São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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FINANÇAS

Após fuga de aplicações em títulos desses países, aparecem sinais de estabilização, até com entrada de recurso

Investidores fogem menos de emergentes

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma intensa saída de investidores de papéis da dívida de países emergentes, intensificada a partir de abril, começam a aparecer os primeiros sinais de estabilização.
Na semana terminada no dia 21 de julho, os fundos que aplicam em títulos da dívida de emergentes registraram entrada de US$ 2 milhões. Foi a primeira injeção de recursos em 11 semanas. Os dados são da EmergingPortfolio.com.
Nas duas últimas semanas prevaleceram as retiradas. Entre 29 de julho e 4 de agosto, por exemplo, saíram US$ 69 milhões. Mas, na avaliação de Brad Durham, diretor da corretora americana, essas saídas são "modestas". A EmergingPortfolio.com monitora fundos que somam um patrimônio de mais de US$ 3 trilhões.
"Há, sem dúvida, um desempenho positivo no mercado de títulos da dívida de países emergentes. Estamos vendo um quadro de estabilização", afirmou Durham.
Essa tendência, diz, deve se manter. A divulgação dos dados sobre emprego nos EUA ontem deve dar um empurrão na performance dos emergentes, pois o número de novos postos de trabalho ficou bem abaixo do esperado por analistas.
"Com esse desempenho fraco, os investidores começam a perder a confiança na solidez do crescimento. Isso vai reforçar o interesse nos títulos da dívida dos emergentes", avaliou Durham.
Esse compasso lento na criação de empregos nos EUA faz com que se preveja uma ação menos agressiva do Fed (banco central americano) no aperto da política monetária. Juros mais baixos nos EUA aumentam o apetite dos investidores por mercados com rentabilidade mais elevada.
"Estamos encorajados pela recente performance dos mercados emergentes", diz trecho de relatório para investidores produzido nesta semana pelo banco ABN Amro. Ainda segundo o banco, há indícios de que movimentos especulativos em posições de curto prazo estão diminuindo. Essa situação, avalia a instituição, está por trás de um movimento rumo "a um sentimento mais estável no mercado e com menos variações nos preços [dos títulos] e nos riscos [desses países]".
"O tom mais otimista desses mercados reflete a combinação de fortes resultados econômicos nesses países, especialmente no Brasil, e o menor grau de preocupação com relação a uma escalada desordenada na taxa de juros do Fed", sintetizou Mohamed El-Erian, da Pimco.
A corretora detém mais de US$ 390 bilhões em títulos da dívida de emergentes e de países ricos.
El-Erian também exibe otimismo com o Brasil. De acordo com ele, a estratégia é engrossar o volume de compra de papéis brasileiros. "Acreditamos na melhoria e na sustentabilidade das condições econômicas e financeiras do Brasil."


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