São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Comentário

Economia dos EUA desacelera e inflação sobe

DO "FINANCIAL TIMES"

Crescimento dos EUA desacelera, mas inflação aumenta. Os dados variam, mas o Fed (Federal reserve, o banco central dos EUA) provavelmente aumentará os juros mais uma vez. Não pode haver muita discussão sobre a observação feita por Ben Bernanke anteontem de que a economia americana está "entrando em um período de transição". Compreensivelmente, porém, os mercados se concentraram na parte menos ambivalente dos comentários do presidente do Fed, de que a inflação está "na extremidade superior ou acima" do que a maioria dos economistas considera coerente com estabilidade de preços. Em conseqüência, o mercado de futuros agora prevê outro aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Fed, no final do mês. Mas as coisas não são necessariamente tão simples. Dados recentes dos EUA colocam um desafio particular porque vão em direções opostas. Como observou Bernanke, a inflação básica -excluindo alimentos e energia- aumentou para 3,2% nos últimos três meses, em relação à média de 2,8% em seis meses. Parte dela pode ser atribuída ao fato de se repassarem os aumentos dos preços do petróleo e outras matérias-primas para os custos no varejo. Mas também poderia significar pressões inflacionárias resultantes de um aumento na capacidade utilizada nos EUA.

Desaceleração
Contra isso, existe uma clara evidência de que o crescimento econômico dos EUA em geral está começando a desacelerar, como o Fed tinha previsto há muito tempo. Os números do emprego não-agrícola da última sexta-feira pareceram mornos, com um aumento de apenas 75 mil em relação à média de 125 mil nos últimos meses. Além disso, existem outros sinais de enfraquecimento no mercado habitacional, com a desaceleração das vendas e evidências convincentes -apesar da volatilidade nos dados residenciais dos Estados Unidos- de uma queda da inflação dos preços de residências. Existem sinais correspondentes de uma desaceleração paralela no entusiasmo dos consumidores, que foi, em grande parte, sustentado pelo mercado de habitação. Em comentários anteriores, Bernanke sugeriu que estaria preparado para tolerar um aumento da inflação em curto prazo, desde que não afetasse a previsão do Fed para o médio prazo.


Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES


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