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País detecta foco de doença em aves do RS
Conhecida como Newcastle, moléstia não era registrada no Brasil desde 2001; associação do setor diz que caso é isolado
Maior preocupação é com possíveis efeitos negativos para o comércio exterior, mas governo considera
a situação sob controle
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um foco da doença de Newcastle foi detectado em uma pequena propriedade agrária de
subsistência no município gaúcho de Vale Real. A informação
foi divulgada pela OIE (Organização Internacional de Saúde
Animal). A doença tem origem
virótica e é muito contagiosa
entre as aves, provocando a redução do número de ovos e de
sua qualidade e, em alguns casos, a morte do animal. Não
tem, porém, repercussões na
saúde dos seres humanos.
A doença ocorrera pela última vez no Brasil em 2001 no
município de Nova Roma (GO).
Das 44 aves existentes no local, 17 ficaram doentes (16 delas
morreram) e as restantes foram sacrificadas em 8 de maio.
A existência do foco fez com
que o Ministério da Agricultura
e a Secretaria Estadual da Agricultura determinassem um
monitoramento em 120 pequenas propriedades existentes a
um raio de 3 km do foco e em 30
granjas comerciais de um raio
até 10 km do local.
Até amanhã, será feita toda a
coleta nas aves existentes no local. Depois de ser concluído esse serviço, uma ave "sentinela"
já colocada no local do foco será
observada. Se em 21 dias não
for constatada sua contaminação, o ministério considerará o
local livre do vírus.
""Como as aves já foram sacrificadas e não surgiram mais
aves doentes na região, achamos que foi um caso isolado.
Além disso, o foco fica em um
vale, o que dificultaria sua propagação", disse o coordenador
nacional do Programa de Sanidade Agrícola, Marcelo Mota.
O diagnóstico foi estabelecido pelo Laboratório Nacional
Agropecuário (Lanagro) de São
Paulo, de acordo com a OIE.
O Rio Grande do Sul tem produção média de 800 mil toneladas de frango. Desse total, 72%
são exportados, 11% vendidos a
outros Estados e 16% consumidos no mercado gaúcho. A Asgav (Associação Gaúcha dos
Avicultores) não acredita em
problemas para as exportações.
""Foi um foco isolado", disse
Aristides Vogt, presidente.
A preocupação de governo e
produtores é com o impacto
que o foco da doença pode ter
sobre as exportações do Brasil.
Entre janeiro e junho deste
ano, as vendas de carne de frango para o exterior somaram
US$ 1,3 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
União Européia e Rússia são os
principais compradores.
Por enquanto, nenhum país
anunciou qualquer tipo de embargo ao frango brasileiro. O
Brasil já enfrenta problemas
nessa área com a carne bovina
devido ao surto de febre aftosa
ocorrido no ano passado -até
hoje, vários países mantêm restrições à carne brasileira.
Ontem Santa Catarina determinou o impedimento do ingresso de ovos na divisa com o
Rio Grande do Sul. À noite, o
governo gaúcho comunicou
que os catarinenses deverão
abrir corredor sanitário para a
passagem de seus produtos.
Primeira crise
Trata-se da primeira crise
enfrentada pelo novo ministro
da Agricultura, Luiz Carlos
Guedes Pinto, que tomou posse
no cargo na última segunda-feira, depois da demissão de Roberto Rodrigues. Com o agravamento da crise enfrentada pelo
setor agrícola, Rodrigues deixou o comando do ministério
devido às dificuldades que encontrou em conciliar as exigências dos ruralistas e a resistência do governo em socorrer os
produtores.
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