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Europa quer liberação de voos com Brasil
Proposta em análise pela Comissão Europeia prevê abertura mútua de mercado, com aumento do número de rotas diretas
Com Copa e Olimpíada, ideia é ampliar o fluxo anual de passageiros em 335 mil; hoje o número está em torno de 4 milhões por ano
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
De olho na Copa de 2014 e na
Olimpíada de 2016, a Comissão
Europeia quer negociar com o
Brasil um acordo para abrir
mutuamente o mercado de
aviação, que passa por dificuldades. Entre outras propostas,
está o aumento do número de
voos diretos, reduzindo conexões domésticas.
A ideia é aumentar o fluxo
anual de passageiros, hoje em
torno de 4 milhões, em 335 mil
já no primeiro ano de vigência.
A proposta escrita pelo comissário de transportes da União
Europeia, Siim Kallas, estima
que um tratado criaria benefícios anuais de € 460 milhões
(R$ 1,1 bilhão) ao consumidor.
"Recomendarei a todos os
ministros do transporte da UE
que abram negociações com o
Brasil o quanto antes visando
maior abertura e padrões regulatórios mais altos", escreve.
O comissário vai ao Rio no
fim do mês para uma cúpula de
aviação civil entre UE e América Latina, quando será assinado um acordo sobre segurança
e outro em serviços do setor.
Ante o pedido de Kallas, cabe
agora aos ministros dos 27 países do bloco referendarem a
abertura de negociação. Em
média, até a conclusão, acordos
sobre temas específicos fechados pela UE levam dois anos.
Segundo a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), o
que o Brasil discute no momento é a definição em bloco
com a UE do número de voos
entre o país e a região.
Atualmente, a definição do
número de frequências semanais é feita por meio de acordos
bilaterais, negociados com cada país. O objetivo da mudança
é aumentar o número de voos
ligando o Brasil à região.
Segundo a Folha apurou,
não há interesse do governo
brasileiro em apoiar a prática
de "céus abertos", que seria
equivalente ao fim das restrições para voos entre Europa e
Brasil. Entre as empresas, a
mais afetada em caso de eventual mudança seria a TAM, que
tem participação minoritária
no tráfego Brasil-Europa.
Latinos em alta
Os europeus estão interessados nas possibilidades do mercado brasileiro com a realização da Copa e da Olimpíada
-a fragilidade da malha aérea
brasileira é constantemente citada pela Fifa e pelo Comitê
Olímpico Internacional.
Além disso, o crescimento
projetado para a América Latina -4,1%, segundo a Iata, principal entidade do setor- é o
maior do mundo, enquanto na
Europa a expectativa era de retração de 0,6%, isso antes da
erupção do vulcão islandês, o
que significa que o percentual
deve ser bem maior.
Como um todo, as aéreas deveriam perder US$ 2,8 bilhões
neste ano. O fechamento do espaço aéreo da UE por cinco dias
por causa do vulcão causou prejuízos de US$ 1,7 bilhão.
Para a Iata, acordos assim são
bem-vindos. "A liberalização,
com campo aberto para competição, é o meio pelo qual o setor
avançará", disse à Folha o porta-voz Anthony Concil.
A expectativa é que, com o
acordo, as empresas europeias
possam aumentar a frequência
de voos diretos e que restrições
à capacidade e à frequência
caiam de ambos os lados.
"Hoje, muitas empresas da
UE usam o máximo dos direitos de tráfego permitidos, sobretudo em São Paulo", escreveu à Folha o porta-voz da Comissão Europeia Dale Kidd.
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