|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
Sul-americanos planejam pedir ao Fundo que altere norma que vê gasto com investimento como despesa
Países latinos querem mudar regra do FMI
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os países da América do Sul traçam uma estratégia conjunta para
irem ao FMI (Fundo Monetário
Internacional) pedir que seja modificada a regra do fundo que
contabiliza como despesas gastos
com investimentos dos países da
região. Eles querem que as regras
sejam as mesmas adotadas para
os países da Europa.
A informação foi dada ontem
pelo presidente da CAF (Corporación Andina de Fomento), Enrique García, durante seminário sobre integração regional realizado
em conjunto pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e a própria
CAF. A CAF é uma espécie de
banco de desenvolvimento latino-americano, mantido por 16
países, inclusive o Brasil.
"É preciso que haja um critério
uniforme", disse García. Segundo
ele, há chances de que o pleito seja
atendido. "Creio que haja uma
disposição razoavelmente favorável do fundo a adotar esse regime", afirmou.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, que tem defendido nas últimas semanas a mudança das regras do FMI, para permitir que os
governos possam se endividar
mais para fazer investimentos em
infra-estrutura, disse que há
"uma imensa maioria" dos gestores públicos da região a favor da
mudança.
Segundo García, os países sul-americanos querem que o FMI
passe a incluir como déficit público relacionado a um determinado
investimento só a parcela do empreendimento a ser amortizada
naquele ano (principal e juros), e
não o valor total do projeto. Segundo ele, é assim que é feito em
relação aos países europeus.
O objetivo dos países sul-americanos, ao pressionar o FMI, é conseguir aumentar a disponibilidade de recursos públicos para investimentos, especialmente em
obras de infra-estrutura pouco
atraentes para o setor privado.
Projetos
Uma carteira com 23 projetos
de infra-estrutura, totalizando investimentos de US$ 12,5 bilhões,
está sendo apresentada por 12
países da América do Sul para serem examinados no "1º Seminário Internacional de Co-Financiamento BNDES/CAF: Prospecção
de Projetos de Integração Física
Sul-Americana". O evento, que
termina amanhã, está sendo realizado na sede do BNDES (Rio).
O objetivo é definir quais os
projetos prioritários para que
BNDES e CAF funcionem ao mesmo tempo como financiadores e
coordenadores de captação de recursos para a execução das obras.
O maior de todos os projetos é o
do aproveitamento hidrelétrico e
hidroviário do rio Madeira, a ser
apresentado amanhã pelo Brasil,
no valor total de US$ 5,5 bilhões,
apenas no trecho nacional.
O outro projeto brasileiro, a
construção de um ferroanel na cidade de São Paulo, custará US$ 1
bilhão, segundo Lessa. Ele disse
que no caso do anel ferroviário é
provável que o Ministério dos
Transportes opte inicialmente
por uma alternativa mais barata.
Apesar de o conjunto dos projetos relacionados no caderno distribuído pela organização do
evento somar US$ 12,5 bilhões, a
CAF e o BNDES estão adotando
US$ 4,5 bilhões como o número a
ser trabalhado inicialmente.
Texto Anterior: Fuga: Saques ainda superam depósitos em poupança Próximo Texto: José Alencar volta a reclamar da taxa de juros Índice
|