São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

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Empresas se dizem dispostas a mudanças

DA REPORTAGEM LOCAL

Em conversas com o governo, a VisaNet e a Redecard informaram que estão dispostas a promover mudanças para trazer competitividade ao setor de cartões e impedir uma investigação de formação de cartel e de abuso de poder econômico.
A Folha apurou que a VisaNet prometeu abrir mão da exclusividade da bandeira Visa em julho de 2010. Com isso, pretende desestimular o governo a adotar medidas de força em defesa da concorrência.
O Santander, acionista da VisaNet, comunicou ao governo que exercerá sua licença para usar a marca MasterCard em breve, muito provavelmente no segundo semestre.
Com isso, a Redecard terá seu primeiro competidor no uso dessa bandeira. O Santander tem essa licença, sem usá-la em grande escala -mesmo caso do IBI, instituição financeira que era ligada à rede varejista C&A e que foi comprada pelo Bradesco por R$ 1,4 bilhão na última sexta. HSBC e Tribanco (do grupo Martins, atacadista com atuação forte no Triângulo Mineiro) também têm a licença, mas nunca exerceram o direito de usá-la.
A VisaNet e a Redecard também disseram ao governo serem contrárias à permissão aos lojistas para cobrar preços diferenciados com base nos meios de pagamento. Segundo elas, a medida estimularia a informalidade e não traria a competitividade desejada.
Das soluções aventadas pelo estudo oficial do setor, no entanto, a que mais assusta as duas empresas é a ideia de obrigá-las a separar os negócios de credenciamento dos de compensação e liquidação.
Redecard e VisaNet querem manter suas estruturas atuais. Estão contratando pareceres para convencer o governo de que seu formato atual não é um empecilho à competição.
A investigação do governo ocorre em um momento delicado para a VisaNet. Em maio passado, a empresa retomou seu processo de abertura de capital, que havia sido suspenso em setembro de 2008 devido à crise global.
Com a ofensiva do governo para dissolver o duopólio no setor, o modelo de negócios da Visanet poderá mudar, impactando a procura por seu IPO (oferta inicial de ações).

Outro lado
A VisaNet informa que, por estar em processo de oferta pública, não pode se pronunciar sobre o assunto.
Em notas, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) e a Redecard informaram que não vão se manifestar sobre o estudo do Banco Central, da SDE e da Seae.
Segundo o consultor Boanerges Ramos Freire, especializado em varejo financeiro, os bancos já têm argumentos sólidos contra alguns aspectos do estudo feito pelo governo.
"A exclusividade que a Redecard e a VisaNet hoje possuem não são apenas um aspecto de exercício de poder econômico. São também resultado de um processo histórico. As duas empresas conseguiram organizar o mercado e dar o salto tecnológico que permitiu a popularização do uso de cartões no Brasil", diz o consultor.

Compartilhamento
Para Freire, o compartilhamento de terminais de cartões, medida exigida pelo governo, não é algo tão simples de ser feito. "É verdade que, no exterior, um mesmo terminal faz operações com cartões de bandeiras distintas. Mas, fora do Brasil, essas maquininhas têm uso limitado. Nós criamos modalidades distintas, como a compra parcelada no cartão, que dificultam o compartilhamento dos terminais." (MA)


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