São Paulo, sábado, 07 de abril de 2007

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BrT e Telemar definem estratégia para fusão

Empresas unificam discurso de defesa do capital nacional para tentar barrar avanço da Telefônica e da Telmex no país

Principal argumento das teles para a união é que há um movimento mundial de consolidação nesse setor, do qual os EUA são exemplo


ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A Brasil Telecom e a Telemar discutem a sua fusão. Estudos estão sendo feitos para subsidiar a ação dos acionistas para derrubar as barreiras legais -e políticas- que impedem uma concessionária de telefonia fixa de adquirir ou de se juntar a outra de região diferente.
A Folha teve acesso a um desses estudos, segundo o qual, se as duas teles continuarem separadas serão engolidas, a longo prazo, pelos grupos Telefônica (Espanha) e Telmex (México), que estão em franca expansão na América Latina.
O principal argumento da BrT e da Telemar para a fusão é de que há um movimento mundial de consolidação de empresas nesse setor, do qual os EUA são o principal exemplo. No último domingo, a AT&T e a América Móvil (do grupo Telmex) anunciaram oferta de compra da empresa Olimpia, que controla a Telecom Italia.
Na América Latina, exceto Brasil, Telmex e Telefônica controlam 75% da telefonia fixa e 61% dos celulares. Nos EUA, as Baby-Bells se reagruparam e a competição está restrita a quatro grupos (AT&T, QWest, Verizon e Sprint).
BrT e Telemar alegam que estão ficando para trás na corrida pela convergência dos serviços de voz, dados e imagem, por serem impedidas de ter TV a cabo, e que esse fato, combinado com a erosão da receita da telefonia, reduzirá o valor de mercado de ambas.
A Telmex, por outro lado, tem 76% do mercado de TV a cabo, como acionista da Net e da Vivax, e oferece voz, TV paga e internet às classes A e B, de maior poder aquisitivo, sem a obrigação de levar a telefonia às áreas pobres.
O estudo lembra que a Telefônica tem a mesma estratégia da Telmex, comprou parte da TVA, e pode ficar ainda mais forte com a compra das ações da Portugal Telecom na Vivo.

Cenários
A fusão da BrT e da Telemar resultaria numa megaempresa com faturamento anual de R$ 40,5 bilhões, 23 milhões de assinantes de telefonia fixa, 16,7 milhões de assinantes de celular e 2,4 milhões de clientes de banda larga.
O estudo traça dois cenários para as telecomunicações no Brasil: um com dois grupos dominantes, no qual a Telemar e a Brasil Telecom seriam engolidas, e outro em que as duas se juntariam para concorrer com a Telefônica e com o grupo Telmex (veja quadro à pág. B6)
Nas duas simulações, a TIM (Telecom Italia Mobile) continuaria com participação relevante no mercado de celular.
No cenário de duopólio, a Telefônica engoliria não só a Telemar e a Oi mas outras empresas que não estão à venda, como Intelig e a GVT, e assumiria o controle acionário da TVA e da Vivo. Essa empresa hipotética faturaria R$ 64,3 bilhões/ano.
O grupo Telmex, na simulação, engoliria a Brasil Telecom e ficaria com uma receita bruta anual de R$ 39,6 bi. O grupo já tem a Embratel, a Claro, a Vésper e participações acionárias nas duas maiores empresas de TV a cabo do país: Net e Vivax.
A avaliação da BrT e da Telemar é de que mexicanos e espanhóis estão isolando os demais competidores, o que levou a Bell South e a Verizon a venderem ativos na América Latina.
A Folha apurou que a Telefônica reagirá se a proposta de criação de uma grande operadora nacional, em contraposição às estrangeiras, ganhar corpo. Também é esperada reação por parte da Telmex.
Executivos do grupo espanhol dizem que as regras definidas na privatização da Telebrás davam oportunidades iguais aos competidores e que não seria ""razoável" agora criar um fator de privilégio para o capital nacional.
A empresa se declara candidata ""entusiasmada" para ampliar sua atuação no Brasil. O presidente mundial do grupo, César Alierta, esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro, e anunciou investimentos de R$ 15 bilhões no país até 2010.


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