São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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Economista vê elevação a "grau de investimento" em dois ou três anos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil está perto de alcançar a classificação de risco de grau de investimento -"o que deve acontecer em dois ou três anos", mas o feito está condicionado à manutenção da atual política econômica, disse Frederick Jaspersen, economista do IIF (Institute of Internacional Finance, instituição que reúne banqueiros de todo o mundo) para América Latina.
"Temos simulações que mostram que o Brasil deve chegar ao "investimento grade" em dois ou três anos, mas o mais importante para que isso ocorra é a continuidade da política econômica", disse o economista, que participa no Rio de reunião do IIF com banqueiros de todo a América Latina.
O banqueiro Roberto Setubal, do Itaú, um dos anfitriões do encontro, disse que "os benefícios serão enormes" ao país quando atingido o grau de investimento. Haverá, prevê, "uma enorme redução da taxa de juros" e maior atração de investimentos. Setubal também condiciona o avanço na classificação de risco à manutenção da política econômica.
Já Charles Dallara, o diretor-gerente do IIF, traçou o cenário atual, que deve ser mantido: inflação baixa, superávit no balanço de pagamentos, posições "fortes" em reservas internacionais e austeridade fiscal. Para Dallara, apesar da estabilidade nos indicadores macroeconômicos, só reformas estruturais, especialmente nas áreas trabalhista e da Previdência, irão assegurar um crescimento econômico mais vigoroso do país nos próximos anos. Para 2006, o IFF projeta uma expansão do PIB brasileiro de 3,8%.
Num horizonte próximo, o que preocupa, diz Dallara, é o aumento da taxa de juro nos EUA, na Europa e no Japão -que pode provocar fuga de capitais dos países emergentes, destino de muitos investidores em busca de ganhos maiores. As economias latino-americanas, porém, estão "mais bem posicionadas para enfrentar esse desafio", segundo Dallara.
Para Setubal, o cenário que se avizinha não desembocará numa crise: "As economias estão muito mais sólidas para enfrentar essa situação. Não se vislumbra nenhum tipo de crise, mas uma situação de maior dificuldade".
Com discursos afinados, os três executivos disseram ainda que outro potencial temor, a seqüência de eleições na América Latina que pode levar governos de esquerda ao poder, também não traz apreensão. Eles afirmam que os avanços na América Latina, como inflação baixa e equilíbrio fiscal, foram "institucionalizados".


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