São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

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BC indica que manterá o ritmo de alta dos juros

Efeitos dos gastos do governo preocupam mais Copom que desdobramentos da crise grega

Ata da última reunião do Copom sinaliza que alta dos juros nos próximos meses é necessária para colocar a inflação na meta prevista

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central deve manter o ritmo de aumento da taxa básica de juros nos próximos meses para colocar a inflação na meta, de acordo com a ata da última reunião do Copom, divulgada ontem.
Na semana passada, o BC aumentou a taxa, que estava inalterada desde julho do ano passado, de 8,75% para 9,50% ao ano. O documento divulgado ontem reforçou as apostas de que os juros devem subir para 10,25% na reunião de junho.
Apesar dos problemas na Grécia e em outros países europeus, o BC diz que está mais preocupado com os efeitos dos gastos do governo sobre a economia brasileira do que com o ambiente externo, que ainda é de "liquidez abundante".
Para o BC, a piora no mercado internacional ainda não compromete o fluxo de recursos para o país. Além disso, os preços de ativos brasileiros e commodities, fatores que afetam a inflação doméstica, continuam se valorizando.
A instituição afirma, no entanto, que esse cenário pode ser rapidamente revertido, o que vai depender do "quadro de desconfiança" do mercado em relação à solvência dessas economias europeias.
Ao justificar a alta dos juros, o BC diz que era preciso agir de forma "incisiva" para evitar a disparada da inflação. Para o BC, apesar de a crise econômica ter sido superada, os incentivos do governo continuam estimulando o aumento da demanda, que está acima da oferta.
"A despeito da reversão de parcela substancial dos estímulos introduzidos durante a recente crise financeira internacional, desde a última reunião, aumentaram os riscos à concretização de um cenário inflacionário benigno", diz a ata.
Além do aumento recente da inflação, o Banco Central vê como sinais de aquecimento da economia os indícios de escassez de mão de obra em alguns segmentos e a alta dos custos de insumos para a produção.
O BC não divulga as previsões para o IPCA, mas diz que elas estão "sensivelmente" acima da meta de 4,50% na maioria dos cenários traçados para 2010 e para 2011.


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