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COLAPSO DA ARGENTINA
Taxa volta a dois dígitos; em quatro meses, alta é de 21,1%, mais que os 15% previstos para 2002
Inflação até abril já estourou meta anual
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
A inflação voltou a atingir um
número de dois dígitos na Argentina após mais de uma década. O
Indec (o IBGE local) divulgou ontem que os preços ao consumidor
dispararam 10,4% em abril, contra 4% em março.
No quadrimestre, a inflação
acumula alta de 21,1% e supera a
previsão do governo para o ano
todo. De acordo com o projeto de
Orçamento, os preços subiriam
15% em 2002.
Segundo relatório da Fundação
Mercado, as projeções para maio
também não são animadoras. A
consultoria fixou um piso de 5%
para a inflação deste mês apenas
por conta de aumentos feitos em
abril mas que ainda não tiveram
impacto no bolso do consumidor.
Para não perder o controle sobre os preços, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, prometeu um controle rígido das despesas do governo e a estabilização da cotação do dólar.
O governo não divulga um preço de referência para o dólar, mas
operadores de mercado afirmam
que o Banco Central vai fortalecer
as intervenções sempre que a
moeda norte-americana se distanciar da cotação de 3,20 pesos.
Ontem, o dólar fechou a 3,25 pesos nas casas de câmbio argentinas, com queda de 1,2%. O recuo
foi explicado pela maior oferta de
moeda por parte das empresas,
que precisavam liquidar divisas
para pagar os salários aos funcionários.
Além disso, o mercado esteve
mais tranquilo porque o governo
conseguiu a promessa do Congresso de que as leis exigidas pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional) -de Falências e de Subversão Econômica- serão votadas nesta semana.
O governo também tomou ontem uma importante medida para
evitar que a inflação tenha mais
efeitos negativos para a população.
O presidente Eduardo Duhalde
assinou o decreto que elimina o
CER como índice de indexação
para contratos de hipotecas, financiamento habitacional, crédito pessoal e aluguéis. O CER tinha
como referência o índice de inflação. A partir de 2003, esses contratos passarão a ser reajustados
por um índice de variação salarial.
Novo plano
Já o ministro Lavagna confirmou que serão divulgados nesta
semana os detalhes do novo "plano Bonex", que prevê a devolução
dos depósitos congelados com
bônus. O governo ainda negocia
uma forma de dividir com os bancos a responsabilidade pelo pagamento destes bônus.
Além disso, Lavagna também
estaria estudando flexibilizar o
congelamento já a partir deste
mês. Segundo a imprensa argentina, o governo poderia aumentar
gradualmente o teto para o saque
em contas correntes e cadernetas
de poupança -que hoje está em
1.200 pesos por mês- até eliminar completamente as restrições
em agosto ou setembro.
Duhalde ainda espera fechar
nesta semana parte dos acordos
para a redução do déficit das Províncias. No entanto alguns governadores reclamam que o governo
acumulou, no primeiro quadrimestre, dívida de 338 milhões de
pesos em repasses de verbas não-realizados às Províncias, o que
pode dificultar os acordos.
Também foi divulgado ontem
que as duas principais operadoras
de telefonia do país -a Telecom
Argentina e a Telefónica- desligaram neste ano cerca de 800 mil
linhas, ou 10% da planta. A inadimplência foi usada com justificativa para os cortes.
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