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China eleva rigor com produtos
Após escândalos, governo cria sistema de inspeções de remédios e alimentos
Problemas com produtos exportados pelo país neste ano resultaram em
recolhimento de ração nos EUA e mortes no Panamá
DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES", EM XANGAI
Em resposta às crescentes
preocupações internacionais
quanto a alimentos contaminados e remédios falsificados, a
China anunciou na noite de
terça-feira que revisará seus regulamentos quanto a remédios
e alimentos e criará um sistema
nacional de inspeções.
O anúncio do Conselho de
Estado, mais alto órgão administrativo do país, é o mais forte
sinal até o momento de que Pequim está agindo para reprimir
a venda de alimentos e medicamentos perigosos e tentando
acalmar os temores de que algumas de suas exportações
causem problemas de saúde.
A decisão se segue a uma série de episódios embaraçosos
neste ano envolvendo a exportação de cremes dentais e ingredientes para ração animal
contaminados, por empresas
chinesas. Os ingredientes contaminados para rações resultaram em uma das maiores ordens de recolhimento de ração
animal na história dos EUA.
No mês passado, reportagem
do "New York Times" revelou
que pelo menos cem pessoas
haviam morrido, no Panamá,
depois de usar um remédio
contendo glicol dietileno, que
havia sido produzido na China
e exportado como se fosse glicerina, um componente inócuo
usado em xaropes.
E, nas últimas semanas, diversos países, entre os quais Estados Unidos, Panamá e Nicarágua ordenaram o recolhimento ou emitiram alertas sobre cremes dentais fabricados
na China, porque eles contêm
glicol dietileno.
Embora Pequim tenha defendido vigorosamente a qualidade e a segurança dos alimentos e remédios exportados pela
China, e até mesmo negado que
o creme dental exportado oferecesse risco, as autoridades regulatórias do governo ao mesmo tempo reforçaram suas inspeções de segurança e fecharam empresas acusadas de produzir alimentos inseguros ou
remédios falsificados.
Mas, com a pressão cada vez
mais forte de parte das autoridades regulatórias de Estados
Unidos, Europa e outras regiões do mundo, e com as empresas internacionais de alimentos expressando preocupação quanto ao risco de importar alimentos e ingredientes de ração chineses, Pequim
decidiu promover uma resposta mais vigorosa à crise.
O governo informou em seu
comunicado que planejava implementar, até 2010, novos
controles sobre a importação e
exportação de alimentos e remédios, bem como reforçar o
teste aleatório de medicamentos e coletar informações de
inspeção sobre 90% de todos os
produtos alimentícios.
"Recentemente, nosso país
sofreu uma série de problemas
na exportação de alimentos",
disse Wei Chuangzhong, diretor-assistente da Administração Geral de Supervisão de
Qualidade, Inspeção e Quarentena. "A questão nos colocou
em estado de alerta urgente."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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