|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vôos podem ser compartilhados com Ocean Air
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para continuar a voar para os
destinos que opera hoje, a Varig
anunciou ontem que estuda passar a operar conjuntamente, em
uma parcela de seus vôos, com a
Ocean Air, do empresário Germán Efromovich. O acordo ainda
está em fase de negociação, mas a
expectativa é que seja assinado
nas próximas 24 horas. A idéia, a
princípio, é que os passageiros
Varig voem em aviões da Ocean
Air. O contrário não deve ocorrer.
Segundo a Folha apurou, em
troca, a companhia do boliviano
naturalizado brasileiro pagaria os
leasings das aeronaves da aérea
-as parcelas não vêm sendo pagas, e arrendadores já avaliavam a
possibilidade de pedir seus aviões
de volta. A Varig divulga mais detalhes sobre a operação hoje.
De acordo com a assessoria de
imprensa da companhia aérea, o
acordo será realizado para impedir que a Varig, por problemas financeiros, deixe de voar para todos os seus destinos atuais. A aérea admite, entretanto, que deve
haver redução de freqüências para certos destinos.
Uma informação que circulava
ontem em Brasília era que Efromovich teria se oferecido para tocar a operação da Varig por 120
dias. Para viabilizar isso, o empresário teria proposto à Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil) investir US$ 80 milhões na aérea -próprios ou do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o
que, nesse último caso, seria o
chamado "empréstimo-ponte".
Em troca, receberia os hangares
da falida Transbrasil e 10% dos
slots (espaços nos aeroportos e
horários) da Varig no futuro. Essa
versão foi negada pela assessoria
de imprensa da Varig, que confirmou apenas que Ocean Air e Varig estudam realizar operações
conjuntas.
Na avaliação dos envolvidos no
processo de reestruturação da aérea, um acordo operacional permitiria à Varig continuar voando
pelo menos pelos próximos meses. Para o governo, também seria
uma solução desejável: em um
ano eleitoral, a última coisa que o
presidente Lula quer é ver aquela
que já foi a maior companhia aérea do país fechar as portas, deixando 11 mil desempregados e
um considerável tumulto inicial,
como passageiros no exterior sem
conseguir voltar ao Brasil.
No caso da Ocean Air, a grande
vantagem seria obter mais espaço
nos aeroportos, o que há tempos
vem tentando obter. Para oferecer, a companhia tem sua credibilidade financeira, que a permitiria
obter crédito no mercado.
A operação conjunta que está
sendo estudada, e que prevê que
só os passageiros Varig voem em
aviões da Ocean Air, e não o contrário, seria um pouco menor que
a que a Varig tinha com a TAM
-na época, representava cerca
de 70% de todos os vôos.
Em janeiro deste ano, com dez
polêmicos Fokker-100 como passaporte, a até então regional
Ocean Air anunciou que pretendia chegar à cobertura nacional
em 2006. Afirmou também que
queria ampliar sua participação
doméstica de 0,3% para algo entre
6% e 8% no final deste ano. No
mês passado, estava com 0,6%.
Talvez a crise da Varig permita
que chegue a esse objetivo com
uma rapidez muito maior.
No ano passado, Efromovich foi
um dos que apareceram como interessados em comprar a companhia aérea. Quem também ensaia
uma volta para o caso Varig é o
empresário Nelson Tanure, inimigo de Efromovich nos negócios. Segundo a Folha apurou, ele
atualmente avalia se fará ou não
novamente proposta pela Varig.
Como foi fortemente atacado
quando fez sua proposta pela aérea em 2005, avalia que está desgastado e que fará movimentos
muito cuidadosos.
Texto Anterior: Crise ano ar: Governo faz plano para paralisação da Varig Próximo Texto: Candidata já sonda nomes para dirigir empresa Índice
|