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Fisco "caça" 14 mil por operações milionárias
Pessoas físicas declararam muito menos do que indicaram suas contas bancárias; lista inclui ainda 8.600 empresas
Receita cruzou os valores declarados com a CPMF retida; sonegação pode ter chegado a R$ 1 bi entre 2003 e 2007, sem juros e multas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal vai começar a investigar, a partir de segunda-feira, 13.803 pessoas físicas com movimentações bancárias milionárias, muito acima
da renda declarada ao fisco, e
8.600 empresas que sacaram e
depositaram dinheiro apesar
de estarem sem funcionar ou
mesmo sem entregar as declarações de tributos nos últimos
cinco anos.
"Estamos falando na casa de
milhões [de reais] para cima.
Não estamos falando de R$
1.000. Queremos demonstrar
para o contribuinte de quem a
gente estará atrás", disse o
coordenador de fiscalização da
Receita, Marcelo Fish, sobre o
perfil dos sonegadores.
Esses contribuintes fazem
parte de um grupo de 22.403
que foram selecionados para a
segunda etapa do plano anual
de fiscalização da Receita, lançado ontem. Desse total, 2.000
pessoas e empresas serão os
primeiros alvos, pois concentram os maiores indícios de sonegação. Segundo a Receita,
apenas esses contribuintes podem ter sonegado R$ 1 bilhão
em tributos entre 2003 e 2007,
sem incluir juros e multas.
O fisco escolheu os sonegadores cruzando os dados da
CPMF recolhida até o fim do
ano passado e a renda informada pelos contribuintes em suas
declarações do Imposto de
Renda. No caso das empresas,
os alvos foram aquelas que declararam estar inativas, que
não tinham receita ou que deixaram de apresentar declarações e ainda assim registraram
saques e depósitos elevados.
Entre as pessoas físicas, há
4.589 que movimentaram nos
bancos recursos em média 190
vezes superior ao total dos rendimentos declarados e 9.214
profissionais liberais que tiveram saques e depósitos muito
acima das declarações entregues.
Inativas
No grupo de empresas, há
938 que declararam estar inativas e mesmo assim movimentaram R$ 8 bilhões no sistema
financeiro. Outras 3.617 pessoas jurídicas selecionadas não
entregaram declarações ou disseram não ter tido nenhuma
receita. No entanto giraram R$
89 bilhões nos bancos.
"Essas empresas tentam passar a impressão de que não estão funcionando regularmente", afirmou Fish.
Na primeira etapa da fiscalização, anunciada em março, 37
mil contribuintes foram escolhidos. Desde então, foram
abertos 2.600 processos de fiscalização, dos quais 176 já foram encerrados. As autuações
nesses últimos processos foram de R$ 7,2 milhões, mas a
Receita estima que o total sonegado nas investigações em
andamento some R$ 1 bilhão.
O coordenador de fiscalização explicou que um mesmo
contribuinte pode estar incluído nas duas etapas, mas disse
que a Receita começou a intimar novos sonegadores com
base no critério de movimentação financeira, enquanto na
primeira etapa o critério de escolha se baseava em informações sobre despesas de cartões
de crédito e transações imobiliárias, entre outras.
Após ser notificado pela Receita, o contribuinte tem 30
dias para pagar o que deve ou
contestar administrativamente
a cobrança nas delegacias de
julgamento do fisco e depois no
Conselho de Contribuintes.
Não há prazo para decisão e
também é possível contestar a
cobrança judicialmente.
As multas por sonegação de
tributos variam de 75% a 150%
do valor devido, caso haja irregularidades. Se o contribuinte
retificar a declaração, a multa é
limitada a 20%.
A terceira etapa do programa
de fiscalização será lançada
ainda neste mês e o foco serão
as empresas com indícios de
sonegação de contribuições
previdenciárias.
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