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Senadores da
oposição deram
aval a diretores
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As alterações anunciadas ontem na diretoria colegiada do
Banco Central foram decididas
pela cúpula do BC e apenas comunicadas ao Ministério da
Fazenda, segundo a Folha apurou. No entanto, os nomes dos
novos diretores -Paulo Vieira
da Cunha e Mário Mesquita-
teriam sido submetidos a alguns notáveis do PSDB e do
PFL, numa consulta prévia a
senadores desses partidos.
Como é o Senado que irá sabatinar os novos diretores -
onde a oposição é majoritária-, a precaução seria justificada pela necessidade de remontar uma diretoria que permaneça no BC ganhe quem ganhar as eleições. Toda a movimentação foi interpretada pelos analistas como uma reafirmação da autonomia operacional do Banco Central.
A mudança de diretores foi
considerada uma mera troca
de guarda por analistas do
mercado. "A linha de atuação
do BC não muda, manteve-se a
a ortodoxia", diz Luiz Fernando Lopes, economista-chefe do
banco Pátria. "Trocaram seis
por meia dúzia", ecoa Emanuel
Pereira da Silva, sócio da Gap
Asset Management.
Segundo Lopes, "com essa
diretoria, se houver uma situação de estresse no mercado ou
a inflação sair da meta, o processo de queda dos juros será
interrompido. E, se a inflação
acelerar, eles subirão os juros".
Para Sérgio Werlang, diretor
do banco Itaú, com os novos
diretores aumenta o número
de pessoas com perfil para discutir macroeconomia no BC, já
que Sérgio Darcy, que deixa a
Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro,
tem um perfil mais técnico.
A saída de Darcy para assumir a presidência do conselho
deliberativo do Centrus, o fundo de pensão dos funcionários
do BC, foi considerada pelo
mercado a alteração mais "palpitante". Respeitado funcionário de carreira da instituição,
Darcy teria sido despachado
para o Centrus para pôr ordem
na casa.
Citado na CPI dos Correios
por causa de supostas operações fraudulentas com títulos
públicos, o fundo de pensão está sendo investigado também
em 25 processos abertos pelo
MPF (Ministério Público Federal), TCU (Tribunal de Contas
da União) e Polícia Federal.
Em pelo menos três, irregularidades apontadas na compra
de ações foram comprovadas
pela Secretaria de Previdência
Complementar (SPC), responsável pela fiscalização dos fundos de pensão.
Um dos processos envolve
compra de ações da Globo Cabo que teria gerado prejuízo de
R$ 36,671 milhões ao fundo.
Outro envolve o Banco Santos.
As negociações de ações,
confirmadas como fraudulentas pela SPC, foram realizadas
entre outubro de 1997 e dezembro de 1998 e geraram uma autuação da Centrus, em julho de
2004.
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