São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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China eleva rigor com produtos

Após escândalos, governo cria sistema de inspeções de remédios e alimentos

Problemas com produtos exportados pelo país neste ano resultaram em recolhimento de ração nos EUA e mortes no Panamá


DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES", EM XANGAI

Em resposta às crescentes preocupações internacionais quanto a alimentos contaminados e remédios falsificados, a China anunciou na noite de terça-feira que revisará seus regulamentos quanto a remédios e alimentos e criará um sistema nacional de inspeções.
O anúncio do Conselho de Estado, mais alto órgão administrativo do país, é o mais forte sinal até o momento de que Pequim está agindo para reprimir a venda de alimentos e medicamentos perigosos e tentando acalmar os temores de que algumas de suas exportações causem problemas de saúde.
A decisão se segue a uma série de episódios embaraçosos neste ano envolvendo a exportação de cremes dentais e ingredientes para ração animal contaminados, por empresas chinesas. Os ingredientes contaminados para rações resultaram em uma das maiores ordens de recolhimento de ração animal na história dos EUA.
No mês passado, reportagem do "New York Times" revelou que pelo menos cem pessoas haviam morrido, no Panamá, depois de usar um remédio contendo glicol dietileno, que havia sido produzido na China e exportado como se fosse glicerina, um componente inócuo usado em xaropes.
E, nas últimas semanas, diversos países, entre os quais Estados Unidos, Panamá e Nicarágua ordenaram o recolhimento ou emitiram alertas sobre cremes dentais fabricados na China, porque eles contêm glicol dietileno.
Embora Pequim tenha defendido vigorosamente a qualidade e a segurança dos alimentos e remédios exportados pela China, e até mesmo negado que o creme dental exportado oferecesse risco, as autoridades regulatórias do governo ao mesmo tempo reforçaram suas inspeções de segurança e fecharam empresas acusadas de produzir alimentos inseguros ou remédios falsificados.
Mas, com a pressão cada vez mais forte de parte das autoridades regulatórias de Estados Unidos, Europa e outras regiões do mundo, e com as empresas internacionais de alimentos expressando preocupação quanto ao risco de importar alimentos e ingredientes de ração chineses, Pequim decidiu promover uma resposta mais vigorosa à crise.
O governo informou em seu comunicado que planejava implementar, até 2010, novos controles sobre a importação e exportação de alimentos e remédios, bem como reforçar o teste aleatório de medicamentos e coletar informações de inspeção sobre 90% de todos os produtos alimentícios. "Recentemente, nosso país sofreu uma série de problemas na exportação de alimentos", disse Wei Chuangzhong, diretor-assistente da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena. "A questão nos colocou em estado de alerta urgente."


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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