Apesar do câmbio, vendas ao exterior crescem 17%, mas setor já vê desaceleração

Impulsionada pelo reaquecimento do mercado interno com a redução dos juros, produção de veículos em maio teve alta de 20%

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

As montadoras bateram recordes de produção, vendas e exportação nos primeiros cinco meses deste ano, apesar das críticas ao câmbio que já levaram Volkswagen e General Motors ao anúncio de planos de demissões e redução na produção.
Segundo balanço divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a produção e a exportação de maio também foram as maiores da história para o mês.
Mesmo assim, o presidente da associação, Rogelio Golfarb, ainda disse estar preocupado com as vendas ao exterior, que absorvem 33% da produção brasileira de veículos.
As exportações registraram aumento de 16,7% e atingiram US$ 1,058 bilhão em maio. Em abril o setor tiveram queda de 9,4% em relação a março.
No acumulado do ano, as vendas para outros países alcançaram US$ 4,6 bilhões. Apesar da alta de 8,6%, a Anfavea mantém a projeção de que as exportações vão crescer apenas 2,7% no ano e alcançar US$ 11,5 bilhões. "Há uma uma desaceleração nas exportações. No mesmo período de 2005, cresceram quase 40%", disse.
Ele também afirmou que as exportações aumentaram em valores, mas em unidades vendidas houve queda de 3,2% porque as empresas começaram a comercializar produtos de maior valor agregado. "Tínhamos uma vantagem chamada câmbio. Quando ela deixou de existir, apareceram outras ineficiências, como a questão tributária, os créditos do ICMS derivados da exportação e a lei cambial, que é antiga."
Golfarb defendeu a modernização da legislação cambial e possibilidade de as empresas utilizarem os recursos com exportação para a compra de insumos importados sem a necessidade de trazer as divisas ao Brasil. A medida está em análise pelo governo federal e poderia reduzir custos das exportações em 4%, segundo ele.

Produção
Em maio, a produção de veículos registrou alta de 20,1%. Foram fabricados 245,2 mil veículos no mês passado, contra 204,1 mil em abril. Já as vendas internas de veículos somaram 164,1 mil unidades, o que significa uma alta de 25,1% em relação a abril. Na comparação com maio do ano passado, houve alta de 14,8%.
"Depois de um abril morno, tivemos um maio bastante forte." O crescimento econômico e a redução dos juros são apontados como os motivos para o incremento no mercado interno. Além disso, maio teve quatro dias úteis a mais que abril.
As vendas de veículos bicombustíveis, entretanto, tiveram uma queda relativa pelo segundo mês consecutivo. A participação no total de vendas, que chegou a 77,6% em março, caiu para 76,3% em maio.


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