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Dólar reduz preços de importados nos supermercados
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Apesar do aumento no preço
dos alimentos, que pressionou
a inflação no primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE,
a apreciação do real em relação
ao dólar vem trazendo mais
produtos para a mesa do consumidor. Com a desvalorização
da moeda americana, que caiu
12,5% nos últimos 12 meses, os
supermercados ampliaram o
mix de importados, trazendo
para as gôndolas itens que antes eram caros demais para o
paladar brasileiro.
De acordo com pesquisa da
Abras (Associação Brasileira
dos Supermercados), 37% das
empresas trabalhavam com
itens importados em 2005, número elevado para 52% no ano
passado, quando os produtos
passaram a representar, em
média, 3,08% do faturamento
das redes -sem considerar o
que vem direto das indústrias,
que podem ser de marcas nacionais, mas produzidos em
plantas fora do país. Em 2005, o
percentual era de 2,13%.
Para este ano, a projeção do
presidente da associação, Sussumu Honda, é de que o patamar chegue a 5%, mas puxado
principalmente pelos setores
têxtil, calçadista e de eletroeletrônicos. "Ainda assim, é pouco
esse percentual considerando o
mercado mundial", comentou.
A administradora de empresas Helga Bell tem parentes no
continente europeu e já morou
em vários países da América do
Sul, por isso tem seus importados preferidos e está sempre
em busca de novidades nas
gôndolas dos supermercados.
Motivação
Helga disse que o dólar em
queda "é uma motivação para
olhar os preços". "Sou curiosa e
vou experimentando conforme
vai ficando mais acessível",
afirmou, acrescentando que
provou recentemente biscoitos
de uma marca dinamarquesa.
No Carrefour, líder do setor
supermercadista no país, o peso da importação direta passou
de 1% do faturamento há um
ano e meio para 2% com as
constantes quedas do dólar.
Para César Collier, diretor da
rede francesa no Brasil, o volume pode crescer ainda mais, já
que há muitos itens estocados
pelas indústrias, como os destilados, ou elas podem "estar
com gordura", ou seja, embolsando a redução dos preços,
sem repassar para as redes de
supermercados. "Estamos indo
para cima disso", afirmou.
Em quantidade, o número de
importados também quase dobrou e agora já são cerca de 600
itens nas gôndolas da rede. A
lista de produtos que ficaram
mais acessíveis inclui geléias
francesas, biscoitos americanos e italianos, risotos prontos
italianos, energéticos holandeses e ketchups americanos.
O Wal-Mart, que ocupa a terceira posição no ranking, não
revela a participação dos importados, mas informou que as
vendas desses itens cresceram
36% na comparação de janeiro
a maio deste ano com o mesmo
período de 2006. As compras
de azeite extra virgem, por
exemplo, registraram alta de
160%, e as dos chocolates chegaram a 230%.
Entre os vinhos, os portugueses foram os que mais cresceram (270%), seguido de italianos (50%) e argentinos (44%).
Estratégia
Na Casa Santa Luzia, tradicional empório na região central da cidade de São Paulo, os
importados representam 55%
do faturamento, mas eram 50%
até 2005, quando o dólar estava
bem mais valorizado.
Uma estratégia do diretor da
Casa, Jorge Lopes, para chamar
a atenção do cliente é colocar
nas gôndolas o preço anterior e
o atualizado dos produtos, para
que eles percebam a redução.
Por causa da redução nos
preços, a nacionalidade do vinho vem mudando nas gôndolas da Santa Luzia. Antes, 60%
das importações dessa bebida
destilada vinham do continente europeu, e os outros 40%
eram provenientes do Chile e
da Argentina. Com o câmbio favorável aos países vizinhos, que
vende a bebida em dólar, essa
divisão se inverteu.
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