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Fluxo cambial tem maior saldo em 7 meses
Entrada de dólares fecha abril no azul em US$ 1,430 bilhão e ajuda a explicar tendência recente de valorização do real
Exportadores buscam antecipar receitas e fecham contratos logo, com o objetivo de garantir valor maior em moeda nacional
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A antecipação de receita com
exportações ajudou o fluxo de
câmbio a ficar positivo em US$
1,430 bilhão, o maior resultado
desde setembro, quando se
agravou a crise mundial. Diante
da perspectiva de maior valorização do real, os exportadores
optaram pela conversão dos
dólares para, com isso, assegurar um ganho maior.
Ao receberem o dinheiro
contratado à vista ou negociarem com bancos o pagamento
antecipado dos dólares, eles
elevaram a entrada da moeda
americana no Brasil, derrubando sua cotação.
Em setembro do ano passado, o saldo do mercado de câmbio -que inclui o total de vendas e compras de produtos e
serviços do exterior, além de
ingressos e saídas decorrentes
de operações financeiras (empréstimos, investimentos e
gastos com turismo)- foi positivo em US$ 2,803 bilhões, puxado pelo comércio externo.
Desde então, o resultado foi
sempre negativo, mostrando
que havia mais saída de moeda
estrangeira do Brasil do que entrada. A exceção foi fevereiro
deste ano, quando o saldo ficou
positivo em US$ 841 milhões.
A entrada e a saída de dólares
no país, decorrentes dos vários
tipos de operações entre brasileiros e estrangeiros, explicam
o comportamento do câmbio.
Após uma forte tendência de
valorização do real por causa do
crescimento e das perspectivas
para a economia brasileira em
2008, o mercado recuou com a
crise internacional a partir de
setembro. O real passou a se
desvalorizar, diante do medo
do impacto da crise no Brasil.
Esse movimento começou a
reverter recentemente, à medida que a turbulência externa dá
sinais de que pode estar arrefecendo. A cotação média do dólar, que fechou março em R$
2,32, caiu para R$ 2,17 em abril.
Em abril, segundo o Banco
Central, as exportações somaram US$ 13,801 bilhões. Isso
não significa que saíram mercadorias nesse montante do
país. Segundo registro do Ministério do Desenvolvimento,
os embarques somaram US$
12,322 bilhões no mês passado.
A diferença, US$ 1,479 bilhão, refere-se a pagamentos à
vista ou antecipações de receitas feitas pelos produtores nacionais com bancos. Como esperam que o dólar perderá valor, eles efetuam a conversão
para reais antes do prazo para
garantir uma cotação maior.
Contratos viram dinheiro
Os produtos serão entregues
depois, mas os contratos são
transformados em dinheiro vivo numa transação bancária. O
problema é que o mercado nacional se inunda com moeda
estrangeira e o real se valoriza.
E, para piorar, as importações, que provocam saída de recursos do país e poderiam equilibrar esse movimento, estão
em queda. Os contratos de
câmbio para quitar dívidas com
produtores estrangeiros fechados em abril caíram para US$
8,884 bilhões, segundo o BC,
ante US$ 9,098 bilhões em
março e US$ 11,256 bilhões em
abril do ano passado.
"O fluxo de importações caiu
e as exportações se recuperaram em razão da melhora do
preço das commodities", diz a
economista Cassiana Fernandez, da MauáInvest.
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