São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Dólar reduz preços de importados nos supermercados

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Apesar do aumento no preço dos alimentos, que pressionou a inflação no primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE, a apreciação do real em relação ao dólar vem trazendo mais produtos para a mesa do consumidor. Com a desvalorização da moeda americana, que caiu 12,5% nos últimos 12 meses, os supermercados ampliaram o mix de importados, trazendo para as gôndolas itens que antes eram caros demais para o paladar brasileiro.
De acordo com pesquisa da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados), 37% das empresas trabalhavam com itens importados em 2005, número elevado para 52% no ano passado, quando os produtos passaram a representar, em média, 3,08% do faturamento das redes -sem considerar o que vem direto das indústrias, que podem ser de marcas nacionais, mas produzidos em plantas fora do país. Em 2005, o percentual era de 2,13%.
Para este ano, a projeção do presidente da associação, Sussumu Honda, é de que o patamar chegue a 5%, mas puxado principalmente pelos setores têxtil, calçadista e de eletroeletrônicos. "Ainda assim, é pouco esse percentual considerando o mercado mundial", comentou.
A administradora de empresas Helga Bell tem parentes no continente europeu e já morou em vários países da América do Sul, por isso tem seus importados preferidos e está sempre em busca de novidades nas gôndolas dos supermercados.

Motivação
Helga disse que o dólar em queda "é uma motivação para olhar os preços". "Sou curiosa e vou experimentando conforme vai ficando mais acessível", afirmou, acrescentando que provou recentemente biscoitos de uma marca dinamarquesa.
No Carrefour, líder do setor supermercadista no país, o peso da importação direta passou de 1% do faturamento há um ano e meio para 2% com as constantes quedas do dólar.
Para César Collier, diretor da rede francesa no Brasil, o volume pode crescer ainda mais, já que há muitos itens estocados pelas indústrias, como os destilados, ou elas podem "estar com gordura", ou seja, embolsando a redução dos preços, sem repassar para as redes de supermercados. "Estamos indo para cima disso", afirmou.
Em quantidade, o número de importados também quase dobrou e agora já são cerca de 600 itens nas gôndolas da rede. A lista de produtos que ficaram mais acessíveis inclui geléias francesas, biscoitos americanos e italianos, risotos prontos italianos, energéticos holandeses e ketchups americanos.
O Wal-Mart, que ocupa a terceira posição no ranking, não revela a participação dos importados, mas informou que as vendas desses itens cresceram 36% na comparação de janeiro a maio deste ano com o mesmo período de 2006. As compras de azeite extra virgem, por exemplo, registraram alta de 160%, e as dos chocolates chegaram a 230%.
Entre os vinhos, os portugueses foram os que mais cresceram (270%), seguido de italianos (50%) e argentinos (44%).

Estratégia
Na Casa Santa Luzia, tradicional empório na região central da cidade de São Paulo, os importados representam 55% do faturamento, mas eram 50% até 2005, quando o dólar estava bem mais valorizado.
Uma estratégia do diretor da Casa, Jorge Lopes, para chamar a atenção do cliente é colocar nas gôndolas o preço anterior e o atualizado dos produtos, para que eles percebam a redução.
Por causa da redução nos preços, a nacionalidade do vinho vem mudando nas gôndolas da Santa Luzia. Antes, 60% das importações dessa bebida destilada vinham do continente europeu, e os outros 40% eram provenientes do Chile e da Argentina. Com o câmbio favorável aos países vizinhos, que vende a bebida em dólar, essa divisão se inverteu.


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