São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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Senadores da oposição deram aval a diretores

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

As alterações anunciadas ontem na diretoria colegiada do Banco Central foram decididas pela cúpula do BC e apenas comunicadas ao Ministério da Fazenda, segundo a Folha apurou. No entanto, os nomes dos novos diretores -Paulo Vieira da Cunha e Mário Mesquita- teriam sido submetidos a alguns notáveis do PSDB e do PFL, numa consulta prévia a senadores desses partidos.
Como é o Senado que irá sabatinar os novos diretores - onde a oposição é majoritária-, a precaução seria justificada pela necessidade de remontar uma diretoria que permaneça no BC ganhe quem ganhar as eleições. Toda a movimentação foi interpretada pelos analistas como uma reafirmação da autonomia operacional do Banco Central.
A mudança de diretores foi considerada uma mera troca de guarda por analistas do mercado. "A linha de atuação do BC não muda, manteve-se a a ortodoxia", diz Luiz Fernando Lopes, economista-chefe do banco Pátria. "Trocaram seis por meia dúzia", ecoa Emanuel Pereira da Silva, sócio da Gap Asset Management.
Segundo Lopes, "com essa diretoria, se houver uma situação de estresse no mercado ou a inflação sair da meta, o processo de queda dos juros será interrompido. E, se a inflação acelerar, eles subirão os juros".
Para Sérgio Werlang, diretor do banco Itaú, com os novos diretores aumenta o número de pessoas com perfil para discutir macroeconomia no BC, já que Sérgio Darcy, que deixa a Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro, tem um perfil mais técnico.
A saída de Darcy para assumir a presidência do conselho deliberativo do Centrus, o fundo de pensão dos funcionários do BC, foi considerada pelo mercado a alteração mais "palpitante". Respeitado funcionário de carreira da instituição, Darcy teria sido despachado para o Centrus para pôr ordem na casa.
Citado na CPI dos Correios por causa de supostas operações fraudulentas com títulos públicos, o fundo de pensão está sendo investigado também em 25 processos abertos pelo MPF (Ministério Público Federal), TCU (Tribunal de Contas da União) e Polícia Federal.
Em pelo menos três, irregularidades apontadas na compra de ações foram comprovadas pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC), responsável pela fiscalização dos fundos de pensão.
Um dos processos envolve compra de ações da Globo Cabo que teria gerado prejuízo de R$ 36,671 milhões ao fundo. Outro envolve o Banco Santos.
As negociações de ações, confirmadas como fraudulentas pela SPC, foram realizadas entre outubro de 1997 e dezembro de 1998 e geraram uma autuação da Centrus, em julho de 2004.


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