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BrT e Telemar definem estratégia para fusão
Empresas unificam discurso de defesa do capital nacional para tentar barrar avanço da Telefônica e da Telmex no país
Principal argumento das teles para a união é que há um movimento mundial de consolidação nesse setor,
do qual os EUA são exemplo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Brasil Telecom e a Telemar
discutem a sua fusão. Estudos
estão sendo feitos para subsidiar a ação dos acionistas para
derrubar as barreiras legais -e
políticas- que impedem uma
concessionária de telefonia fixa
de adquirir ou de se juntar a outra de região diferente.
A Folha teve acesso a um
desses estudos, segundo o qual,
se as duas teles continuarem
separadas serão engolidas, a
longo prazo, pelos grupos Telefônica (Espanha) e Telmex
(México), que estão em franca
expansão na América Latina.
O principal argumento da
BrT e da Telemar para a fusão é
de que há um movimento mundial de consolidação de empresas nesse setor, do qual os EUA
são o principal exemplo. No último domingo, a AT&T e a
América Móvil (do grupo Telmex) anunciaram oferta de
compra da empresa Olimpia,
que controla a Telecom Italia.
Na América Latina, exceto
Brasil, Telmex e Telefônica
controlam 75% da telefonia fixa e 61% dos celulares. Nos
EUA, as Baby-Bells se reagruparam e a competição está restrita a quatro grupos (AT&T,
QWest, Verizon e Sprint).
BrT e Telemar alegam que
estão ficando para trás na corrida pela convergência dos serviços de voz, dados e imagem,
por serem impedidas de ter TV
a cabo, e que esse fato, combinado com a erosão da receita
da telefonia, reduzirá o valor de
mercado de ambas.
A Telmex, por outro lado,
tem 76% do mercado de TV a
cabo, como acionista da Net e
da Vivax, e oferece voz, TV paga
e internet às classes A e B, de
maior poder aquisitivo, sem a
obrigação de levar a telefonia
às áreas pobres.
O estudo lembra que a Telefônica tem a mesma estratégia
da Telmex, comprou parte da
TVA, e pode ficar ainda mais
forte com a compra das ações
da Portugal Telecom na Vivo.
Cenários
A fusão da BrT e da Telemar
resultaria numa megaempresa
com faturamento anual de R$
40,5 bilhões, 23 milhões de assinantes de telefonia fixa, 16,7
milhões de assinantes de celular e 2,4 milhões de clientes de
banda larga.
O estudo traça dois cenários
para as telecomunicações no
Brasil: um com dois grupos dominantes, no qual a Telemar e a
Brasil Telecom seriam engolidas, e outro em que as duas se
juntariam para concorrer com
a Telefônica e com o grupo Telmex (veja quadro à pág. B6)
Nas duas simulações, a TIM
(Telecom Italia Mobile) continuaria com participação relevante no mercado de celular.
No cenário de duopólio, a Telefônica engoliria não só a Telemar e a Oi mas outras empresas
que não estão à venda, como
Intelig e a GVT, e assumiria o
controle acionário da TVA e da
Vivo. Essa empresa hipotética
faturaria R$ 64,3 bilhões/ano.
O grupo Telmex, na simulação, engoliria a Brasil Telecom
e ficaria com uma receita bruta
anual de R$ 39,6 bi. O grupo já
tem a Embratel, a Claro, a Vésper e participações acionárias
nas duas maiores empresas de
TV a cabo do país: Net e Vivax.
A avaliação da BrT e da Telemar é de que mexicanos e espanhóis estão isolando os demais
competidores, o que levou a
Bell South e a Verizon a venderem ativos na América Latina.
A Folha apurou que a Telefônica reagirá se a proposta de
criação de uma grande operadora nacional, em contraposição às estrangeiras, ganhar corpo. Também é esperada reação
por parte da Telmex.
Executivos do grupo espanhol dizem que as regras definidas na privatização da Telebrás davam oportunidades
iguais aos competidores e que
não seria ""razoável" agora criar
um fator de privilégio para o
capital nacional.
A empresa se declara candidata ""entusiasmada" para ampliar sua atuação no Brasil. O
presidente mundial do grupo,
César Alierta, esteve com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em janeiro, e anunciou
investimentos de R$ 15 bilhões
no país até 2010.
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