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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Sul-americanos planejam pedir ao Fundo que altere norma que vê gasto com investimento como despesa

Países latinos querem mudar regra do FMI

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Os países da América do Sul traçam uma estratégia conjunta para irem ao FMI (Fundo Monetário Internacional) pedir que seja modificada a regra do fundo que contabiliza como despesas gastos com investimentos dos países da região. Eles querem que as regras sejam as mesmas adotadas para os países da Europa.
A informação foi dada ontem pelo presidente da CAF (Corporación Andina de Fomento), Enrique García, durante seminário sobre integração regional realizado em conjunto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a própria CAF. A CAF é uma espécie de banco de desenvolvimento latino-americano, mantido por 16 países, inclusive o Brasil.
"É preciso que haja um critério uniforme", disse García. Segundo ele, há chances de que o pleito seja atendido. "Creio que haja uma disposição razoavelmente favorável do fundo a adotar esse regime", afirmou.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, que tem defendido nas últimas semanas a mudança das regras do FMI, para permitir que os governos possam se endividar mais para fazer investimentos em infra-estrutura, disse que há "uma imensa maioria" dos gestores públicos da região a favor da mudança.
Segundo García, os países sul-americanos querem que o FMI passe a incluir como déficit público relacionado a um determinado investimento só a parcela do empreendimento a ser amortizada naquele ano (principal e juros), e não o valor total do projeto. Segundo ele, é assim que é feito em relação aos países europeus.
O objetivo dos países sul-americanos, ao pressionar o FMI, é conseguir aumentar a disponibilidade de recursos públicos para investimentos, especialmente em obras de infra-estrutura pouco atraentes para o setor privado.

Projetos
Uma carteira com 23 projetos de infra-estrutura, totalizando investimentos de US$ 12,5 bilhões, está sendo apresentada por 12 países da América do Sul para serem examinados no "1º Seminário Internacional de Co-Financiamento BNDES/CAF: Prospecção de Projetos de Integração Física Sul-Americana". O evento, que termina amanhã, está sendo realizado na sede do BNDES (Rio).
O objetivo é definir quais os projetos prioritários para que BNDES e CAF funcionem ao mesmo tempo como financiadores e coordenadores de captação de recursos para a execução das obras.
O maior de todos os projetos é o do aproveitamento hidrelétrico e hidroviário do rio Madeira, a ser apresentado amanhã pelo Brasil, no valor total de US$ 5,5 bilhões, apenas no trecho nacional.
O outro projeto brasileiro, a construção de um ferroanel na cidade de São Paulo, custará US$ 1 bilhão, segundo Lessa. Ele disse que no caso do anel ferroviário é provável que o Ministério dos Transportes opte inicialmente por uma alternativa mais barata.
Apesar de o conjunto dos projetos relacionados no caderno distribuído pela organização do evento somar US$ 12,5 bilhões, a CAF e o BNDES estão adotando US$ 4,5 bilhões como o número a ser trabalhado inicialmente.


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