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Agrofolha
Tratores "populares" salvam mecanização
Setor de máquinas agrícolas no país vende 9,2% menos unidades no 1º semestre; colheitadeiras têm recuo de 34,4%
Mercado de tratores de rodas tem queda geral de 5,8% no mercado interno, mas segmento de até 75 cavalos obtém alta de 55%
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Os programas oficiais de incentivo à aquisição de máquinas agrícolas por pequenas
propriedades evitaram um desempenho ainda mais sombrio
do setor na primeira metade
deste ano. No balanço divulgado ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores),
as vendas de janeiro a junho no
mercado interno somaram
23.056 unidades, 9,2% menos
que em igual período de 2008.
Os negócios com colheitadeiras, máquinas de grande porte,
diminuíram 34,4%, para 1.372
unidades. No segmento de tratores de rodas, a queda foi mais
modesta, de 5,8%, puxada pelo
recuo de 37% dos modelos com
mais de 75 cavalos -baixa parcialmente compensada pela alta de 55% nas vendas de unidades de até 75 cavalos.
O segmento de potência menor, historicamente dono de
45% do mercado, ficou com
dois terços da comercialização
no primeiro semestre. A Anfavea atribui 90% dessas vendas
aos programas de incentivo do
MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e dos governos do Paraná e de São Paulo.
Os programas oficiais dispõem de condições de financiamento competitivas para esse
segmento, segundo a Anfavea.
Desde julho de 2008, o Mais
Alimentos, organizado pelo
MDA, dá dez anos para a quitação, com três de carência. Os juros são de 2% ao ano. Para comparar: a Selic, taxa básica da
economia definida pelo Banco
Central, está em 9,25% anuais.
Parceria do MDA com a Anfavea propiciou desconto de até
17,5% nas máquinas. Os valores
-de motocultivadores a tratores- oscilam na faixa dos R$ 10
mil à dos R$ 70 mil.
O programa do governo do
Paraná, o Trator Solidário, em
vigor desde outubro de 2007,
segue as linhas gerais do Mais
Alimentos. O projeto, em parceria com a New Holland, oferece máquinas com preços 25%
mais em conta em relação ao
programa federal.
Em São Paulo, o Pró-Trator,
iniciado em dezembro do ano
passado pela Secretaria de
Agricultura, financia máquinas
a juro zero, com subvenção do
governo do Estado e pagamento em cinco anos, com dois a
três de carência.
A meta é chegar, até o fim de
2010, a 6.000 tratores de 50 a
120 cavalos. Os preços são até
24% mais baixos que o valor de
mercado. Até ontem havia
3.702 produtores inscritos e
2.380 projetos aprovados.
Medida anticíclica
O ministro Guilherme Cassel
(Desenvolvimento Agrário) diz
que as linhas do Mais Alimentos contribuíram para as medidas anticíclicas do governo
contra a crise financeira mundial, que se agravou dois meses
depois de seu lançamento.
Apenas de julho a outubro do
ano passado, foram financiadas
11 mil máquinas. Cassel prevê
que até 2010 sejam 60 mil tratores. "As indústrias puderam
manter postos de trabalho."
Em outubro, quando o Trator Solidário completará dois
anos, o secretário da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini,
prevê que o programa supere
4.000 máquinas, total projetado inicialmente para 2010. No
começo deste mês, o número
estava perto de 3.600 unidades.
Mesmo com o desempenho
dos tratores de menor potência, a Anfavea não se animou a
rever as projeções para o setor
de máquinas agrícolas em
2009. A entidade manteve a
previsão de encolhimento de
14% nas vendas e de 24% na
produção, diz o vice-presidente
Milton Rego, diretor de relações externas da CNH.
Rego avalia que, se comparadas a outras opções no mercado, as linhas para o agronegócio
também são competitivas. O
Finame agrícola tem juros de
4,5% ao ano. O agricultor comercial, no entanto, se mostra
arisco em fazer novas dívidas.
De acordo com a Anfavea, nos
últimos 12 meses, dos R$ 2,5 bilhões disponíveis no Moderfrota, apenas 70% (pouco mais de
R$ 1,7 bilhão) foram utilizados.
Colaborou TATIANA RESENDE , da Redação
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