São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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Operação da PF prende 36 acusados de contrabando

Entre os presos ontem, há 13 policiais civis e militares

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Operação Rota Oeste, deflagrada ontem pelo Ministério Público do Paraná, resultou em 36 prisões, sendo 13 de policiais civis e militares paranaenses, e 54 mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram em 13 municípios do Paraná e três de Santa Catarina. Participaram da operação 260 policiais civis, militares e federais do Paraná e de Santa Catarina.
A Operação Rota Oeste é uma resposta do Ministério Público e da Justiça do Paraná à criação de rotas alternativas -especialmente pelo lago de Itaipu- pelo contrabando no Estado. Reportagem da Folha no último domingo mostrou que o contrabando migrou para a região do lago de Itaipu após o início do funcionamento de uma aduana mais rigorosa em Foz do Iguaçu, em 2006.
A operação atingiu especialmente os municípios de Santa Helena, Pato Bragado e Guaíra, nas margens do lago da usina binacional de Itaipu, mostrados na reportagem da Folha como os principais pontos para a travessia de mercadorias contrabandeadas do Paraguai.
O promotor de Justiça André Pastenak Glitz, da PIC (Promotoria de Investigações Criminais), que coordenou a operação, disse que os 36 presos ontem faziam parte de duas quadrilhas especializadas no contrabando de mercadorias e tráfico de drogas.
"Cerca de 55% da ações das quadrilhas estavam voltadas para o contrabando de cigarros, mas elas operavam ainda com eletrônicos, pneus, armas, munições e drogas", disse. Segundo ele, entre os dez mandados de prisão não cumpridos ontem, estão o de dois policiais civis, que estão foragidos. Na operação foram presos outros sete policiais civis e seis policiais militares paranaenses.
Glitz disse que a operação irá continuar até que todos os mandados de prisão preventiva, determinados pela juíza Simone Trento, da Comarca de Guaíra (oeste do PR), sejam cumpridos. Na operação foram apreendidas nove armas, 80 mil caixas de cigarros, R$ 23 mil e US$ 15 mil. Além das prisões, a operação fez ainda quatro autuações por contrabando, cinco flagrantes por porte ilegal de arma e R$ 160 mil em autuações pela Receita.
As quadrilhas agiam na compra de mercadorias no Paraguai, no transporte e no armazenamento no Paraná, sempre atendendo encomendas dos grandes centros urbanos brasileiros. "O pagamento era feito em dólares, mas existia também o roubo de carros no Brasil para pagar as mercadorias no Paraguai", disse Glitz.

Policiais
O promotor disse que a participação de policiais, da Polícia Civil e Militar do Paraná, nas duas quadrilhas desbaratadas ontem iam desde o papel de informantes, mantendo as quadrilhas informadas sobre blitze e operações contra o contrabando, até a atuação armada na escolta das mercadorias.
Relatório do serviço de inteligência da PF obtido pela Folha mostra que a atuação de policiais lotados na região da fronteira ia além: existem policiais envolvidos diretamente no comando de quadrilhas de contrabandistas. Alguns dos policiais citados no relatório foram presos na Operação Rota Oeste. Segundo Glitz, entre os presos estão policiais que participavam de assaltos organizados pelas quadrilhas, especialmente de carros, para troca com mercadorias no Paraguai.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, disse que os policiais civis presos já estão submetidos à correição "para que sejam demitidos o mais rápido possível".


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