São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Fluxo cambial tem maior saldo em 7 meses

Entrada de dólares fecha abril no azul em US$ 1,430 bilhão e ajuda a explicar tendência recente de valorização do real

Exportadores buscam antecipar receitas e fecham contratos logo, com o objetivo de garantir valor maior em moeda nacional


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A antecipação de receita com exportações ajudou o fluxo de câmbio a ficar positivo em US$ 1,430 bilhão, o maior resultado desde setembro, quando se agravou a crise mundial. Diante da perspectiva de maior valorização do real, os exportadores optaram pela conversão dos dólares para, com isso, assegurar um ganho maior.
Ao receberem o dinheiro contratado à vista ou negociarem com bancos o pagamento antecipado dos dólares, eles elevaram a entrada da moeda americana no Brasil, derrubando sua cotação.
Em setembro do ano passado, o saldo do mercado de câmbio -que inclui o total de vendas e compras de produtos e serviços do exterior, além de ingressos e saídas decorrentes de operações financeiras (empréstimos, investimentos e gastos com turismo)- foi positivo em US$ 2,803 bilhões, puxado pelo comércio externo.
Desde então, o resultado foi sempre negativo, mostrando que havia mais saída de moeda estrangeira do Brasil do que entrada. A exceção foi fevereiro deste ano, quando o saldo ficou positivo em US$ 841 milhões.
A entrada e a saída de dólares no país, decorrentes dos vários tipos de operações entre brasileiros e estrangeiros, explicam o comportamento do câmbio.
Após uma forte tendência de valorização do real por causa do crescimento e das perspectivas para a economia brasileira em 2008, o mercado recuou com a crise internacional a partir de setembro. O real passou a se desvalorizar, diante do medo do impacto da crise no Brasil.
Esse movimento começou a reverter recentemente, à medida que a turbulência externa dá sinais de que pode estar arrefecendo. A cotação média do dólar, que fechou março em R$ 2,32, caiu para R$ 2,17 em abril.
Em abril, segundo o Banco Central, as exportações somaram US$ 13,801 bilhões. Isso não significa que saíram mercadorias nesse montante do país. Segundo registro do Ministério do Desenvolvimento, os embarques somaram US$ 12,322 bilhões no mês passado.
A diferença, US$ 1,479 bilhão, refere-se a pagamentos à vista ou antecipações de receitas feitas pelos produtores nacionais com bancos. Como esperam que o dólar perderá valor, eles efetuam a conversão para reais antes do prazo para garantir uma cotação maior.

Contratos viram dinheiro
Os produtos serão entregues depois, mas os contratos são transformados em dinheiro vivo numa transação bancária. O problema é que o mercado nacional se inunda com moeda estrangeira e o real se valoriza.
E, para piorar, as importações, que provocam saída de recursos do país e poderiam equilibrar esse movimento, estão em queda. Os contratos de câmbio para quitar dívidas com produtores estrangeiros fechados em abril caíram para US$ 8,884 bilhões, segundo o BC, ante US$ 9,098 bilhões em março e US$ 11,256 bilhões em abril do ano passado.
"O fluxo de importações caiu e as exportações se recuperaram em razão da melhora do preço das commodities", diz a economista Cassiana Fernandez, da MauáInvest.


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