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Empresas se dizem dispostas a mudanças
DA REPORTAGEM LOCAL
Em conversas com o governo, a VisaNet e a Redecard informaram que estão dispostas a
promover mudanças para trazer competitividade ao setor de
cartões e impedir uma investigação de formação de cartel e
de abuso de poder econômico.
A Folha apurou que a VisaNet prometeu abrir mão da exclusividade da bandeira Visa
em julho de 2010. Com isso,
pretende desestimular o governo a adotar medidas de força
em defesa da concorrência.
O Santander, acionista da VisaNet, comunicou ao governo
que exercerá sua licença para
usar a marca MasterCard em
breve, muito provavelmente no
segundo semestre.
Com isso, a Redecard terá
seu primeiro competidor no
uso dessa bandeira. O Santander tem essa licença, sem usá-la em grande escala -mesmo
caso do IBI, instituição financeira que era ligada à rede varejista C&A e que foi comprada
pelo Bradesco por R$ 1,4 bilhão
na última sexta. HSBC e Tribanco (do grupo Martins, atacadista com atuação forte no
Triângulo Mineiro) também
têm a licença, mas nunca exerceram o direito de usá-la.
A VisaNet e a Redecard também disseram ao governo serem contrárias à permissão aos
lojistas para cobrar preços diferenciados com base nos meios
de pagamento. Segundo elas, a
medida estimularia a informalidade e não traria a competitividade desejada.
Das soluções aventadas pelo
estudo oficial do setor, no entanto, a que mais assusta as
duas empresas é a ideia de
obrigá-las a separar os negócios de credenciamento dos de
compensação e liquidação.
Redecard e VisaNet querem
manter suas estruturas atuais.
Estão contratando pareceres
para convencer o governo de
que seu formato atual não é um
empecilho à competição.
A investigação do governo
ocorre em um momento delicado para a VisaNet. Em maio
passado, a empresa retomou
seu processo de abertura de capital, que havia sido suspenso
em setembro de 2008 devido à
crise global.
Com a ofensiva do governo
para dissolver o duopólio no
setor, o modelo de negócios da
Visanet poderá mudar, impactando a procura por seu IPO
(oferta inicial de ações).
Outro lado
A VisaNet informa que, por
estar em processo de oferta pública, não pode se pronunciar
sobre o assunto.
Em notas, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços) e
a Redecard informaram que
não vão se manifestar sobre o
estudo do Banco Central, da
SDE e da Seae.
Segundo o consultor Boanerges Ramos Freire, especializado em varejo financeiro, os
bancos já têm argumentos sólidos contra alguns aspectos do
estudo feito pelo governo.
"A exclusividade que a Redecard e a VisaNet hoje possuem
não são apenas um aspecto de
exercício de poder econômico.
São também resultado de um
processo histórico. As duas empresas conseguiram organizar
o mercado e dar o salto tecnológico que permitiu a popularização do uso de cartões no Brasil", diz o consultor.
Compartilhamento
Para Freire, o compartilhamento de terminais de cartões,
medida exigida pelo governo,
não é algo tão simples de ser
feito. "É verdade que, no exterior, um mesmo terminal faz
operações com cartões de bandeiras distintas. Mas, fora do
Brasil, essas maquininhas têm
uso limitado. Nós criamos modalidades distintas, como a
compra parcelada no cartão,
que dificultam o compartilhamento dos terminais."
(MA)
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