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Poupança registra a maior captação no ano
Depósitos na caderneta superam saques em R$ 2,1 bi em junho; fundos de renda fixa e DI, atrelados aos juros, perderam R$ 4,3 bi
No 1º semestre, resultado da poupança ainda é 45% menor do que no mesmo período de 2008 por conta dos saques no início do ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A procura pela caderneta de
poupança voltou a crescer no
mês passado, segundo dados
divulgados pelo Banco Central.
Em junho, os depósitos superaram os saques em R$ 2,09 bilhões, aumento de 11% em relação ao resultado de maio.
Foi também a maior captação registrada pela aplicação
desde dezembro de 2008, mês
em que tradicionalmente há
mais depósitos devido ao 13º
salário. No final de junho, o saldo total das cadernetas ativas
estava em R$ 282 bilhões.
O resultado acumulado no
primeiro semestre, por sua vez,
foi um pouco mais modesto.
Entre janeiro e junho, os depósitos na caderneta superaram
os saques em R$ 2,45 bilhões,
queda de 45% em relação ao
saldo dos primeiros seis meses
de 2008. Isso ocorreu porque o
comportamento da poupança
ao longo dos primeiros meses
deste ano não foi uniforme,
com a maior parte da captação
concentrada em maio e junho,
depois de anunciadas as mudanças planejadas pelo governo na tributação da caderneta.
Desde janeiro, quando o BC
deu início ao processo de redução da taxa Selic, começou a ser
discutido no governo o impacto
que essa queda dos juros teria
sobre os fundos de investimento. Boa parte do patrimônio
desses fundos, especialmente
os de renda fixa e DI, está aplicada em títulos públicos, que
perdem rentabilidade a cada
corte da Selic.
Além do efeito dos juros mais
baixos, a rentabilidade dos fundos era afetada pela taxa de administração cobrada pelos fundos e pela alíquota de até 22,5%
de Imposto de Renda a que são
sujeitos os seus ganhos. A poupança não está sujeita a nenhuma dessas duas cobranças, o
que aumenta o ganho líquido
oferecido a seus aplicadores.
À medida que as discussões
sobre possíveis medidas a serem adotadas pelo governo
avançavam, os saques na caderneta aumentavam. Partidos de
oposição chegaram até a comparar as possíveis mudanças
com o confisco da poupança no
governo de Fernando Collor.
Entre janeiro e abril, os saques
superaram os depósitos em R$
1,52 bilhão.
Em maio, as mudanças foram anunciadas. O governo se
comprometeu a cobrar Imposto de Renda das aplicações acima de R$ 50 mil da poupança e
a reduzir a alíquota que incide
sobre os fundos, mas não fixou
uma data para a implantação
das novas regras.
O anúncio da medida pode
ter mudado os planos dos poupadores, e entre maio e junho a
captação da caderneta voltou a
ser positiva.
Mas o volume de depósitos
ainda não é visto pela equipe
econômica como um sinal de
que esteja havendo uma migração de recursos dos fundos de
investimento.
De acordo com a Anbid (Associação Nacional dos Bancos
de Investimento), os saques
nos fundos de renda fixa e DI
superaram os depósitos em R$
4,28 bilhões no mês passado
(leia texto nesta página). Apesar de negativo, o saldo é relativamente pequeno perto dos
mais de R$ 500 bilhões de saldo
mantidos nessa aplicação.
Por enquanto, a avaliação do
governo é que ainda há espaço
para que os bancos reduzam as
taxas de administração de seus
fundos e possam oferecer aos
investidores uma rentabilidade
mais atraente do que a da poupança. Por isso, não há pressa
para a implantação das novas
regras -que, no caso da tributação da poupança, depende
também de aprovação do Congresso. Além disso, o governo
teme o desgaste da negociação
sobre o tema com o Legislativo
e os efeitos da cobrança de imposto sobre a poupança em ano
eleitoral como 2010.
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