São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Polícia prende 12 doleiros em ação em SP

Eles são acusados de fazer remessa ilegal de recursos para o exterior e ficarão detidos por ao menos cinco dias

Sobrinho de ex-banqueiro Edemar, do Banco Santos, também é preso depois de a PF encontrar em cofre US$ 400 mil


MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem 12 doleiros em São Paulo sob a acusação de operarem casas de câmbio que faziam remessas ilegais para o exterior.
Em conseqüência das investigações e de 22 operações de busca e apreensão realizadas ontem, a PF prendeu também Ricardo Ferreira de Souza e Silva, sobrinho de Edemar Cid Ferreira, ex-controlador do Banco Santos. A Folha apurou que ele foi preso porque a PF encontrou US$ 400 mil (R$ 900 mil) em cofres que ele alugara em duas agências do Itaú.
Foram localizadas também informações sobre uma conta que ele manteria na Suíça.
Edemar está preso desde o dia 26 de maio, sob acusação de ocultar o destino de obras de arte que têm no exterior e de tentar obstruir o processo judicial do qual é réu. Ontem, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou a sua liberação.
Entre os documentos apreendidos com Souza e Silva, a PF vai investigar a autenticidade de um bilhete escrito por Edemar na cela do CDP 2 (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos com instruções para que o sobrinho concluísse um negócio que o ex-banqueiro teria iniciado.
Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Souza e Silva, disse que a prisão é ilegal porque a posse de dólares não é sinal de periculosidade.
A polícia investiga a hipótese de que o sobrinho possa ser uma das fontes dos rendimentos de Edemar. Os doleiros seriam usados para Souza e Silva, de acordo com essa hipótese, para trazer recursos que o banqueiro manteria no exterior. Inicialmente, o juiz Fausto Martin de Sanctis, que determinou a prisão de Edemar, foi contrário à aplicação da mesma pena para o sobrinho do banqueiro, pedida pelo procurador Silvio Luís Martins de Oliveira. Quando a PF localizou os US$ 400 mil, o juiz mudou de idéia. Decretou prisão preventiva. Esse gênero de prisão não tem prazo limite.
Aos outros 12 doleiros, cujos nomes foram mantidos em sigilo, foi aplicado um outro tipo de prisão, a temporária -dura cinco dias, prorrogável por mais cinco.
A PF descobriu as relações de Souza e Silva com doleiros na Operação Violeta -batizada porque uma das casas de câmbio funcionava numa rua com esse nome. Nas escutas telefônicas, o sobrinho de Edemar trata de negócios com o grupo.
Os doleiros são acusados de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas e de operar instituição financeira sem autorização.


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