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Operação da PF prende 36 acusados de contrabando
Entre os presos ontem, há 13 policiais civis e militares
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A Operação Rota Oeste, deflagrada ontem pelo Ministério
Público do Paraná, resultou em
36 prisões, sendo 13 de policiais
civis e militares paranaenses, e
54 mandados de busca e
apreensão. As ações ocorreram
em 13 municípios do Paraná e
três de Santa Catarina. Participaram da operação 260 policiais civis, militares e federais
do Paraná e de Santa Catarina.
A Operação Rota Oeste é
uma resposta do Ministério
Público e da Justiça do Paraná
à criação de rotas alternativas
-especialmente pelo lago de
Itaipu- pelo contrabando no
Estado. Reportagem da Folha
no último domingo mostrou
que o contrabando migrou para a região do lago de Itaipu
após o início do funcionamento
de uma aduana mais rigorosa
em Foz do Iguaçu, em 2006.
A operação atingiu especialmente os municípios de Santa
Helena, Pato Bragado e Guaíra,
nas margens do lago da usina
binacional de Itaipu, mostrados na reportagem da Folha
como os principais pontos para
a travessia de mercadorias contrabandeadas do Paraguai.
O promotor de Justiça André
Pastenak Glitz, da PIC (Promotoria de Investigações Criminais), que coordenou a operação, disse que os 36 presos ontem faziam parte de duas quadrilhas especializadas no contrabando de mercadorias e tráfico de drogas.
"Cerca de 55% da ações das
quadrilhas estavam voltadas
para o contrabando de cigarros, mas elas operavam ainda
com eletrônicos, pneus, armas,
munições e drogas", disse. Segundo ele, entre os dez mandados de prisão não cumpridos
ontem, estão o de dois policiais
civis, que estão foragidos. Na
operação foram presos outros
sete policiais civis e seis policiais militares paranaenses.
Glitz disse que a operação irá
continuar até que todos os
mandados de prisão preventiva, determinados pela juíza Simone Trento, da Comarca de
Guaíra (oeste do PR), sejam
cumpridos. Na operação foram
apreendidas nove armas, 80
mil caixas de cigarros, R$ 23
mil e US$ 15 mil. Além das prisões, a operação fez ainda quatro autuações por contrabando, cinco flagrantes por porte
ilegal de arma e R$ 160 mil em
autuações pela Receita.
As quadrilhas agiam na compra de mercadorias no Paraguai, no transporte e no armazenamento no Paraná, sempre
atendendo encomendas dos
grandes centros urbanos brasileiros. "O pagamento era feito
em dólares, mas existia também o roubo de carros no Brasil para pagar as mercadorias
no Paraguai", disse Glitz.
Policiais
O promotor disse que a participação de policiais, da Polícia
Civil e Militar do Paraná, nas
duas quadrilhas desbaratadas
ontem iam desde o papel de informantes, mantendo as quadrilhas informadas sobre blitze
e operações contra o contrabando, até a atuação armada na
escolta das mercadorias.
Relatório do serviço de inteligência da PF obtido pela Folha mostra que a atuação de policiais lotados na região da
fronteira ia além: existem policiais envolvidos diretamente
no comando de quadrilhas de
contrabandistas. Alguns dos
policiais citados no relatório foram presos na Operação Rota
Oeste. Segundo Glitz, entre os
presos estão policiais que participavam de assaltos organizados pelas quadrilhas, especialmente de carros, para troca
com mercadorias no Paraguai.
O secretário de Segurança
Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, disse que os
policiais civis presos já estão
submetidos à correição "para
que sejam demitidos o mais rápido possível".
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