São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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Fundos multimercados são os que mais perdem recursos

Categoria tem saída de R$ 21,5 bi neste ano, depois de liderar captações em 2007

Instabilidade do mercado de ações e alta de juros levam investidores a buscar outras aplicações e a aproveitar a opção de saída dos fundos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos multimercados, categoria líder no quesito captação de recursos no ano passado, sofre neste ano com uma inversão de movimento, sendo a que mais tem perdido recursos. Apesar de os fundos multimercados terem conseguido no mês passado captação líquida positiva de R$ 3,07 bilhões, no ano a categoria perdeu R$ 21,48 bilhões em recursos.
O diferencial dos multimercados é o seu poder de mobilidade. Nessa categoria, os gestores estão habilitados a recorrer a diferentes segmentos de investimento para montar as carteiras, passando por ações, papéis públicos e privados que pagam juros, câmbio e outros.
No ano passado, os multimercados registraram captação líquida (diferença entre aplicações e resgates) de R$ 26,84 bilhões, segundo balanço da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Mas quase todo esse capital acabou evaporando no primeiro semestre deste ano.
"Saiu muito dinheiro dos multimercados no primeiro semestre. Com o ambiente mais volátil, os juros em alta e a performance talvez não tão satisfatória de fundos da categoria, houve muito investidor sacando recursos", disse Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset Management.
A saída bilionária de recursos no primeiro semestre fez com que o patrimônio líquido dos multimercados, de R$ 263 bilhões, passasse a representar 21,7% de toda a indústria de fundos brasileira. No final do ano passado, a categoria representava 23,5% do mercado.
A retomada da elevação das taxas de juros tem sido um fator com influência negativa sobre os multimercados. Com aplicações de menor risco, como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e os fundos DI e de renda fixa, prometendo retornos mais atraentes nos próximos meses, muitos investidores têm preferido migrar para essas aplicações.
Há também a opção do Tesouro Direto, que passou a oferecer ao pequeno investidor, via internet, a possibilidade de aplicar em títulos do governo que rendem juros e são considerados de baixíssimo risco. O difícil momento que atravessa a Bolsa de Valores, com queda generalizada de ações, também afeta a categoria.
Apesar do encolhimento recente, os multimercados seguem como a segunda categoria em importância do mercado, ficando atrás apenas dos fundos de renda fixa, que abocanham 29,5% do total.

Diferenças
Por suas características, os multimercados têm chances de dar rendimentos mais atrativos do que aplicações atreladas aos juros, como a renda fixa, o DI e o CDB. Mas o retorno de cada fundo multimercado varia bastante. E nem todos os multimercados carregam ações em suas carteiras.
"Os multimercados são uma ponte entre a renda fixa e a variável. Assim, essa categoria tem chances de ganhar em qualquer ambiente. Por isso, o investidor deve estar informado, pesquisar e conhecer os gestores da aplicação", afirmou Póvoa, da Modal Asset.
Há segmentos chamados de "sem renda variável", que têm bastante procura e podem passar ilesos por crises como a atual, que tem abatido o mercado acionário.
Além disso, há os multimercados com alavancagem. Um fundo alavancado carrega maiores riscos que as outras aplicações e pode registrar perdas maiores que o seu patrimônio, devido às opções de investimento que realiza.
No acumulado do ano, os únicos multimercados que estão com captação positiva são os "sem renda variável". Isso demonstra que o investidor tem se incomodado com as oscilações das ações, sacando as suas economias de aplicações mais expostas a sofrerem com o sobe-e-desce da Bovespa.
Os multimercados sem renda variável receberam líquidos R$ 5,38 bilhões em recursos até o fim do mês passado. Já os multimercados com renda variável e os alavancados foram os que tiveram os maiores saques, que totalizaram R$ 17,29 bilhões no primeiro semestre.


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