (AmBev, Kaiser e
Schincariol, basicamente) e refrigerantes (AmBev, Coca-Cola).
Há setores concentrados que
enviaram tabelas de reajuste em
janeiro, mas não voltaram a sugerir aumentos agora. É o caso das
bebidas lácteas, do leite fermentado e das cervejas.
Procedimento
Nos casos em que é constatado
aumento abusivo, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) e a Seae
(Secretaria de Acompanhamento
Econômico), do Ministério da Fazenda, notificam as empresas, que
podem responder às denúncias. A
partir desses dados, as duas secretarias enviam seus pareceres ao
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica), que toma
a decisão final.
Se esta for contrária às indústrias, as companhias podem ser
multadas, segundo a assessoria de
imprensa da SDE.
Indústrias com faturamento superior a R$ 400 milhões por ano,
que decidem realizar aquisições,
ou empresas que juntas concentrem mais de 20% do mercado
são automaticamente analisadas
pela SDE e Seae.
Cartel
Segundo a SDE, também quando há denúncia de indícios de cartelização de empresas são abertos
processos administrativos para
investigar os casos.
A cartelização existe se um grupo de empresas, de um mesmo
setor, promove uma ação coordenada prejudicial ao mercado
-como a fixação única de margens de lucro ou a definição conjunta de aumento de preços entre
as companhias. A Folha não
constatou isso nas atuais negociações de preços.
No momento, a SDE investiga
indústrias de laticínios no sul do
país, que atingiram alto nível de
concentração, criando cenário favorável para a exclusão dos pequenos fornecedores.
(ADRIANA MATTOS E MAELI PRADO)
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